Hackers deixam portal de Sério fora do ar

Sério

Hackers deixam portal de Sério fora do ar

Grupo Anarchy Ghost alterou site, que ficou inacessível durante a manhã de segunda

Hackers deixam portal de Sério fora do ar
oktober-2024

Um grupo de hackers tirou o site da prefeitura do ar no início desta semana. Ao tentar acessar o portal, os usuários eram surpreendidos com uma página alternativa e impedidos de usar o serviço. Nela, mensagens e imagens em alusão a um personagem de um desenho animado.

Nem mesmo as medidas de segurança periódicas foram suficientes para evitar o ataque.

De acordo o técnico em informática, Ezequiel Ariotti, a ação só resultou em alterações superficiais no site. Segundo análise preliminar, os sistemas internos e as informações do Portal de Transparência não foram afetados.

Para ele, o motivo do ataque é um mistério e causou surpresa. Ainda durante a manhã, equipes tentavam restabelecer o serviço e a página foi retirada do ar para manutenção. À tarde, o site estava em operação, porém, com conteúdo incompleto. “Nenhum sistema hoje é totalmente seguro. A tecnologia de segurança usada é a mesma para órgãos públicos ou empresas.”

Maior incidência

Órgãos oficiais de municípios gaúchos têm sido alvos recorrentes de ataques virtuais. No ano passado, o grupo Black Devils tirou do ar o site oficial do governo de São Vicente do Sul, na Região Central. Ivoti, no Vale dos Sinos, teve sua página substituída por uma publicação dos hackers do Paradox Crew.

Em 2014, o grupo Anonymous suspendeu o acesso ao site da Câmara de Vereadores de Santiago. Na época, a justificativa para o ataque foi a falta de pagamento do servidor utilizado, além da corrupção. Julho de 2013 foi a vez da prefeitura de Santa Rosa. Em janeiro do ano anterior, o grupo Verinmaiden bloqueou o site oficial de Bagé.

Em novembro, o site da Central de Licitações do Governo do Estado também foi vítima desse tipo de ataque. Dois meses antes, o site estadual do PMDB havia sido invadido. Em ambos os casos, o grupo Asor Hack Team assumiu a autoria.

Além do portal oficial do órgão governamental, em 2011, o próprio site do IBGE foi invadido e precisou ser tirado do ar. Ao acessar o endereço virtual, os usuários se deparavam com a ameaça do grupo Firehacker de uma série de outros ataques do tipo.

Dois casos em investigação

Crimes virtuais considerados mais complexos são investigados pela Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos (DRCI). O órgão, ligado ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), existe desde a década de 2000 e conta com quatro policiais. Desde o segundo semestre do ano passado, ataques aos sites do município de Pantano Grande e do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) gaúcho são investigados.

Além do número limitado, há complexidade de origem de dados e identificação dos autores desse tipo de crime. O tempo exigido para Justiça autorizar a quebra de sigilo dos dados dos criminosos é outro agravante. Dependendo da avaliação judicial, as investigações ficam comprometidas, como no caso do PMDB, quando a quebra de sigilo foi negada.

Caso sejam identificados os autores, a pena pode variar de três meses a um ano, além de multa. Limitações no sistema de registro de ocorrências dificultam a formulação de estatísticas sobre esse tipo de crime. No estado, a Divisão de Planejamento e Coordenação (Diplanco) é responsável pela computação de dados, porém, muitas das ocorrências acabam sendo classificadas como outros crimes, outras fraudes ou invasão de dispositivo informático.

As mais comuns, segundo a delegada Roberta Bertoldo da Silva, envolvem golpes e fraudes para transferências bancárias. No entanto, com a difusão de programas de computadores e do conhecimento necessário para seu uso, a prática de hackear sites ganhou proporção por gerar reputação no meio digital, segundo ela.

Roberta compara o movimento ao estímulo de pichadores em anos anteriores. “São pessoas extremamente inteligentes e competitivas. Em muitos casos, é mais uma questão de concorrência mesmo. Esse tipo de crime evoluiu muito, existem até rankings virtuais para isso.”

Autopromoção

Em perfis nas redes sociais, o grupo Anarchy Ghost exibe os links de suas vítimas. Em publicação do fim de janeiro, ressaltava ataques à Assembleia Legislativa do Ceará, além do Portal do Servidor e o de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do mesmo estado. Na mesma página, ações envolvendo órgãos públicos e músicos de diferentes partes do país.

O momento de maior repercussão do grupo ocorreu em outubro, quando eles hackearam a página nacional do Partido dos Trabalhadores. Na época, o endereço apresentava mensagens anticorrupção e um vídeo satírico tendo a presidente Dilma Rousseff como principal personagem.

Cerca de uma semana depois da invasão do site do PT, a página do diretório mineiro do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) foi alvo de hackers. Dessa vez, o grupo Brazilian Cyber Army assumiu a autoria.

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