Embora a maioria das indústrias tenha iniciado a compra de tabaco, os produtores preferem estocar o produto à espera de uma melhor remuneração.
Segundo a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), apenas 5% da safra já foi comercializada. Para fevereiro, é esperado um aumento na entrega.
Com uma quebra de até 20% neste ciclo devido à ocorrência de granizo e excesso de chuva na Região SUl, a projeção é de aumento no preço da arroba. A média obtida pelos fumicultores que já comercializaram o produto chegou a R$ 140.
Entre agosto e dezembro, foram 37 mil notificações de danos em lavouras de tabaco nos três estados. O número é 47% maior do que o registrado na safra passada, quando 25,1 mil plantações foram atingidas pelo granizo.
De acordo com o presidente da Afubra, Benício Werner, o fumicultor reivindica um aumento de 17,7%. Nas duas reuniões entre os sindicatos que representam a classe e as indústrias, não houve acordo. A tendência é de uma nova rodada de negociações no fim deste mês e início de fevereiro.
As propostas das empresas variaram entre 9,12% a 12%, sobre as tabelas praticadas na safra passada, o que desagradou a representação dos agricultores. A Souza Cruz reajustou o valor em 9,5% e a Philip Morris Brasil, em 12%. “Quando a safra estiver quase finalizada, teremos números mais reais e com isso aumenta nosso poder de negociação.” A colheita está estimada em 580 mil toneladas. Na safra 2014/15, a produção chegou a 698 mil toneladas.
Menor produtividade
O El Niño, que provocou aumento da umidade, prejudicou a safra ao reduzir o peso das folhas. É o caso da lavoura cultivada por Ginésio Kist, em Venâncio Aires. Neste ciclo, foram cultivadas 25 mil plantas no sistema orgânico. A estimativa é de colher em torno de 125 arrobas. “A quebra chega a 50% em função da chuva. Com a oferta menor, esperamos uma melhor remuneração.” Na safra passada, a média ficou em R$ 180 por arroba.
Por ser orgânico, o preço é 60% maior do que o recebido pelo tabaco convencional. O produto colhido está estocado no galpão, como ocorre nas propriedades vizinhas. Enquanto finaliza a colheita, Kist aguarda representantes da indústria. “Queremos negociar um preço melhor.”
Além da perda de peso devido ao excesso de umidade, as altas temperaturas queimam as folhas na lavoura. Segundo o fumicultor, a qualidade será inferior. “É preciso muito cuidado na hora da cura, do contrário, as folhas ficam escuras. Na esteira, isso desvaloriza o produto.”