A Agência Nacional do Petróleo (ANP) divulgou pesquisa atualizada sobre os preços cobrados pela gasolina no Estado. Os postos de Lajeado foram os únicos do Vale do Taquari incluídos no levantamento.
Em média, o litro do combustível foi registrado a R$ 3,86 na cidade. O valor é quase R$ 0,30 mais alto em relação à última semana de 2015, antes da mudança nos patamares de ICMS determinada pelo governo estadual. No acumulado dos últimos 12 meses, o preço cresceu cerca de R$ 0,90.
Para os proprietários de empresas com frotas de veículos, a alta do ICMS pressiona as taxas de lucratividade e pode resultar em aumento no preço cobrado por produtos e serviços. Para aqueles cujos negócios têm valores tabelados pelo governo, o aumento não pode ser repassado.
É o caso de Loraci Silvana Griesang, 60, dona de uma frota de táxis. “Essa alta no tributo foi exagerada, pois a gasolina já estava muito cara”, avalia. Para ela, a elevação terá de ser absorvida pelos taxistas, para evitar a redução da clientela. “Mesmo se pudesse aumentar o preço da corrida, não iria resolver”, acredita.
Com 19 anos de profissão, Loraci afirma que a atividade demanda de muitas horas de trabalho para ser sustentável por conta da ampliação dos custos. Segundo ela, o próprio rendimento do combustível diminuiu ao longo do tempo, devido ao aumento da mistura de etanol. “O táxi precisa existir, mas hoje está difícil de obter algum lucro”, sentencia.
Outro segmento pressionado pela alta dos preços é a dos Centros de Formação de Condutores (CFCs). Empresário do ramo, Cesar Schardong, 50, calcula em 30% o crescimento total dos custos operacionais em relação ao início de 2015.
“A gasolina representa a nossa maior despesa, ao lado da folha de pagamento dos funcionários”, ressalta. Conforme Schardong, o Detran determinou o reajuste das tarifas para o próximo ano seguindo os parâmetros da inflação, sem considerar a elevação das despesas específicas dos CFCs.
Opção econômica
Proprietário de uma mecânica de motocicletas, Jonatan Duarte relata crescimento na procura pelo serviço devido aos frequentes aumentos na gasolina. Segundo ele, a maior parte dos novos clientes é composta por trabalhadores que desistiram de usar o carro no dia a dia. Conforme Duarte, o serviço que mais cresceu foi o de recuperação de motos que estavam paradas nas garagens. “São pessoas que compraram carro nos últimos anos e com isso deixaram de andar de motocicleta. Agora, optam por mais economia”, afirma.
Margens distintas
Conforme o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis (Sulpetro), a diferença de preços entre os postos de gasolina é causada pelas distribuidoras. Em nota, afirma que valores de venda no atacado chegam a diferenças de R$ 0,15 a R$ 0,30 na mesma cidade.
Segundo o levantamento da ANP, em Lajeado, a variação chega a R$ 0,20. O menor preço de compra registrado pelos postos pesquisados foi de R$ 3,284, enquanto o maior chega a R$ 3,482. “O posto revendedor de combustíveis é o último elo dessa cadeia e o mais frágil”, diz a nota da Sulpetro. Conforme o sindicato, o aumento da gasolina resulta em prejuízo aos postos, devido à queda no volume de vendas.
Conversões para GNV
Dados da Companhia de Gás do RS (Sulgás) apontam crescimento no número de conversões de motores para gás natural. Conforme a entidade, no último trimestre de 2015, mais de 700 veículos foram incluídos na frota com GNV no estado, que hoje tem 61.449 veículos.
Conforme a companhia, o motivo para o investimento é a variação menor no preço do combustível em relação aos demais. Enquanto o álcool subiu, em média, 42% nos últimos 12 meses e a gasolina 30%, o gás teve 17% de acréscimo.
Conforme o presidente da Sulgás, Claudemir Bragagnolo, além de ser mais barato, o gás veicular tem maior rendimento em relação aos outros dois combustíveis e proporciona menos desgaste ao motor. O Kit de conversão recomendado pela companhia custa entre R$ 4 mil e R$ 4,5 mil.