Sem chuva, produtor vive sob tensão

Vale do Taquari

Sem chuva, produtor vive sob tensão

Lavouras de milho e soja dependem de água urgente para evitar perdas maiores

Sem chuva, produtor vive sob tensão

Falta chuva em diversas regiões gaúchas, ao contrário do que aconteceu no início da safra, no segundo semestre de 2015. O acumulado de janeiro chega a 39,4 milímetros (mm) no Vale, quase 1/3 do previsto para o mês.

Sem água e com muito calor, lavouras de milho e soja, em especial aquelas retardadas pela grande umidade na época de plantio, começam a apresentar prejuízos.

A família Beuren, de Santa Clara do Sul, cultiva 440 hectares de soja e outros 40 de milho. De acordo com Martin, 23, caso não chova dentro de uma semana, boa parte da safra será perdida. A lavoura de milho ainda está na fase de formação das espigas. “Se as plantas não receberem água nos próximos dias, cerca de cinco hectares serão perdidos. De qualquer jeito o resultado ficará abaixo do necessário.”

A maior apreensão ocorre com a safra de soja, pois boa parte do milho está colhida. Conforme Martin, grande parcela das plantas está na fase de formação das vagens. “É imprescindível que chova de forma regular neste período, mas estamos há duas semanas sem instabilidades.”

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Na projeção da família Beuren, caso as chuvas não voltem a ser recorrentes, as lavouras de soja devem apresentar perdas superiores a 20%. “A instabilidade foi muito positiva no fim do ano passado e as plantas acabam se acostumando. Como o tempo ficou seco de uma hora para a outra, o impacto é ainda maior.”

Situação semelhante enfrenta o aposentado Nelson Orlando Ruppenthal, 69, morador de Conventos, em Lajeado. A maioria das plantas cultivadas na propriedade morreu devido ao calor intenso, em especial hortaliças. “Em uma semana de sol forte, todas as couves-chinesas, por exemplo, secaram.”

Diante do grande volume de chuva no período de plantio do milho, no segundo semestre de 2015, a lavoura de Ruppenthal ficou inacessível e ele precisou retardar o início do cultivo para novembro. Plantou apenas meio hectare, para a manutenção da propriedade. De acordo com ele, as plantas não desenvolveram o suficiente e sofrem com o sol forte e a falta de chuva.

Previsão alivia preocupação

Boletim divulgado nesta semana pela Emater aponta para o deslocamento de uma frente fria a partir da próxima terça-feira. A condição deve provocar chuvas em todas as regiões gaúchas, com valores entre 20 mm e 35 mm. “Existe, sim, uma grande apreensão dos agricultores, mas ainda precisamos aguardar como ficará o tempo nas próximas semanas para avaliar perdas”, aponta o assistente técnico estadual em Culturas da Emater/RS-Ascar, Alencar Rugeri.

Segundo o técnico regional na área de Organização Econômica, Alano Tonin, o fenômeno El Niño favoreceu o cultivo. Ocorreram apenas perdas pontuais, garante, em que alguns produtores precisaram repor adubo e ureia ou até replantar pequenas áreas. Na avaliação dele, as altas temperaturas e menores índices de chuva devem influenciar pouco no resultado, pois a maioria está em fase final de enchimento de grãos.

Caso a previsão de volumes baixos de chuva até a primeira quinzena de fevereiro se confirmar, algumas áreas podem registrar perdas localizadas. Não pode faltar umidade entre as fases de florescimento e pendoamento, aponta. “Com as boas precipitações, as plantas fixaram as raízes na superfície. Com os dias de calor, logo sofrem.”

De acordo com da Emater Regional de Lajeado, neste primeiro ciclo, foram cultivados 34.820 mil hectares para produção de grãos, cuja estimativa de rendimento é de 5.214 quilos por hectare. Outros 40,6 mil hectares foram cultivados para confecção de silagem. A produtividade chega a 31 toneladas por hectare.

Excesso de chuva em 2015 retardou plantio. “Agora as plantas sofrem mais”

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