As liquidações de início de ano começaram antes do previsto. Faltam três semanas para o Liquida Lajeado e o comércio varejista local estampa nas vitrinas descontos de 30% a 50%.
Quem apostou em liquidações antecipadas obteve bons resultados ao contrário do que foi registrado no mesmo período do ano passado.
A regra é manter o cliente na loja e ampliar o fluxo de caixa para renovar as mercadorias. Bom para o consumidor, que normalmente faz pesquisa prévia dos preços. Se em janeiro de 2015 os resultados ficaram abaixo do previsto, neste ano, o movimento melhorou, embora aquém do esperado. Para manter a casa movimentada, os lojistas abrem mão de boa parte da margem de lucro.
De acordo com a lojista Tatiana Feliceti, o início do mês surpreendeu devido a um movimento atípico, em um momento sem grandes promoções. Segundo ela, houve um crescimento de 15% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado.
Na última semana, entretanto, as vendas reduziram novamente. “Isso se deve ao próprio Liquida Lajeado, pois muitas pessoas esperam para comprar depois.” Gerente de uma loja de confecção feminina faz nove anos, Vanderlei Pohl, 35, comemora a casa cheia. É que nesta época os descontos facilitam o despacho das mercadorias, esvaziando as prateleiras para renovação do estoque. “Não podemos parar nunca. É preciso se antecipar na troca da estação.”
A gerente de uma pequena grife na Júlio de Castilhos, Tauana Weber, 17, apostou no desconto de 50% em algumas peças. Segundo ela, o movimento não significa necessariamente venda, mas pesquisa de preço. “A gente perde a margem de lucro, mas liberamos espaço para trazer novidades.”
A professora Patrícia Junges, 35, esperou passar o fim de ano para comprar um vestido para formatura. A peça, antes no valor de R$ 139,90, saiu por R$ 69,95. “Vale a pena esperar.”
Antecipação não enfraquece campanha
Segundo o presidente da CDL de Lajeado, Heinz Rockenbach, as liquidações antecipadas são normais nesta época. Depois do Natal e do Ano- Novo, é uma forma estratégica de os lojistas fazerem fluxo de caixa. Ele afirma que o início do ano, com algumas exceções, foi de recessão.
O comércio sentiu os efeitos da crise econômica nas primeiras semanas, principalmente no atendimento de porta. Mesmo sendo tradicionalmente mais baixas as vendas, neste ano, a procura foi ainda menor. Faltando pouco menos de um mês para o Liquida Lajeado, as promoções adotadas pela maioria dos lojistas afeta, mas não prejudica a campanha prevista. “Entendo que as férias deixaram o movimento escasso e é preciso manter a casa.”
De acordo com Rockenbach, o movimento não corresponde venda, mas se torna necessário. “A pesquisa de preço evita as liquidações ilusórias, aquelas em que o lojista sobe o preço antes, para baixá-lo depois.” Ele destaca a importância do giro de clientes pelas ruas, mantendo a movimento e atraindo mais consumidores para os pontos de venda.
Mas nem todas as promoções podem ser benéficas. Para ele, fazer liquidação de material escolar nesta época, por exemplo, não vale a pena. “Isso vende de qualquer maneira.” Segundo o presidente, é difícil frear essas liquidações antecipadas e direcionar promoções coletivas. “Nós pedimos para esperar, mas cada um sabe o que é melhor para o seu negócio.”