CRE projeta obras e reduz professores

Vale do Taquari

CRE projeta obras e reduz professores

Reformas em colégio da região asseguram melhores condições de ensino na rede estadual. Previsão é demitir até 40 professores contratados de forma emergencial devido à redução no número de alunos.

CRE projeta obras e reduz professores
Vale do Taquari

A 18 dias do início das aulas, 88 colégios estaduais definem os detalhes para o ano letivo. Nesta semana, a 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) enviou ao governo do Estado a lista de obras prioritárias para o Vale.

O órgão também definiu redução no quadro de professores, devido à queda no número de matrículas.  A crise financeira enfrentada pelo Piratini não impediu a realização de melhorias consideradas urgentes. Um dos maiores investimentos foi a reforma da Escola Santo Antônio (Ciep), em Lajeado, que recebeu mais de R$ 1,1 milhão.

O prédio construído nos anos 90, com capacidade para receber 900 alunos, apresentava graves problemas de infiltração e vazamentos. Com a parte elétrica comprometida, os incêndios na fiação eram frequentes. Além disso, apenas um dos banheiros tinha condição de uso.

A escola também chegou a ter mais de dois mil vidros quebrados por atos de vandalismo. Defeitos no telhado e na canalização da fossa causavam transtornos e, nos dias de chuva, a água invadia as salas de aula.

A reforma foi inaugurada em outubro do ano passado. Para o coordenador da 3ª CRE, Nelson Paulo Backes, hoje o Ciep é o colégio com maior infraestrutura da região. Segundo ele, o investimento é fundamental diante da expectativa de aumento no número das matrículas a partir da inauguração de um conjunto habitacional popular no bairro Santo Antônio.

“Serão quase 300 famílias vivendo muito próximas da escola”, ressalta. Outro investimento milionário foi realizado na escola de Ensino Médio Estrela, em Estrela. Ao todo, R$ 1,03 milhão foram empregados na recuperação do prédio.

A obra inclui a substituição do telhado, pisos, forros e da parte elétrica. Um novo bloco foi construído com banheiros feminino, masculino e um adaptado para cadeirantes, antes inexistente. Os alunos também terão um novo laboratório de ciências. Antes, as aulas eram realizadas em espaços improvisados.

A sala dos professores foram reformadas e os estudantes também terão um novo auditório. Os trabalhos estão praticamente concluídos e a obra deve ser inaugurada nos próximos dias.

Jacob Arnt

Uma das prioridades da 3ª CRE para este ano é concluir a reforma do ginásio da escola Jacob Arnt, em Bom Retiro do Sul, que recebe cerca de 700 alunos. Goteiras, piso esburacado e a fiação elétrica precária motivaram a interdição da estrutura em 2009.

Desde então, crianças das Séries Iniciais precisam dividir espaço no pátio com alunos maiores durante as aulas de educação física. A interdição foi sucedida por uma série de promessas de recuperação. Ainda em 2009, a escola foi contemplada com de R$ 120 mil por meio da Consulta Popular, mas o recurso nunca foi liberado.

Em 2012, obra foi incluída nos projetos emergenciais da Secretaria de Educação, orçada em R$ 400 mil. Porém os recursos não foram liberados.

Conforme Backes, faltam detalhes para a conclusão da obra, como a instalação de parte do piso e da parte elétrica do prédio. A expectativa é inaugurar a reforma ainda neste ano. O coordenador afirma que parte das dificuldades para concluir as obras no ano passado ocorreu devido à ausência de um engenheiro responsável na Coordenadoria Regional de Obras Públicas (Crop).

“Para este ano, já temos a nomeação de um profissional para o setor, dando mais celeridade ao processo”, assegura. Segundo ele, o profissional começará a atuar no mês de março.

Recursos atrasados

As escolas recebem mensalmente recursos livres para pequenos reparos. Chamada de Verba de Autonomia Financeira, tem valores definidos de acordo com o número de alunos atendidos. Porém, desde dezembro, o recurso não é depositado.

Para o coordenador da 3ª CRE, o atraso nesse período pode prejudicar pequenas manutenções, como reposição de vidros ou portas. Segundo ele, não existe previsão para a liberação dos recursos. “Por outro lado, muitos receberam melhorias por meio de outros projetos.”

Redução no quadro

A 3ª CRE prevê reduzir o número de professores contratados em relação a 2015. Conforme Backes, o motivo é a queda no número de matrículas. “No início do ano passado, eram quase 24 mil alunos. Neste ano, ainda não chegamos aos 20 mil”, ressalta.

