Alto índice exige cuidado no lazer e no trabalho

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Alto índice exige cuidado no lazer e no trabalho

As altas temperaturas registradas no verão podem causar problemas à saúde. No campo, na cidade ou na praia, é preciso atentar para os altos índices de raios ultravioleta no verão. Nos termômetros, a temperatura vem ultrapassando a média de 30°C, enquanto a sensação térmica passa a marca dos 50°C. Picos de radiação acima do limite considerado seguro pela Organização Mundial de Saúde (OMS) preocupam, mas muitos insistem em ficar desprotegidos.

Alto índice exige cuidado no lazer e no trabalho

Em uma pequena obra particular no bairro Jardim do Cedro, nas proximidades da divisa com o Santo Antônio, pedreiros trabalham sem camiseta sob o escaldante sol das 16h. Uma cena comum em empreendimentos menores, onde grandes chapéus de palha surgem como principal – e por vezes único – protetor.

Um dos trabalhadores, esse protegido só com um boné, uma bermuda e um chinelo, admite não utilizar protetor solar durante a labuta, mesmo sobre um piso de concreto cuja temperatura é próxima de 60 °C. Seu colega diz que usa. Mas reclama. “Escorre para os olhos. É melhor não usar.”
Desde a década passada, o Ministério do Trabalho exige a disponibilização do produto nas obras. É essa a orientação do Sinduscom, que representa as construtoras da região. “Recomendamos aos associados que sigam rigorosamente as exigências das normas regulamentadoras, tais como o uso de equipamentos de proteção individual e coletivos”, sustenta o vice-presidente, José Zagonel.

No entanto, o problema é mais complexo do que parece. “A maioria dos pedreiros não usa. Mesmo tendo o produto à sua disposição”, afirma o construtor, César Bergesch, responsável por outras obras de maior envergadura.

Ele diz que, além do protetor solar, disponibiliza hidratante para as mãos dos funcionários, seguindo à risca as normas estabelecidas pelo ministério. “Infelizmente, nem todos construtores atendem essas exigências básicas”, alerta. Sobre o preço dos cosméticos, afirma comprar a granel. “Acaba não saindo caro.”

Preocupado com os riscos do estresse térmico dos trabalhadores, Bergesch e sua equipe foram além. Instalaram bebedouros com água gelada e refrigeradores nos canteiros de obra da empresa. “Isso a lei não exige. Mas são ações que garantem a saúde e o bem-estar do trabalhador, além de trazer maior eficiência e agilidade na conclusão do trabalho.”

Segundo ele, os funcionários têm liberdade para formatar os próprios turnos de trabalho, escapando assim dos horários de pico de calor. “Eles têm a oportunidade de descansar 15 minutos a cada uma hora, quando a temperatura estiver acima de 35°C. Mas como trabalham por metas eles optam por começar mais cedo e encerrar mais tarde, escapando assim das altas temperaturas”, esclarece.

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João de Farias é um dos pedreiros contratados, hoje, por Bergesch. Há mais de 20 anos no setor da construção civil, conta que o uso diário de protetor solar durante o horário de trabalho começou há pouco mais de quatro anos. “Antes as empresas e os patrões não disponibilizavam. E o produto é caro. Mas hoje sempre tem.” Ele garante utilizar o produto diversas vezes ao dia.

Pouco sol  entre 10h e 16h

Ontem, o Centro de Informações Hidrometeorológicas (CIH) da Univates registrou picos de 11,8 – número considerado “extremo” pela OMS para exposição ao sol. Doenças de pele, queimaduras solares e envelhecimento precoce são os principais riscos.

De acordo com a coordenadora do CIH, Fabiane Gerhardt, no verão, a inclinação da terra permite maior incidência do sol sobre o estado, que em dias de tempo seco – com pouca ou nenhuma nebulosidade – resulta em índices extremos de radiação. “Esses índices extremos são comuns na região, principalmente durante o verão.”

Sobre os riscos da exposição excessiva ao sol, Fabiane alerta: “É importante a população se proteger com protetor solar, bonés, entre outros, sobretudo, entre 10h e 16h.”
Segunda a coordenadora, essas temperaturas elevadas são resultado da atuação de uma massa de ar quente, que deve manter a sensação de calor nos próximos dias.

PL garantiu segurança no campo

Um projeto de lei encaminhado em 2009 pelo então deputado estadual, Heitor Schuch, criou o Programa Estadual de Proteção à Saúde do Trabalhador Rural, com o objetivo de incentivar os agricultores a usarem protetor solar e assim prevenir e inibir o câncer de pele. A iniciativa prevê a distribuição gratuita do bloqueador solar como um Equipamento de Proteção Individual (EPI).

Balneários e clubes lotam
Beiras de rios, açudes e lagoas, assim como as piscinas dos principais clubes da região, costumam lotar entre o fim de outubro e o início de abril. No Clube Tiro e Caça (CTC), em Lajeado, mais de mil cartões de banho foram entregues aos associados desde o início de novembro. E a previsão é chegar a dois mil.

“Quem opta por ficar na cidade vem para cá”, garante Jeverson Mariani, do Departamento de Eventos do CTC. “Isso deve aumentar durante o Carnaval, pois muitos fogem da bagunça dos locais públicos”, estima. No Clube Sete de Setembro, também de Lajeado, o número de cartões de banho já ultrapassou a marca de 500. E vai aumentar.

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