Os reflexos da crise econômica atingem os serviços oferecidos pelo Sesi. Dependente de recursos do setor industrial, a entidade adotou medidas de contenção que resultaram no fechamento de unidades e programas. Em Estrela e Lajeado, o atendimento a 240 crianças no turno inverso ao escolar foi cancelado.
De acordo com o diretor superintendente do Sesi-RS, Juliano Colombo, a arrecadação da entidade resulta de percentuais da folha de pagamento das indústrias associadas. Com a queda acumulada de 12,6% no setor em 2015, as empresas demitiram funcionários, reduziram salários, turnos e jornadas.
“O cenário mudou muito rápido e tivemos uma queda de 25% a 30% no orçamento”, relata. Segundo ele, as dificuldades financeiras aumentaram em virtude da alta da inflação, que resultou no crescimento das despesas do Sesi.
Conforme Colombo, em Lajeado e Estrela, foram mantidos serviços como educação para jovens e adultos, orquestras e atendimentos odontológicos e em saúde. “Em Teutônia, o atendimento em turno inverso segue por ser o único grande projeto realizado. Se parássemos, teríamos que fechar a unidade.”
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De acordo com a secretária da Educação de Lajeado, Eloede Conzatti, alunos das escolas Porto Novo, Universitário e Érico Veríssimo participavam do programa. No turno inverso às aulas, desenvolviam atividades de lazer e oficinas de lição de casa, entre outras.
Eloede diz não ter sido informada oficialmente sobre o cancelamento dos programas. “Ficamos sabendo por meio de pais e professores”, conta. Para ela, apesar da entidade não ter obrigação de manter o serviço, poderia ter tentado uma parceria com o município para que as famílias não ficassem desassistidas.
Colombo afirma que a decisão foi comunicada aos pais em reuniões com a direção do Sesi. “A entidade compreende as dificuldades enfrentadas pelos pais e alunos com o fim do projeto”, assegura. Para ele, a crítica após o encerramento mostra que o projeto tinha qualidade e relevância.
Cortes e demissões
De acordo com Juliano Colombo, os cortes nos serviços foram avaliados criteriosamente pela entidade. Cada cidade passou por uma análise técnica para definir quais atividades poderiam ser cortadas para ajustar o orçamento à arrecadação.
Colombo lembra que os serviços realizados pelo Sesi ou são gratuitos ou têm grande parte subsidiada pela entidade. Em algumas cidades gaúchas, as sedes foram fechadas e tiveram todas as operações canceladas. “Não foi o caso do Vale do Taquari porque a região tem uma indústria forte.”
Com a redução dos serviços, parte do quadro funcional das unidades foi dispensado. “O maior custo da prestação de serviço é a mão de obra e infelizmente estamos perdendo muitos bons profissionais.”
De acordo com o superintendente, apesar das dificuldades, o Sesi ampliou serviços de assistência aos trabalhadores dentro das empresas e continuará valorizando a região. Cita como exemplo as obras de reforma das unidades de Estrela e Lajeado. Segundo ele, existe a esperança de uma recuperação na economia brasileira que permita a retomada dos projetos cancelados.
