Governo encerra repasse ao Ensino Superior

Lajeado

Governo encerra repasse ao Ensino Superior

Decisão veio por meio de Adin, julgada procedente pelo Tribunal de Justiça do Estado

Governo encerra repasse ao Ensino Superior

A Lei Orgânica (LO) será alterada mediante uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pela administração municipal.

Após o setor jurídico garantir autonomia para o prefeito viajar sem necessidade de avisar o Legislativo, outro processo derruba a obrigatoriedade do governo repassar até 1% do orçamento anual da educação para bolsas no Ensino Superior.

O processo foi julgado pelo pleno do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS) nessa terça-feira. Por unanimidade, a Adin foi considerada procedente. Antes disso, o Legislativo havia reprovado a alteração.

A determinação para destinar percentual de, no mínimo, 1% ao Ensino Superior de Lajeado, com pagamento em 12 parcelas mensais, foi instituída na década de 90. Conforme a LO, os valores deveriam ser aplicados em auxílio a alunos carentes, residentes no município, mediante comprovação de uma equipe de avaliadores.

O último repasse do município à Univates, realizado por meio do Programa Bolsa Carência – renomeado de Programa Municipal de Bolsas ao Ensino Superior (Probes) –, ocorreu em 2014. Naquele ano, a Secretaria de Educação havia ofertado R$ 405 mil para alunos carentes.

O edital teve pouca adesão. Só oito estudantes se candidataram e apenas R$ 20 mil foram utilizados no custeio dos estudos. O restante do recurso foi devolvido pela Univates aos cofres do município. No ano seguinte, não houve sequer concorrência para o rateio do benefício.

Para o assessor jurídico do Executivo, Edson Kober, o repasse foi criado em uma época que havia poucas opções de bolsas aos estudantes lajeadenses. “Não havia o ProUni, por exemplo. São programas novos que hoje suprem a necessidade do município ter que custear o Ensino Superior.”

Segundo Kober, com o fim da obrigatoriedade, sobrará recursos para investimentos na Educação Infantil e Fundamental. “Essas, sim, de real obrigação do poder público, conforme dita a legislação federal”, atesta, afirmando ainda que a própria Univates não demonstrava mais interesse nesses repasses. “Foram diversas reuniões com a reitoria. E o entendimento deles é o mesmo.”

Univates aguarda notificação

No ano passado, o Centro Universitário Univates já não abriu o edital para atender os alunos bolsistas. Agora, após a decisão judicial, a reitoria só espera por uma notificação oficial por parte do município para encerrar com o programa.

“A Univates tem acompanhado o panorama econômico e entende que alguns processos precisam de mudanças para beneficiar setores da educação que dependem exclusivamente dos recursos do município”, afirma o professor Carlos Cyrne, vice-reitor e presidente da Fuvates.

Desde 2010, por meio do Bolsa Carência – ou Probes –, o município repassou quase R$ 1 milhão à Univates. Os recursos resultaram em 547 bolsas neste período. Em 2012, matéria do jornal A Hora apresentou falhas do programa. Na época, o então presidente do Diretório Central de Estudantes (DEC), que era assessor parlamentar, havia omitido renda de R$ 5,4 mil para garantir o benefício.

Desde então, a Univates e o município alteraram critérios para seleção dos bolsistas. Entre as mudanças, criou-se a necessidade de contrapartida pelo aluno, que consistia na realização de algumas horas de trabalho em escolas públicas. Em 2014, de 162 vagas, só oito foram ocupadas.

Valores e números de beneficiados

2010: R$ 310 mil – 207
2011: R$ 311 mil – 191
2012: R$ 351 mil – 141
2013: R$ 405 mil – A seleção e o repasse ocorreram em 2014. Foram utilizados só R$ 20 mil, pois foram poucos alunos inscritos. O restante foi devolvido ao Executivo.
2015: não houve repasse.

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