Cosuel apresenta novo complexo industrial

Arroio do Meio

Cosuel apresenta novo complexo industrial

Após tratativas com municípios gaúchos e de outros estados, a Dália Alimentos oficializou a instalação do novo abatedouros de frangos em Arroio do Meio. O investimento previsto supera os R$ 80 milhões e inclui a construção de uma fábrica de rações, uma de farinha, além de um projeto associativo para a produção animal

Cosuel apresenta novo complexo industrial

Aíntegra da proposta foi apresentada ontem, em reunião na prefeitura. A administração municipal empregará R$ 2,2 milhões para a aquisição da área e serviços de terraplanagem. O projeto de lei para o incentivo foi enviado ao Legislativo para análise dos vereadores.

A tendência é de aprovação na câmara até o dia 11 de fevereiro. Após, a cooperativa ingressará com propostas de financiamento junto ao BRDE e o BNDES. Caso os trâmites sigam no tempo esperado, as obras devem começar no início de 2017, com previsão de conclusão de três anos.

O complexo será construído em duas fases. Ao fim da primeira, a projeção de faturamento anual chega a R$ 128,8 milhões ao ano, somente no abatedouro. Na fábrica de rações, a previsão alcança R$ 61,8 milhões e na de farinha, R$ 12,3 milhões.

Na segunda fase do projeto, a pretensão é ampliar a estrutura e dobrar o número de abates, alcançando um faturamento total de R$ 331,7 milhões ao ano. A capacidade de produção estimada é de 2,2 milhões de frangos por mês. Ao todo, 540 postos de trabalho serão criados com a estrutura.

Negociação

De acordo com o secretário de Indústria e Comércio do município, Norberto Dalpian, o processo de negociação com a cooperativa foi longo, devido ao interesse de outros municípios, como Estrela, Venâncio Aires e Cachoeira do Sul.

“A logística nos favorecia, mas logo tivemos a concorrência de outros estados, como Paraná e São Paulo, que tem vantagem nesse quesito”, lembra. Para o secretário, a instalação em Arroio do Meio só se concretizou graças à idoneidade da empresa e o histórico relacionamento da cooperativa com o município.

Conforme o superintendente da Dália, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, o agronegócio gaúcho perde em competitividade em relação aos demais estados. “Temos graves problemas de logística, além de desvantagens fiscais em relação aos demais estados.”

Segundo ele, o relacionamento histórico com o município foi decisivo para o avanço do projeto. “Se fôssemos uma empresa S.A., talvez a melhor opção seria transferir as operações para outros estados”, avalia. Conforme Freitas, a escolha foi por honrar os acordos estabelecidos e brigar com o governo do Estado por melhores condições ao setor.

Incentivo planejado

Prefeito de Arroio do Meio, Sidnei Eckert destacou o planejamento da administração para garantir o incentivo necessário para a instalação do abatedouro. Segundo ele, no início do atual mandato, em 2013, foram estabelecidas metas que assegurassem recursos para um eventual investimento.

“Organizamos o caixa para ter entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões reservados para o caso de uma oportunidade como esta”, relata. Para o prefeito, a capacidade de receber um empreendimento dessa magnitude depende das prioridades estabelecidas para a cidade.

No caso da atual administração, o desenvolvimento econômico é prioritário por gerar emprego e renda à população, afirma Eckert. “Se a economia estagnar, haverá um momento em que os custos com a saúde, educação e o funcionalismo acabarão absorvendo toda a arrecadação, como ocorre hoje como o Estado.”

Ao todo, serão empregados R$ 1,5 milhão na aquisição do terreno e mais R$ 700 mil para os serviços de terraplanagem. Conforme o prefeito, tal investimento é possível graças a uma máquina pública enxuta. Para ele, investimentos como o da Dália e demais empresas instaladas na cidade permitirão o crescimento do município ao longo das próximas décadas. “Todas têm capacidade de crescimento”, assegura.

Projeto ASA

Após a aprovação na câmara, a Dália pretende iniciar as tratativas com os associados para dar início ao projeto América Sociedade Agrícola (ASA). A intenção é centralizar a produção com a criação de 14 granjas, em investimento de R$ 42 milhões.

