Alimentação saudável: chega de desculpas

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Alimentação saudável: chega de desculpas

Com a praticidade dos serviços de tele-entrega, é fácil criar hábitos alimentares saudáveis. A mudança é questão de escolha e o tempo de adaptação deve ser respeitado

Os compromissos, responsabilidades e rotina corrida são os maiores empecilhos para se alimentar de maneira saudável. As comidas prontas, baratas e, na maioria das vezes, não saudáveis, prometem o necessário: rapidez. Mas o resultado pode ser danoso a longo prazo, comprometendo a saúde.

Ao perceber essa necessidade, empresários de Lajeado criaram serviços de tele-entrega de saladas e outros pratos saudáveis. E tem dado certo. A grande procura faz as iniciativas se estabelecerem no mercado e mudam hábitos alimentares de moradores do Vale do Taquari.

Segundo a nutricionista Greice Appelt, alimentação saudável é aquela que supre as necessidades de energia, proteínas, lipídios e micronutrientes do corpo. Esses agem no funcionamento de todos os sistemas corporais. “Alimentação é o substrato da vida. Fornece tudo aquilo que o corpo precisa.”

Além da imunidade e prevenção de doenças com pré-disposição genética, a alimentação saudável age no humor, sexualidade, fertilidade, capacidade de concentração, aprendizagem, crescimento (de crianças e fetos na gestação) e em benefícios estéticos.

Praticidade combinada à saúde

A empresa Kadu Saladas, de Kadu Lúz, surgiu em Lajeado por meio de brincadeiras com os amigos. Eles sempre pediam para ele preparar saladas durante os almoços e jantares da turma. Mas há quase seis meses o passatempo se tornou algo sério. “Deram a ideia de eu fazer para levarem para o trabalho e aí a demanda cresceu.”

Juntando o colorido dos alimentos e o sabor, a intenção era fazer pratos que realmente saciassem a fome e fossem gostosos. Hoje o cardápio é composto por saladas, almoços e lanches, com produtos integrais, vegetais e com proteína. Os doces também não ficam de fora: sucos, açaís, frutas picadas. Tudo para suprir as refeições até o fim da tarde, garante Lúz.

Por perceber a correria e pressa dos clientes, optou por utilizar uma das ferramentas mais famosas de bate-papo, o WhatsApp. “É fácil, gratuito e direto.” Os pedidos são todos feitos de manhã. Isso para manter o frescor dos ingredientes. “Sempre há os esquecidos, por isso, faço unidades a mais.”

Para Lúz, comer de maneira saudável é comer de tudo, mas com moderação. “É saber a hora certa de se alimentar.” Quem procura seus produtos geralmente são pessoas que já passaram por problemas de saúde e querem melhorar. Seu objetivo é fazer com que criem a consciência antes que seja realmente necessário. “O ideal seria prevenir.” A aceitação do serviço é boa. A clientela é composta em sua maioria por gestantes, atletas, crianças, adolescentes e idosos.

Qualidade de vida

Com foco em qualidade de vida, alimentação saudável sempre foi prioridade para Caroline Lima Silva. Combinado a isso, deixou de consumir carne há 20 anos. A adaptação foi e ainda é difícil, conta. “Na maioria das vezes, preciso preparar minha própria comida.” Em restaurantes, a opção é por locais com variedade de bufê, que disponham de bastante salada.

A alimentação balanceada só trouxe benefícios a Caroline. Por praticar corrida, os resultados são sentidos no fôlego, mantido com facilidade. A vitalidade e força para suportar a rotina são parte importante. Na maioria das vezes, as pessoas pensam que Caroline é mais nova do que aparenta. “Esse não é o objetivo, mas acaba fazendo parte do resultado.”

Segundo a nutricionista Greice, para não cair na tentação de uma refeição rápida mas não saudável, basta organização. Na nutrição, usa-se o termo reeducação alimentar. Quanto maior o planejamento, mais fácil e barato fica. “Joga-se muita comida fora por não se pensar com antecedência no que se vai comer.”

