A irregularidade no abastecimento de energia elétrica gera transtornos e prejuízos às quase cem famílias de Canarinho de São Bento. Postes de madeira suscetíveis a acidentes, oscilações na rede, demora no restabelecimento e seguidos cortes no fornecimento de luz motivam a maioria das reclamações.
De acordo com o morador Paulo Seibel, a falta de soluções por parte da AES Sul perdura há anos. Como exemplo, cita a demora na substituição de um poste de madeira quebrado por outro de concreto a cerca de 150 metros de sua residência. Sem o serviço, ele precisou ser escorado para não cair. “Faz quase dois anos que estamos pedindo para trocarem esse poste e nada. Daqui a pouco acontece um acidente grave.”
Situação semelhante ocorre às margens da estrada geral, na lavoura de Gaspar Mallmann. Um dos postes de madeira da rede de alta tensão está praticamente oco e serve de ninho para pica-paus. “Ele ainda não caiu porque está sendo sustentado pelos fios de luz.”
Além disso, o poste também precisou de sustentação. Mas a escora de madeira está podre e, segundo Mallmann, corre o risco de quebrar a qualquer momento. No meio da lavoura do agricultor, um dos cabos de energia da rede doméstica, de 220 volts, está pendido. “Ergui o fio com uma taquara para evitar acidentes. Mas isso precisa de conserto.”
Em ambas as propriedades, aparelhos eletrônicos passaram a ser ligados em estabilizadores de energia para evitar novos estragos em virtude da oscilação no abastecimento. Há cerca de dois anos, os dois tiveram televisores queimados. Nos meses seguintes, a concessionária fez adaptações na rede, mas não resolveu o problema.
Perdas na produção
Outros transtornos são os seguidos cortes no abastecimento e a posterior demora no restabelecimento. Exemplo disso ocorreu na sexta-feira passada e nessa segunda-feira. “Demorou 17 horas para a luz voltar”, destaca o proprietário de uma confeitaria Daniel Gregoy.
Sem energia, a empresa não tem como trabalhar. Além disso, há prejuízos com produtos conservados no freezer. “Nessa segunda-feira a luz caiu por volta das 17h e voltou à 1h da madrugada.”
A empresária Cláudia Dessoy, proprietária de uma padaria, enfrenta situação semelhante. A produção começa por volta das 4h e, caso falte energia nesse período, todo o trabalho do dia acaba prejudicado. “Já tive inúmeras situações neste ano que tentei ligar para a AES Sul durante a madrugada, mas ninguém atende. Ou dá ocupado ou cai na central.”
Em virtude dos seguidos cortes, a empresária estima ter perdido de 15 a 20% de toda a produção deste ano. “As massas, como da cuca, precisam ser assadas em determinado horário e em determinada temperatura. Sem isso, não dá certo.”
