A arte marcial surgiu na vida de Gilberto Borges da Costa, 33, após um assalto. Em 2002, ele e um amigo estavam em Três Coroas e foram roubados. Ele tentou reagir. Acabou apanhando e ainda perdeu R$ 50.
Ao se mudar para Paverama – cidade de oito mil habitantes – Costa começou a treinar capoeira com o professor Alan Dupont. O objetivo era aprender a se defender.
Costa treinou cinco anos a arte marcial brasileira, até conhecer o muay thai e se transferir para a academia Dojo Alliance, em Teutônia. Foi na própria academia que ele viu pela primeira vez uma demonstração de hapkido, em 2012. “O Jaime Quint (mestre da Dojo Alliance) mostrou técnicas de defesa com faca. Era justamente isso que procurava para me defender.”
Em 2015, depois de se separar, Costa cogitou a possibilidade de participar de competições oficiais de hapkido. “Era uma válvula de escape.” Em setembro, disputou o Campeonato Brasileiro em Porto Alegre. Sem adversários, conquistou o primeiro título da recém-iniciada carreira sem precisar lutar.
“As lutas mais difíceis acabaram sendo as do treinamento,” destacou Costa em matéria divulgada pelo A Hora no dia 15 de outubro.
No Campeonato Mundial de Hapkido, disputado em dezembro em Porto Alegre, a situação foi diferente. Costa teve de enfrentar dois adversários colombianos. Ganhou as duas lutas por pontos e comemorou a medalha de ouro na categoria master, para atletas com até 70 quilos e com faixa verde.
Busca por patrocinadores
O título mundial repercutiu em Paverama e Costa recebeu homenagem da câmara de vereadores “por sua trajetória no mundo dos esportes”, como justificou o projeto apresentado pelo proponente Carlos Alexandre Dutra.
Aproveitando o “status”, Costa busca patrocinadores. Ele está selecionado para disputar os Jogos Mundiais de Hapkido, na Polônia, em 2017. Os custos da viagem, inscrição e hospedagem se aproximam de R$ 10 mil. Neste ano, ele disputará o Campeonato Gaúcho e a Copa do Brasil.
Hoje, Costa trabalha em uma empresa de laticínios e frequenta a Dojo Alliance duas vezes por semana. Além disso, investiu R$ 4 mil em uma academia improvisada na casa onde morava. O sonho é trazer mais títulos para o Vale do Taquari.
Além de Costa, outros quatro atletas da Dojo Alliance venceram a etapa mundial. “Isso é fruto de muito treino e experiência,” argumenta o mestre e também campeão mundial, Jaime Quint Demarco.
Outra justificativa para a supremacia da academia teutoniense é o fato de haver várias divisões entre peso, idade e faixa, deixando poucos atletas em cada categoria.
Reduto dos campeões
Jayme Quint Demarco
Idade: 35
Faixa: preta
Peso: 110 quilos
Marcelo Gotze
Idade: 30
Faixa: verde
Peso: 78 quilos
Nícolas Grave
Idade: 21
Faixa: azul
Peso: 70 quilos
José Augusto Kochen
Idade: 23
Faixa: branca
Peso: 110 quilos 