Dessas, seis seriam granjas matrizeiras, duas para recria e quatro de produção, e oito para frango de corte, com dez aviários com capacidade para 25 mil frangos em cada. Conforme Carlos Freitas, o empreendimento terá entre 200 e 300 sócios e resultará em redução nos custos de logística.

“No sistema convencional, cada produtor tem o seu aviário, o que resulta em grandes distâncias para transporte dos frangos, insumos ou mesmo da assistência técnica, aumentando os custos”, aponta. Para ele, na segunda fase da implantação do complexo, ou será dobrada a capacidade de produção do ASA ou será iniciado um novo grupo de sócios nos mesmos moldes.

“Quem investe nos momentos de crise obtêm melhores resultados”entrevista carlos alberto de freitas cosuel

A Hora – Quais as próximas etapas para a instalação do complexo?
Carlos Freitas – Hoje demos oficialmente o primeiro grande passo. Levou exatamente 12 meses desde que começamos as tratativas até chegar aqui. Foi difícil encontrar áreas que se adaptassem a um projeto desse tamanho no Vale do Taquari. Achamos o local mais adequado possível. Depois teve o trâmite de liberação da Fepam. Levou 11 meses, tempo considerado rápido para esse tipo de empreendimento. A administração municipal negociou as áreas e agora está tudo discutido e concordado entre as partes. Agora vai para a câmara e, caso aprovado, entraremos com o projeto para buscar o financiamento nos bancos BRDE e BNDES. Esperamos em um ano começar as construções e entre três a quatro anos para iniciar a produção.

Como vai funcionar o projeto ASA e quando ele começa a ser montado?
Freitas – No dia 12 de fevereiro, temos assembleias da cooperativa para começar a montar o ASA, que é a parte de produção animal. Vamos fazer uma sociedade de produtores para aviários e matrizeiros ao invés de cada família ter o seu aviário. Quando a produção é descentralizada, se gasta muito com fretes, seja da ração, do animal de corte ou da assistência técnica. Um projeto associativo com menor número de granjas, mas concentradas, consegue ganhar competitividade para contrapor projetos de outros estados. Esses por si só já são mais competitivos em relação ao RS por estarem mais próximos dos centros de produção de grãos e de consumo dos produtos.

O que esse empreendimento representa para a Dália?
Freitas – Será o maior dos últimos anos. A Dália é uma empresa grande, mas construída com tempo. Nosso frigorífico de suínos, se fôssemos construir um novo do mesmo tamanho, seria um valor muito maior em relação a esse do frango. Mas aquele primeiro projeto foi sendo feito ao longo dos anos. O primeiro investimento de uma vez só foi na fábrica de leite em pó. Esse novo projeto é quase duas vezes maior do que a fábrica de leite em pó, portanto, será o maior investimento realizado de uma vez só pela cooperativa.

Tendo em vista o interesse de outros municípios, o que pesou para a escolha de Arroio do Meio?
Freitas – A todos os municípios que conversamos deixamos claro duas coisas fundamentais. A área precisava de um corpo de água consistente nas proximidades. O local que encontramos fica ao lado do Rio Taquari. Também era preciso estar à beira de uma rodovia, no caso temos a ERS-130. Outro ponto importante era não estar atrás de um pedágio, por ser um fator de encarecimento da produção por causa do frete. Mas também é a postura histórica de relação que temos com as diferentes administrações do município. A Cosuel nasce em Encantado, mas logo depois começa a produção de leite em Arroio do Meio. Então temos uma história muito antiga de excelentes parcerias com esses dois municípios.

O ano de 2015 foi difícil para a economia e as projeções para 2016 são de manutenção desse cenário. Por que a opção de fazer esse grande investimento neste momento de crise?
Freitas – Quem investe nos momento de crise obtêm melhores resultados. Se vamos investir quando a economia está em alta ou crescendo, é mais difícil alcançar linhas de financiamento e tanto o material quanto a mão de obra se tornam mais caros. O grande momento para investir é durante a crise. Após, virá a retomada da economia e estaremos prontos para produzir. Talvez assuste fazer investimentos quando todo mundo fala em crise, mas a história nos mostra que é o mais adequado.

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