Enquanto produtores de arroz lutam contra dificuldades econômicas, os agricultores familiares diversificam e obtêm uma renda anual de cerca de R$ 4 mil por hectare com a produção de arroz irrigado integrada à criação de peixes.
nos. Os tabuleiros de arroz na atividade ocupam em média um hectare. Em um dos lados longitudinais, é construída uma vala de cerca de 1 metro de profundidade e 80 centímetros de largura, que serve como abrigo para os peixes nos dias mais frios ou durante a colheita do arroz.
Ao redor de todo arrozal, são feitas elevações de terra (taipas) de cerca de 80 centímetros. O custo de adaptação de uma área para iniciar a criação está orçado em R$ 600. Cerca de 20 dias após a semeadura do arroz, em meados de outubro, os alevinos são colocados na área, onde se desenvolvem durante um ano.
A lâmina de água que cobre a área é elevada conforme o crescimento das plantas. Ela chega a atingir cerca de 30 centímetros e possibilita que os peixes se desloquem livremente. Quando chega a hora da colheita, em abril, os peixes se escondem na vala de refúgio durante o trabalho das colheitadeiras.
Em seguida, o arrozal é novamente coberto de água, transformando-se em um açude, onde os peixes permanecem sete meses até o período da nova semeadura, alimentando-se de restos de culturas. “Com um manejo adequado e um pouco de alimentação suplementar, o produtor pode tirar cerca de sete t/ha de peixe.”
O consórcio é uma alternativa para reduzir custos, pois os peixes reciclam a matéria orgânica, preparam o terreno para a próxima safra e consomem sementes de plantas invasoras, larvas de insetos e sementes perdidas na colheita. As espécies recomendadas para iniciar a criação são as carpas capim, prateada e húngara.
[bloco 1]
Engorda pós-colheita
Em Faxinal do Soturno, a atividade iniciou em 1995 com a adesão de três produtores. Hoje, apenas Moacir Galetti permanece.
Os alevinos são depositados nas áreas após a colheita do grão. O peso de cada exemplar varia entre 800 gramas e um quilo. “Sapos, passarinhos, cobras e outros animais se alimentavam dos alevinos. As perdas chegavam a 70%, por isso, invertemos o processo.”
Após a colheita, o terreno é nivelado e alagado. “O ideal é transferir os peixes do açude para a nova área após 20 dias, quando passou o período de fermentação da área.” O aconselhado é criar até 350 animais por hectare. A alimentação é feita a partir dos restos culturais e adubação. A despesca ocorre em outubro, um mês antes do produtor iniciar o preparo da terra para a nova safra. O preço do quilo acompanha a cotação do gado de corte, cerca de R$ 5.
“Desisti por falta de apoio”
Silberto Grützmacher, de São Borja, era um grande orizicultor. Em 1980, o cereal chegou a ocupar 1,7 mil hectares. Com a queda brusca dos rendimentos e a alta nos custos, ele, assim como a maioria, faliu. Como o modelo antigo não servia mais, migrou para uma atividade até então pouco explorada, a rizipiscicultura (integração ecológica arroz + carpas).
A redução de até 50% na aplicação de agroquímicos, eliminação total das pragas e doenças e a oportunidade de produzir um grão livre de agrotóxicos foram as principais vantagens observadas. “Não há produto químico que faça um controle tão bem-feito da lavoura que nem o peixe.”
No entanto, há três anos, desistiu por falta de apoio técnico e pela contrariedade das empresas multinacionais vendedoras de agrotóxicos e adubos. “Lutei contra tudo e contra todos para implantar esse modelo, mas acabei falindo. Me transformei em um ambientalista, mas isso interessa para poucos, pois não reverte em lucros.”
Grützmacher despescou três mil quilos de carpas por hectare em 24 meses, além da produção de até nove mil quilos do cereal. Sem ter como beneficiar o grão, a média paga por saca é igual ao produzido em lavouras convencionais. Mesmo tendo desistido, ressalta que o sistema é lucrativo. Pode ser feito em consórcio com a lavoura ou após a colheita. Parte das terras onde o arroz era cultivado foi arrendada. No restante, o produtor começou a construir açudes para criar peixes.
Maior feira da América Latina
Neste ano, 4.758 animais, de 160 raças, estão inscritos na maior feira agropecuária realizada a céu aberto na América Latina. Os portão abrem neste sábado às 8h. Em seguida ocorre a abertura oficial com presença do governador Ivo Sartori e demais autoridades.
Os visitantes podem conhecer as últimas novidades em maquinário e em tecnologia agropecuária e agroindustrial. Exposto ainda o melhor da genética pecuária das raças de maior destaque criadas no estado. A programação conta com mais de 500 atrações simultâneas, que ocorrem nos 141 hectares do parque.
Entre elas, estão a Feira da Agricultura Familiar, palestras técnicas, a Exposição de Artesanato do Rio Grande do Sul (Expoargs), shows e eventos culturais, além dos julgamentos e leilões de animais. A 37ª edição da Expointer registrou queda de 17% nas vendas em relação ao ano de 2013.Totalizou R$ 2,729 bilhões em negócios, contra R$ 3,292 bilhões na edição anterior.
Participação recorde
A 17ª Feira da Agricultura Familiar terá participação de 239 empreendimentos. A comissão organizadora homologou a presença de 178 agroindústrias, cinco expositores de plantas e flores e 49 de artesanatos, além de sete cozinhas. “Trabalhamos este ano para otimizar a ocupação dos espaços, gerando mais oportunidades para as agroindústrias familiares e opções de compras para os consumidores”, diz o diretor de Agricultura Familiar e Agroindústria da SDR, Dionatan Tavares. Os expositores podem concorrer no 4º Concurso de Produtos da Agroindústria Familiar, cujas inscrições ocorrem no dia 30. Neste ano, como novidade, será premiado o melhor case com “A história da Agroindústria Familiar”.
O parque
O local oferece ampla infraestrutura para visitantes e expositores. Conta com 45,3 mil metros quadrados de pavilhões cobertos, 70 mil metros quadrados de área de exposição, nove espaços para leilões, auditórios, 19 locais para julgamentos, dez mil vagas de estacionamento, postos médicos, restaurantes, agências bancárias e infraestrutura de internet.