A expectativa da coordenadoria é matricular pelo menos 22 mil alunos. “Na previsão mais otimista, serão dois mil estudantes a menos. Nos nossos cálculos, isso representa entre 30 e 40 professores demitidos.”

Conforme Backes, serão desligados profissionais que têm contratos emergenciais com o Estado. Segundo ele, mesmo com as demissões, os alunos devem iniciar o ano letivo com todos os professores necessários para o andamento das aulas.

De acordo com o coordenador, a redução no número de matrículas tende a se manter no próximos anos, tanto nas redes públicas quanto nos colégios particulares. Para Backes, a mudança ocorre por questões sociais, e exigirá novas adequações ao longo dos anos.

“As famílias não têm mais sete ou oito filhos como antigamente. Hoje a média no estado é de 1,6 filho por casal. Por isso, a tendência é diminuir”, aponta. A redução também provoca o fechamento de escolas, principalmente no interior. Das 92 escolas que iniciaram o ano letivo em 2015, quatro foram fechadas.

“Quem tem bons projetos é atendido”

A Hora – Quais as principais demandas para as escolas do Vale?
Nelson Paulo Backes – Em 2015 fomos atendidos pelo governo do Estado em uma série de pleitos históricos. Hoje temos sete obras em andamento, três são de quadras esportivas. Estamos iniciando a obra da quadra da Reynaldo Affonso Augustin, em Teutônia. É a segunda maior escola sob responsabilidade da CRE. Entre as prioridades, estão a construção de duas salas de aula em Fazenda Vilanova e de um novo bloco na Carlos Fett Filho, em Lajeado. Essa é uma demanda urgente, pois parte da escola funciona dentro de um CTG. Outra escola na qual está prevista a ampliação é a Barão de Ibicuí, em Taquari. Para Paverama, a intenção é construir um novo prédio.

A CRE prevê alguma reforma para este ano? Quais escolas são prioridade?
Backes – Está em estágio avançado a quadra esportiva da escola Guararapes, em Arroio do Meio. Faltam apenas o piso e a parte elétrica. Na mesma situação, está a Jacob Arnt, de Bom Retiro do Sul. A Antônio Leite Costa, de Taquari, foi totalmente recuperada, com previsão de entrega antes do início das aulas. Também estão previstas reformas nas escolas Monsenhor Scalabrini, em Encantado, Padre Fernando, em Roca Sales, Monsenhor Seger, em Travesseiro, Otávio de Faria, em Bom Retiro do Sul, Nova Bréscia, Nossa Senhora de Assunção, em Taquari, e Érico Veríssimo e Irma Branca, em Lajeado. Todas estão bem encaminhadas, dependendo apenas de Porto Alegre para ocorrer.

Um dos principais investimentos de 2015 foi a reforma do Colégio Santo Antônio (Ciep). Hoje a escola está pronta para o aumento de demanda a partir da inauguração do conjunto habitacional Nova Morada?
Backes – Empregamos R$ 1,1 milhão na escola. O Ciep está muito bonito e tem uma nova direção, eleita no fim de 2015. Esse tipo de mudança é sempre bom pois traz ideias novas. O colégio viverá uma nova era, porque se cada uma das 250 famílias do residencial Nova Morada tiver um filho teremos que organizar uma nova escola dentro do Ciep. Mas estamos prontos. É a melhor escola que temos, tanto em termos de construção quanto de organização.

Desde o início do governo Sartori, ficaram explícitas as dificuldades financeiras do Estado. Diante desse quadro, como assegurar investimentos na região?
Backes – Quem tem bons projetos é atendido. Na realidade, muito do dinheiro dessas obras não vem do caixa do Estado. Essas três quadras esportivas em andamento custaram R$ 1,3 milhão. Mas o recurso é do Banco Mundial. O Estado entra com 20%. Esse tipo de obra depende mais de captação. Se o RS tem recurso para 20 escolas por ano, quem tiver a proposta completa, detalhada e sem falhas é priorizado. Aí vem a dedicação do nosso quadro de funcionários da coordenadoria de obras públicas na elaboração desses projetos.

O quadro de professores da região está adequado para o ano letivo?
Backes – Nós podemos ter pequenas exceções. Mas, como estão sobrando professores, a expectativa é ter o quadro completo. Pode ocorrer em alguma escola do interior, mais distante, a falta de um ou outro educador para determinada matéria. Não é por falta de profissional e, sim, porque alguns não têm interesse de ir até a localidade. Mas são questões pontuais que vamos solucionar.

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