Coloridos, belos e terapêuticos

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Coloridos, belos e terapêuticos

A criação de peixes ornamentais cresce em média 35% ao ano. O setor abrange 4,8 mil criadores e movimentou US$ 10,5 milhões em 2013. Segundo levantamento da Abinpet, o peixe é o segundo animal de estimação preferido do brasileiro. Há 26,5 milhões colorindo os aquários no país.

Coloridos, belos e terapêuticos

A criação e venda de peixes ornamentais cresce 35% ao ano. De acordo com o Mapa, a exportação rendeu US$ 10,5 milhões (R$ 33 milhões) aos criadores em 2013. O valor unitário médio registra alta de 744% entre 2007 e 2012.

Segundo José Edson Galvão de França, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), há uma crescente valorização no mercado e, em decorrência, um grande potencial a ser explorado.

Na lista das espécies mais procuradas, estão: guppy, kinguio, cuja criação iniciou há mais de 2,5 mil anos na China, carpas douradas e o acará-disco. As unidades podem custar de R$ 1 até, em casos raros, R$ 10 mil. Por dispensar aparelho para oxigenar o aquário, a espécie betta lidera a preferência. “Ele mesmo se desloca até a superfície para respirar.”

Os pet-shops, cerca de 60 mil no país, são os principais destinos dos peixes criados pelos piscicultores. De lá, seguem para as casas dos clientes e colecionadores com aquários de até mil litros de água. Outros segmentos consumidores são lojas, escritórios e restaurantes, onde enfeitam os ambientes. “O mercado de jardinagem e paisagismo é outro cliente em potencial.”

No país há quatro mil espécies catalogadas para criação e 725 liberadas para comercialização. Conforme levantamento da Abinpet, os peixes são o segundo animal de estimação preferido do brasileiro. Há 26,5 milhões colorindo os aquários no país, atrás apenas dos cães, que seguem em primeiro lugar, com 37,1 milhões. Em terceiro, aparecem os gatos, com 21,3 milhões.

Segundo França, o fato de os animais darem pouco trabalho e também a disposição de equipamentos, tecnologias e difusão de conhecimento impulsionam o crescimento. Os principais polos produtores estão em São Paulo, Paraná e Minas Gerais. A cidade mineira de Muriaé concentra mais de 400 produtores responsáveis por 60% da produção nacional. Segundo os especialistas, os peixes ornamentais se adaptaram bem à região por conta do clima quente o ano inteiro e a disponibilidade de água.

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Os queridinhos da vez

O piscicultor Marcos Aurélio Cassal, 46, de Novo Paraíso, Estrela, começou a criação faz mais de 20 anos. Na época, participou de um curso de piscicultura na Unisinos. “O professor era criador de peixes ornamentais. Então conversamos e resolvi iniciar na atividade.”

Aquários e tanques ocupam apenas meio hectare dos quatro disponíveis na propriedade. Como em qualquer outra cultura, a dedicação é diária. Os peixes são alimentados duas vezes ao dia. “São 50 mil unidades de 30 espécies diferentes, com tamanhos que variam entre 5 centímetros e meio metro.”

Entre as espécies mais procuradas, estão: beta, cauda-de-véu, paulistinha, carpa colorida, plati, guppy, espada, molinésia e vários da família dos ciclídeos africanos e americanos. O neon é o menor peixe oferecido. Mede um centímetro. Já a carpa pode medir até um metro e pesar mais de dez quilos.

O valor da unidade depende do tamanho e da espécie. Varia entre R$ 1 e R$ 1 mil (gar fish). Entre os cuidados principais, cita a necessidade de trocar 30% da água dos aquários a cada mês e manter uma boa oxigenação. Cassal destaca a docilidade dos animais. “É uma terapia cuidar deles. Reduzem o estresse e interagem bastante com o dono. Uma cliente inclusive dá mamadeira com ração para eles.”

A venda é feita direta ao cliente, além de atacadistas e pet-shops da região. “Apenas 2% da população tem peixe em casa. Existe um vasto mercado a ser explorado. Eles já ocupam o segundo lugar quando falamos de bichos de estimação, ficam apenas atrás dos cachorros.”

De acordo com Cassal, a criação em açude exige cuidado com predadores como cobras, rãs e pássaros. Por isso, aconselha criar os animais em tanques de cimento cobertos. “Eles chamam atenção pela cor e são facilmente capturados no meio de outros peixes.”
Uma carpa colorida pode viver até 70 anos. Conforme ele, no Japão um peixe ornamental viveu mais de 225 anos. “Foi o bicho de estimação da família por três gerações.”

Fabricação  de aquários
Além da criação, Cassal fabrica aquários e vende plantas aquáticas. O preço varia entre R$ 100 e R$ 3 mil, dependendo do tamanho e do número de animais alojados. Relata que a limpeza é simples. “Caramujos e cascudinho ajudam a deixar o ambiente limpo, diminuindo a mão de obra.”

Segundo Cassal, os peixes exigem pouco cuidado. “Só adoecem quando estão em uma água que esteja em más condições, seja por excesso de comida, o PH da água ou por ter pouca oxigenação.” Além de medicamentos específicos, que, aplicados no aquário, não devem entrar em contato com a pessoa, é aconselhado interagir com os peixes somente com as mãos bem limpas.

A decoração deve levar em conta o tamanho e a espécie que será colocada naquele habitat. Mas o ideal é não atulhá-lo com peças decorativas e garantir o mínimo de contato com o ambiente externo. Montado e habitado, um aquário é dado como concluído após pelo menos uma semana de adaptação dos peixes. A manutenção se resume à alimentação e limpeza.

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