Um terço das cidades mantém turno único

Vale do Taquari

Um terço das cidades mantém turno único

Ano começa com expediente diferenciado em 13 administrações municipais do Vale

Um terço das cidades mantém turno único

Adotado no segundo semestre do ano passado em decorrência do arrocho financeiro, o turno único segue em funcionamento em 13 prefeituras da região. Quase um terço dos prefeitos aposta no horário diferenciado das repartições públicas para reduzir despesas operacionais e assim avançar 2016 com mais equilíbrio nas contas.

Nove municípios têm previsão de manter o turno único até o fim de fevereiro. Outros três devem retomar o expediente normal ainda neste mês. No caso de Marques de Souza, o Executivo alterou o horário por tempo indeterminado nas sextas-feiras, quando servidores trabalham das 7h30min às 13h30min.

No ano passado, o prefeito Ricardo Kich havia decretado turno único em todas repartições. Contudo, após negativa dos vereadores, o gestor desistiu da medida. Além das dificuldades para este ano, em especial devido à escassez de recursos por parte da União e Estado, o município busca alternativas para a queda na arrecadação de impostos.

Um dos principais impactos foi o fechamento da praça de pedágio em Picada May. Sem a cobrança na BR-386, o município deixa de receber quase R$ 1 milhão por ano. Desse montante, 25% era destinado à educação, 15% à saúde, 40% para a folha de pagamento e o restante era guardado em caixa para investimentos.

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Nos demais municípios, gestores avaliam de forma mensal os resultados. A partir disso, cogitam antecipar a retomada dos horários normais. Exemplo disso ocorre em Forquetinha, onde todas as repartições, com exceção das secretarias da Saúde e da Educação, estão em turno único desde setembro. “Iríamos acabar em fevereiro, mas pode ser que antecipemos para este mês”, diz o prefeito Waldemar Richter.

Dos 38 municípios da região, apenas Coqueiro Baixo projeta novo decreto de turno único para as próximas semanas. A adoção passará pela câmara de vereadores. No ano passado, todas repartições estavam com horários reduzidos nas sextas-feiras. O atendimento foi normalizado nesta semana.

Queda na arrecadação

De acordo com levantamento da Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs), as prefeituras gaúchas deixaram de receber R$ 956 milhões ao longo de 2015. Tal defasagem decorreu da queda na arrecadação estadual e federal, que afetou os repasses do FPM e reduziu a receita do ICMS.

Composto por parte da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto de Renda (IR), o FPM é a principal fonte da maioria dos municípios. Segundo projeção da União, era previsto crescimento de 13,8% do Fundo em relação a 2014. Com isso, as prefeituras receberiam R$ 6,2 bilhões no ano passado. Mas apenas R$ 5,7 bilhões ingressaram nos cofres públicos.

Gestão pública eficiente

O cenário econômico deve levar gestores públicos a novas situações adversas em 2016. A condição exige gestores cada vez mais qualificados, aponta o advogado especialista em Direito Político e consultor jurídico de diversas administrações municipais no estado, Gladimir Chiele.

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Para ele, o turno único é uma medida que reduz as despesas operacionais, mas não em grande monta. O resultado é na criação de um ambiente para outras medidas de redução que podem ser impactantes, como contingenciar orçamento, exonerar CCs, diminuir o ritmo de obras e serviços de infraestrutura, conceder ou eliminar reajustes salariais.

“O ente público precisa melhorar a qualidade do gasto. Não apenas gastar bem, mas com eficiência e qualidade.” Neste ano, destaca Chiele, todo o conjunto de administração será submetido a pressão por se tratar de período eleitoral. “A mudança e a seriedade nos gastos públicos estão em quem faz a política, mas essa escolha ocorre através da eleição.”

Orçamentos em alta

Os orçamentos dos municípios da região aumentam neste ano em comparação com 2015. Juntas, as administrações terão R$ 1,1 bilhão para gerenciar ao longo destes 12 meses. Prefeito de Westfália e presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), Sérgio Marasca (PT) aponta para a necessidade de cautela ao elaborar o orçamento. “Vimos que o PIB está praticamente zerado e não podemos extrapolar. Se projetarmos investimentos acima do que deve entrar, certamente teremos problemas.”

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