Intempéries resultam em perda de produtividade nos parreirais

Vale do Taquari

Intempéries resultam em perda de produtividade nos parreirais

Chuva, geada, calor e doenças comprometem até 30% da safra

Intempéries resultam em perda de produtividade nos parreirais

A safra de uva foi afetada pelas condições meteorológicas adversas. Em alguns pomares, as perdas alcançam até 80%. A colheita das variedades bordô, isabel precoce, concord, niágara branca e rosa iniciou em novembro em Roca Sales e Muçum, onde o inverno é mais ameno e o microclima propício para o cultivo de espécies precoces.
Conforme o técnico em Fruticultura da Emater Regional de Lajeado, Derli Bonine, neste ciclo houve insuficiência de frio nos meses de junho e julho. Em agosto, as altas temperaturas estimularam a formação de brotos, afetados pelo granizo e geada registrados em setembro.
Aliado a isso, o excesso de umidade impediu o produtor de efetuar os tratamentos fitossanitários. A antracnose e principalmente o míldio são constantes nos vinhedos. De um modo geral, estima-se uma queda de 30% da produção inicialmente prevista.
Devido à redução na oferta, o preço se mantém em alta. A uva comercializada na Ceasa ou in natura para mercados da região está cotada a R$ 3 o quilo. Em janeiro, deverá iniciar a colheita das frutas destinadas para a fabricação de suco e vinho na região alta do Vale do Taquari, onde está concentrada a maior área de parreirais.
Entre as dificuldades, destaca a falta de mão de obra e o envelhecimento dos agricultores. A situação influencia na redução da área cultivada em algumas cidades, como Dois Lajeados, maior produtor de uvas da região. “Desde 2010 a área caiu de 800 hectares para 560.”

Oferta menor
Em Muçum, a colheita das variedades mais precoces como a vênus iniciou em novembro. De acordo com o técnico agrícola da Emater/RS-Ascar, Jairo Bellini, apesar da instabilidade do clima prejudicar o desenvolvimento, as frutas são de boa qualidade. A estimativa é de colher 125 toneladas.

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Segundo ele, o microclima é favorável ao cultivo de variedades de maturação precoce, como niágara rosa e branca, isabel, magna, entre outras. Neste ciclo, a ausência de frio no inverno prejudicou o enchimento dos cachos. “O ideal é ter 450 horas. Só tivemos cem. A perda chega a 50%, no entanto, o preço compensa. Cada quilo é vendido por R$ 4, quase o triplo da safra anterior.”
No município, são cultivadas 18 variedades. São 15 hectares de uva de mesa e outros 45 destinados à fabricação de suco e vinho, cujo colheita inicia no fim deste mês. Durante a abertura oficial nesse domingo, foram comercializados mais de mil quilos.

Fruta valorizada
Apesar da produção menor, a qualidade e o sabor agradam os consumidores da uva de mesa colhida pela família de Nadal, no interior de Muçum. Os primeiros cachos foram colhidos em novembro. “O calor e as chuvas anteciparam a retirada das frutas em um mês. O preço compensa a queda de 50%”, destaca Andreia. Cada quilo é vendido a R$ 3,50.

As últimas uvas são retiradas nesta semana. Andreia conta que o trabalho exige paciência, para não comprometer o visual dos cachos. “Quando corta, não pode pegar ela muito na mão porque tira o brilho. A uva fica feia e não vai ter presença na caixa quando chegar no mercado”, ensina.
Os parreirais da variedade niagára rosa ocupam 2,5 hectares. Além da uva, a família cultiva bergamota das variedades montenegrina, pokan e caí em área de 1,5 hectare. Por ano, são produzidas 500 caixas de 20 quilos cada.

Saiba mais

A safra da uva 2015 foi 16% maior do que a do ano anterior. O RS produziu 702,9 milhões de quilos. Desse total, 90% foram de variedades americanas e híbridas, utilizadas para a elaboração de vinho de mesa e suco. Os outros 10% foram de uvas viníferas para produção de vinhos finos e espumantes. Em 2014, a safra foi de pouco mais 606 milhões de quilos.
Do volume processado, 55% das uvas foram destinadas para a elaboração de sucos (190,9 milhões de litros) e 45% para vinhos (251 milhões de litros). Foram produzidos mais de 441,8 milhões de litros de bebidas derivadas da uva.

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