O corpo de Ricardo da Silva Bastos, 25, foi encontrado no Rio Taquari na noite dessa terça-feira por um pescador. O cadáver estava próximo ao Arroio Saraquá, no bairro Conservas, e estava dentro de um saco. No corpo, havia marcas de cinco tiros: quatro no rosto e um no tórax. O homem estava foragido do Presídio Estadual de Lajeado desde dezembro.
A movimentação próximo à mata da beira do rio foi percebida pelo pescador às 14h. Naquele momento, pensou se tratar de outros pescadores. Por volta das 20h, desconfiou do saco nas margens do rio e se aproximou para ver o que era. “Comecei tirando uns plásticos e vi uns sujos de sangue, depois vi o corpo e saí correndo. Achei que iria morrer do coração.”
De acordo com ele, a tendência é que o material fosse afundado no rio devido à presença de uma pá próximo ao local.
Com difícil acesso, o Corpo de Bombeiros precisou fazer a retirada do corpo pelo Porto dos Bruder. Até a manhã de ontem, o saco estava próximo à lixeira da rua Osvaldo Aranha.
Este foi o segundo corpo encontrado pelo pescador no Rio Taquari. Há quatro anos, lembra, auxiliou na localização de uma vítima de afogamento.
Aos 60 anos, metade deles navegando pelas águas do Rio Taquari, teme represálias. “Pesco só para passar o tempo, ainda quero viver. Quem fez isso, sabia o que estava fazendo.”
Suspeita de ligação com o tráfico
A morte de Bastos vem sendo investigada pelo delegado Juliano Stobbe e foi o primeiro homicídio do ano em Lajeado. Envolvimento com o tráfico de drogas está entre as causas mais prováveis para o crime. “Sabíamos que ele morava em um local com forte atuação do tráfico e estamos analisando o histórico da vítima para avançar.”
Marcas nas costas da vítima sinalizam que o corpo tenha sido arrastado antes de ser jogado no rio. O homicídio, afirma Stobbe, deve ter ocorrido em outro ponto do município. Próximo ao local onde o corpo foi encontrado, moradores reforçam a possibilidade e afirmam não ter escutado disparos.
Fugitivo do presídio
Natural de Passo Fundo, Bastos fugiu pela primeira fez do presídio no início de novembro, menos de um mês depois de ser transferido de Caxias do Sul. Na época, ele cumpria pena de sete anos no regime fechado por roubo, furto e extorsão e também havia passado por outros três presídios.
Para a fuga, ele aproveitou o horário do banho de sol para pular o muro com altura próxima a quatro metros, com o uso de lençóis amarrados. Próximo à avenida Benjamin Constant, uma moto aguardava o fugitivo.
Após ser recapturado, no fim de novembro, Bastos afirmou que sairia do presídio em sete dias. Durante a revista, dois pedaços de serra metálica foram encontrados nas solas de seus tênis. Devido à fuga, ele foi realocado para uma cela com outros sete detentos em cumprimento de castigo por mau comportamento. Ele e outros dois cerraram as barras de aço e fugiram por um buraco de 36 centímetros de largura por 23 de altura. A segunda fuga ocorreu na madrugada de 1º de dezembro.
Queda em 2015
O número de assassinatos no município caiu quase pela metade em 2015, em comparação com o ano anterior. Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública indicam 12 homicídios registrados em Lajeado durante o ano passado, enquanto em 2014 foram 30 ocorrências desse tipo.
A marca do último ano se aproxima das verificadas nos quatro anos anteriores e só fica atrás de 2012, com 13 homicídios. 2013 fechou com 11 ocorrências registradas, mesmo número de 2010 e um caso a menos que 2011.