Planejar as compras do mercado, organizar geladeira e dispensa, deixar opções prontas ou pré-prontas no freezer, saladas já higienizadas para consumo são alternativas. O comportamento padrão é chegar em casa e comer o que tiver pela frente. “Então, é mais prático deixar tudo encaminhado antes.”

Para abandonar velhos hábitos alimentares, é preciso criar consciência, diz Greice. “As tantas restrições fazem com que alimentação saudável seja uma utopia para muitas pessoas. Então, vá com calma.” O importante é incluir pelo menos alguns itens saudáveis na dieta, finaliza a nutricionista.

Os desafios do sem glúten e lactose

A ideia de trabalhar com alimentação saudável surgiu para Roberta Thomé, da Cheiro Verde, pela dificuldade em encontrar o segmento em Lajeado. O objetivo era levar saúde e praticidade aos clientes. “O que comemos pode afetar humor, sono, concentração e memória.” A qualidade de vida está relacionada a uma alimentação equilibrada, opina.

Para o almoço e jantar, as encomendas são feitas por telefone e WhatsApp. O cardápio fixo é semanal, e depende da estação do ano. Dessa forma, Roberta aproveita melhor os legumes, verduras e frutas da época, mais saborosas e saudáveis.

A intenção inicial era fazer saladas e caldos para almoço e jantar. Mas Roberta logo percebeu a necessidade de adicionar produtos para sobremesa e lanches. Foi quando atentou ao alto percentual de clientes intolerantes ao glúten e à lactose. “Foi assim que surgiu a linha funcional, que alia produtos sem glúten, lactose e com a biomassa.”

A biomassa de banana verde é a massa obtida ao se cozinhar e bater a banana ainda verde. A vantagem do consumo da fruta nesse estágio é o amido presente na polpa, que ainda não se transformou em açúcar, como na fruta madura. Por isso, não engorda quando absorvido pelo organismo.

A quantidade de fibras na biomassa é grande. “O diferencial é que pode substituir vários ingredientes.” Praticamente não tem sabor e atua aumentando o volume e dando consistência às receitas. Trabalhar com produtos com restrição de glúten, lactose e conservantes é um desafio, conta Roberta. “Geralmente, as receitas ficam mais secas e pouco saborosas.” Por isso, foi necessário buscar cursos que a ensinaram a equilibrar as farinhas sem glúten com o sabor buscado.

Facilidade de manter hábitos alimentares

Aos 18 anos, Fernanda Muller Lermen sofria com sobrepeso. A convite do pai, procurou ajuda para emagrecer e consultou com nutricionista. Durante meio ano, perdeu em torno de dez quilos cuidando somente da alimentação e praticando exercícios físicos.

Há 13 anos, mantém essa rotina. A época coincidiu com a fase do vestibular. Os hábitos saudáveis e a profissão a conquistaram. Decidiu prestar vestibular para Nutrição e faz oito anos atua como profissional na área. Para ela, a dificuldade da maioria está em mudar a rotina e achar tempo para levar uma vida saudável.

“Isso exige muita organização.” E ainda, após a mudança, é necessário manutenção dos hábitos. Por isso, é importante aceitar que o sobrepeso exige cuidado para o resto da vida.Por isso, a iniciativa dos serviços de tele-entrega de alimentos saudáveis é bem-vinda.

“Até pouco tempo, esse mercado era escasso e hoje se encontra em expansão.” Agora, fica até mais fácil manter hábitos alimentares saudáveis. Greice também apoia a iniciativa. Ela mesma disponibiliza refeições balanceadas prontas para consumo. Se congeladas, podem ser conservadas por até três meses sem produtos químicos.

Segundo ela, comprar alimentos prontos deixou de ser um luxo e se tornou necessidade.Para a nutricionista, a alimentação saudável passou a ser uma escolha. “As possibilidades estão por toda parte.” Substituir alimentos danosos à saúde por outros saudáveis é uma das melhores maneiras de se adaptar, finaliza.

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