Após receber notificação do Ministério Público (MP) sobre o inquérito aberto para apurar os procedimentos do Centro Regional de Oftalmologia, a Vigilância da Secretaria Estadual de Saúde (SES) interditou o bloco cirúrgico. Conforme a diretora do centro estadual de Vigilância em Saúde, Marilina Bercini, uma equipe foi ao local para verificar as condições do complexo. “Durante a inspeção, confirmamos diversas irregularidades que podem ter causado as contaminações.”
Marilina prefere não divulgar quais os problemas. Limita-se a confirmar que um deles era a falta da esterilização correta dos materiais usados. A partir disso, foi dado prazo de 30 dias para a administração do centro se defender e fazer as adequações exigidas pela vigilância estadual. Depois das melhorias, a equipe de fiscalização volta a Encantado para uma nova inspeção.
O Centro Oftalmológico está em recesso e a equipe responsável pelas cirurgias em férias desde o dia 20. Funcionam apenas os setores administrativos e de agendamento. Segundo o administrador, Amarildo Dall Ago, as equipes retornam no dia 11 de janeiro.
Desde sexta-feira da semana passada, ele tenta conversar com o diretor clínico do centro, Lair José Hüning. Mas o médico oftalmologista está em viagem no exterior e não atende as ligações. “Cuido da parte operacional e não tenho como me manifestar sobre isso”, destaca Dall Ago.
De acordo com ele, a suspeita das contaminações pegou a equipe de surpresa. “Estávamos muito satisfeitos com o trabalho. Tivemos mais de dois mil procedimentos neste ano, com resultados muito positivos. Se houve prejuízo aos pacientes, isso não chegou até nós. Ninguém nos comunicou, nem mesmo a promotoria.”
O centro foi reaberto em setembro de 2014 e atende pacientes de 37 cidades da área de atuação da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde. De lá para cá, realizou mais de 16 mil consultas e cerca de 40 mil exames.
Entenda o caso
Em outubro, o Ministério Público de Encantado abriu inquérito para apurar casos de infecção bacteriana em pacientes operados no Centro Regional de Oftalmologia. Na apuração, nove pessoas alegam ter perdido a visão em um olho após procedimentos realizados em maio. Foi aberta uma ação coletiva, que pode responsabilizar criminalmente os profissionais. Nesta semana, o Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers) abriu uma sindicância para averiguar se houve erro médico.