Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, mostram redução de 1.025 postos de trabalho entre janeiro e novembro do ano passado na microrregião de Lajeado/Estrela, composta por 31 municípios. No país, o saldo ficou negativo em mais de um milhão.
Números relativos a dezembro ainda não foram compilados. Mesmo assim, 2015 deve fechar no vermelho. Com isso, a microrregião termina pela primeira vez desde o detalhamento das informações, em 2007, com a geração de empregos abaixo do saldo de demissões.
O setor de confecção de calçados manteve o saldo positivo nos três primeiros meses do ano. Depois disso, de abril a novembro, todos fecharam no negativo (veja detalhes no infográfico). As áreas de vendedor de comércio varejista e preparador de calçados foram as que mais apareceram com saldos no vermelho em 2015.
Em Estrela, por exemplo, o número de demissões superou em 791 o de contratações. A maior variação ocorreu nas vagas de auxiliar-geral de conservação de vias, com postos de trabalho a menos. Na sequência, aparece a função de auxiliar de escritório, cujo saldo negativo ficou em 50.
Lajeado tem a segunda maior variação. De janeiro a novembro, foram admitidos 13.202 trabalhadores, e demitidos outros 13.691 – saldo de negativo de 489. Cidade com grandes empresas voltadas ao abate de animais, justamente nesse setor acumulou o pior resultado. A função de magarefe contabilizou redução de 102 postos de trabalho. Em seguida, a área de vendedor de comércio varejista, com 89 vagas a menos.
Em cenário semelhante está Taquari, onde o saldo negativo de empregos ficou em 240. Nesses 11 meses, foram criadas 1.523 vagas e encerradas outras 1.763. Embora o saldo de demissões supere o de admissões em todo o estado, o Sistema Nacional de Empregos oferta 52,9 mil vagas de emprego nas agências gaúchas. No Vale do Taquari, empresas da região buscam por 156 profissionais para diferentes segmentos.
5,6 mil seguros-desemprego
Nesse mesmo período, a Agência do Sistema Nacional de Emprego (Sine) de Lajeado, a principal do Vale do Taquari, encaminhou 5.603 seguros-desemprego. De acordo com a agência, o número não inclui apenas trabalhadores da cidade, mas de diversos municípios da região.
Julho foi o mês com maior quantidade de seguros: 644. O número representa quase o dobro da soma de janeiro e fevereiro, meses com menor índice de 2015. Conforme dados divulgados nesta semana pelo governo do Estado, entre 1º de dezembro e a última segunda-feira, foram realizadas 12.483 solicitações de agendamento de seguro-desemprego no RS.
O governo destaca que o seguro-desemprego só é encaminhado nos casos em que não são encontradas vagas compatíveis com o perfil do profissional demitido no Sistema Mais Emprego. Ele é concedido aos trabalhadores dispensados sem justa causa, que não recebem qualquer benefício previdenciário de prestação continuada, exceto auxílio-acidente, auxílio-reclusão e pensão por morte; e não têm renda própria.
Preocupação
Relatório divulgado nesta semana pela Organização Mundial do Trabalho (OIT) aponta que um em cada cinco novos desempenhos do mundo neste ano e em 2017 virá do Brasil. De acordo com a entidade, 700 mil brasileiros se somarão ao contingente de desempregados até o próximo ano, de um total que pode chegar a 3,4 milhões de trabalhadores no planeta.
Economias emergentes como a brasileira, destaca o relatório, serão as mais afetadas pelo desemprego neste ano. A OIT alerta para a possibilidade de uma acentuação no problema caso esses países (emergentes) adotem medidas de austeridade. A entidade estima que o desemprego no Brasil será de 7,7% neste ano e 7,6% em 2017, índices abaixo da União Europeia. A média geral dos países emergentes, conforme projeções da OIT, ficará abaixo de 6%.