O interesse pelo voleibol veio da família. Na adolescência, Rodrigo Rother treinava com o pai e professor do Colégio São Miguel, Rogério. Aos 17 anos, chegou a disputar competições profissionais com o Bira, de Lajeado. Passou ainda por clubes como o Novo Hamburgo e Olímpicos, do Rio de Janeiro.
Entretanto, após iniciar o curso de Educação Física, Rother optou por ser técnico. Primeira oportunidade foi dar aulas nos projetos de vôlei de Arroio do Meio.
Com o término dos projetos, ele e o amigo Guilherme Marder abriram o Centro de Treinamento Esportivo (CTE). Nas competições, as equipes arroio-meenses começaram a se destacar, inclusive, ganhando de equipes federadas. Os resultados geraram o interesse do Colégio Martin Luther. Em 2000, ele foi convidado pelo conterrâneo Marcelo Sehn para auxiliar na estruturação das categorias de base de voleibol ao lado de Sandro Tomasi.
Logo no primeiro ano, em 2001, o Martin Luther conseguiu duas medalhas no campeonato estadual: de segundo colocado e terceiro colocado. “Isso mostrou para todo mundo que estávamos fazendo um trabalho sério.” Quando as primeiras atletas começaram a ser convocadas pela seleção gaúcha, Rother pagou para acompanhá-las nas competições. Em 2002, foi convocado para fazer parte da comissão técnica. Quatro anos depois, tornou-se o treinador da infanto-juvenil.
No comando da categoria, Rother conquistou um título nacional inédito para o voleibol gaúcho. Isso ocorreu em 2014, após o time ficar com a segunda colocação em quatro oportunidades (2007, 2010, 2012 e 2013). “Foi muito marcante, pois fomos quatro vezes para a final e perdemos. Foi algo histórico para o estado.”
Além dos títulos, Rother também forma talentos. Pelas mãos dele, passaram jogadoras da Superliga Nacional. Entre elas: Franciele Stédile (Renata/Valinhos), Andressa Kracheski (Bauru), Domingas Araújo (Brasília Vôlei), Carla Reginatto e Paula Mohr (São Bernardo).
Edição 2016
Na semana passada, Rother e as 24 atletas convocadas para a equipe gaúcha iniciaram a preparação para a edição 2016 do Campeonato Brasileiro de Seleções. Os treinamentos ocorrem em Estrela, no ginásio do Colégio Martin Luther.
A competição reúne oito seleções separadas em dois grupos. O estado joga na chave A contra São Paulo, Pará e Paraná. Na chave B, estão Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso. Na fase classificatória, os dois melhores de cada grupo avançam.
Para Rother, será uma das edições mais equilibradas dos últimos anos por ser realizada no começo da temporada – isso ocorre devido às Olimpíadas. “As equipes vão ter pouco tempo para se preparar. Então todos estarão nivelados.” Ele aponta o Rio de Janeiro e Pará como os principais adversários.
“Quero que Estrela se torne um centro de referência do vôlei”
Jornal A Hora – Qual sua opinião sobre o vôlei gaúcho?
Rodrigo Rother – Somos referência na formação de atletas. O que não conseguimos ainda, ao menos na categoria feminina, é ter uma equipe profissional na Superliga. Isso reflete na necessidade das atletas da base saírem, pois aqui não tem uma equipe para se profissionalizarem. No mais, o vôlei gaúcho carece de investimentos.
Esses são aspectos negativos. De aspecto positivo, no RS tem um biotipo físico privilegiado pela colonização de diversos povos.
Além do trabalho no Martin Luther e na seleção gaúcha, você também está na presidência da Avates. Há interesse dessa entidade em voltar a ter uma equipe profissional?
Rother – A gente tinha uma equipe adulta feminina por cinco anos. Fomos pentacampeões gaúchos e ganhamos o Campeonato Brasileiro Universitário, um título inédito para o estado. Infelizmente não conseguimos dar o passo além, que era ir para a Superliga. A gente bateu na trave e não conseguiu por questões financeiras.
Tínhamos projetos mais recentes para arrecadar verbas pela lei de incentivo estadual, mas com a extinção da Fundergs esse plano foi por água abaixo.
Um sonho?
Rother – Quero que Estrela se torne um centro de referência do vôlei. Que possamos ter uma equipe adulta de novo e que as atletas possam ingressar na nossa categoria de base e ter perspectiva de chegar num vôlei profissional, tendo como diferencial a possibilidade de estudar enquanto têm a formação esportiva. Que nós possamos ter profissionais qualificados para repassar conhecimento às crianças e que tenhamos apoio do poder público e privado.