Roqueiros do Vale relembram Júpiter

Estado

Roqueiros do Vale relembram Júpiter

Músico que influenciou o desenvolvimento do rock gaúcho morreu nessa segunda

Roqueiros do Vale relembram Júpiter

O rock gaúcho perde um dos seus maiores nomes, Flávio Basso, conhecido como Júpiter Maça, morreu no fim da tarde dessa segunda-feira. Conhecido em todo o país pela criatividade das composições, o músico foi responsável pelo surgimento de duas bandas que figuram entre as mais importantes do RS, o TNT e Os Cascavelletes.

O velório começou ontem, às 9h, no Teatro Renascença, em Porto Alegre, com a presença de amigos e parceiros que Basso fez ao longo da trajetória musical. Às 17h, o cortejo, acompanhado por centenas de fãs, partiu em direção ao cemitério João XXIII, onde ocorreu cerimônia de despedida e o sepultamento, às 18h.

As causas da morte geraram diversos boatos. A mãe do artista, Iara Suessenbach, informou na página do Facebook de Júpiter que o motivo foi um infarto agudo do miocárdio. No Vale do Taquari, fãs de rock lamentam a morte e fazem relatos saudosos a respeito de Basso e da influência que o trabalho dele exerceu em suas vidas.

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De acordo com o comunicador da Rádio Univates, Marcelo Petter, Júpiter Maçã fez parte de uma mudança no cenário musical marcada pela irreverência. Para Petter, a “sacanagem”, característica marcante das músicas do TNT, proporcionou uma transformação social. Já que nem o uso de um linguajar “chulo” impedia que as composições do início dos anos 80 fizessem sucesso nas rádios do RS.

Petter comemora o fato de ter acompanhado o boom cultural proporcionado pelo começo da expansão do rock gaúcho. Ele lamenta que em uma sociedade regida pelo “politicamente correto” as poesias vintage de Basso talvez não fossem compreendidas. “Ele tinha um público fiel, fãs antigos e novos, e essa galera se encarregará de dar continuidade ao trabalho dele”, acredita.

De passagem pelo interior

O rock gaúcho foi marcado pelo trabalho de bandas que conseguiam se manter ativas excursionando pelo interior do estado. O músico Leandro Lange, que toca na banda Bico Fino Brothers Band, revela que nunca teve muitos discos, mas os do TNT e Cascavelletes guarda até hoje.

Para ele, Basso foi um dos responsáveis por passar ao rock gaúcho a influência de roqueiros ingleses como The Who, Rolling Stones e Led Zeppelin. “Depois disso o pessoal começou a ir mais a fundo, mas até então era tudo muito limitado”, relembra.

O guitarrista Max Lima, que também integra a Bico Fino, recorda que aos 13 anos começou a gostar de rock por causa de bandas que Júpiter fundou. Para ele, Basso era um artista à frente do seu tempo, cuja mente funcionava em uma dinâmica tão intensa que talvez nem ele mesmo tenha aguentado. “É só ver o nível de complexidade dessa coisa loca (sic) que foi a carreira solo”, comenta.

Tanto Lange quanto Lima foram sócios no Seleiro Rock Bar, que funcionava no centro de Lajeado. Há cerca de cinco anos, a casa recebeu um show de Júpiter Maçã. Ambos reconhecem o roqueiro como uma figura tranquila e atenciosa, mesmo tendo linhas de pensamento difíceis de se acompanhar.

“Ele nos deixou um grande legado, algo complexo de entender, mas muito fácil de admirar. Terá espaço nas playlists da galera para sempre”, relata Lange. Uma das músicas do Cascavelletes, Nega Bom Bom, chegou a fazer parte da trilha sonora da novela Top Model, de 1989.

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