A confirmação do primeiro caso de mormo em um equino no município de Rolante em junho e outras 21 suspeitas em análise pela Secretaria Estadual da Agricultura deixam criadores apreensivos. Para tentar evitar a disseminação da doença, o Estado promete fiscalizar os eventos. Todo cavalo conduzido ou transportado em via pública deve ter o exame que comprova a inexistência de mormo, e estar com vacinas em dia. O proprietário deve portar uma Guia de Trânsito Animal (GTA).
A multa para os organizadores de evento que permitirem animais sem o exame é de até R$ 45 mil. Proprietários pagam R$ 1,5 mil. A validade do exame é de dois meses. O custo por cavalo chega a R$ 100. Até o momento, segundo Gustavo Diehl, responsável pelo Programa de Sanidade Equina, apenas um caso foi confirmado.
Das 21 suspeitas, sete tiveram resultado negativo, 11 esperam pela conclusão do exame complementar, realizado no Lanagro de Recife, e outras três amostras ainda precisam ser enviadas. Como não há laboratório que faça a análise no estado, o tempo entre a coleta da amostra e o resultado pode chegar a até cinco dias.
Quanto ao pedido de cancelamento de eventos alusivos à Semana da Pátria, como cavalgadas e desfiles, diz que essa hipótese está descartada. “Estamos fazendo os exames e isso dá segurança.” Até o momento, cerca de nove mil cavalos foram examinados. No entanto, em muitas cidades, já houve cancelamento dos eventos. Entre os motivos para a decisão, estão o valor do teste considerado e a falta de um laboratório no estado para agilizar a entrega dos resultados.
Segundo Diehl, a doença debilita o animal, causa alterações respiratórias e provoca febre. Além disso, é contagiosa e pode ser transmitida a pessoas. Um trabalhador de 19 anos da Região das Missões está internado e com suspeita de ter contraído a doença.
Os animais acometidos por mormo devem obrigatoriamente ser sacrificados por se tratar de uma patologia incurável.
Dificuldade de fiscalizar
Para o coordenador da Inspetoria Veterinária de Lajeado, Marco Antônio Reckziegel, é importante os proprietários fazerem os testes para evitar a disseminação da doença e a transmissão para humanos, principalmente tratadores e proprietários. Acredita ser difícil fazer o controle dos animais em desfiles. “Muitos ingressam no meio do trajeto, por isso, seria prudente cancelar qualquer evento que possa aglomerar cavalos.”
Responsável por uma cabanha em Cruzeiro do Sul, Luiz Carlos Pedroso espera que a disseminação do medo em relação à doença não afete os desfiles na região. “Tem gente que espera e se prepara o ano inteiro para participar.” Considera exagerada a obrigação dos exames, pois muitos cavaleiros não têm dinheiro suficiente. “A doença está longe daqui”, diz. O estado tem 575 mil cavalos registrados. Desses, ao menos cem mil participam de eventos.