Um dos projetos mais ousados da cadeia leiteira no RS foi colocado em prática neste mês. Pioneiro e inovador, reúne 16 famílias associadas. Recebeu investimento de R$ 5 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. A estrutura ocupa 13 hectares em Linha Tigrinho Baixo, Nova Bréscia. Outras três estão em construção em Roca Sales, Arroio do Meio e Candelária.
O condomínio Dei Produttori di Latte Bréscia é o primeiro a ter ordenha robotizada executado de forma associativa no país e na América Latina constituído por pequenos produtores de leite. O pavilhão central, dividido em pista de alimentação, área de camas e sala de espera, tem capacidade para 262 animais. No momento, há 115 animais em lactação e 66 vacas secas e novilhas. A produção atual é de 2,5 mil litros, com estimativa de atingir 6,5 mil litros em sua capacidade máxima.
Todo automatizado, o projeto opera com três robôs da marca DeLaval, importados da Suécia.Eles fazem a ordenha das vacas 24 horas por dia, sete dias por semana. Cancelas, que são abertas conforme diagnóstico de um chip acoplado em cada animal, determinam a direção de cada vaca. Dessa forma, elas sabem o momento exato de ordenhar ou se alimentar.
De acordo com o presidente do Conselho de Administração, Gilberto Antônio Piccinini, a escolha pela ordenha robotizada foi motivada pela busca de uma solução para o déficit de mão de obra na região e uma alternativa para incrementar a produtividade. Na área do leite, a cooperativa buscou subsídios e modelos implantados na Europa e EUA.
“Muitas famílias não têm como competir com a realidade de produção que está sendo implantada. Estruturados em sociedade, com alta tecnologia e baixo custo de produção, um produtor que é pequeno em escala pode ficar grande com os demais do grupo e se manter na atividade.” Segundo o presidente-executivo da cooperativa, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, o projeto surgiu depois de várias viagens, estudos e debates. “O mundo atual necessita de escala de produção, por isso, apostamos nessa ideia revolucionária.”
De volta à atividade
Após desistir por falta de mão de obra há 27 anos, Admir Lorenzon, 62, é um dos 16 produtores a integrar a associação. Alojará 20 animais. Como diferencial, destaca o uso da tecnologia para facilitar o trabalho, fazer o controle da qualidade e aumentar a produtividade, quesitos exigidos pela indústria e mercado consumidor.
Aposta na contenção do êxodo rural. “Por não terem férias ou folga, poucos jovens investem no setor. Esta nova forma de produzir pode atrair novos criadores. Inclusive podem buscar outras alternativas de lucro na propriedade e melhorar a qualidade de vida sem precisar migrar para a cidade.”Cada produtor é responsável por comprar as vacas e fornecer o alimento, sendo remunerado por cotas, com base no número de animais alojados.