PIB per capita cresce  nas cidades do Vale

Vale do Taquari

PIB per capita cresce nas cidades do Vale

Estudo do IBGE mostra o total de riqueza produzido em relação à população dos municípios. Para especialistas, indicador não é sinônimo de desenvolvimento.

PIB per capita cresce  nas cidades do Vale
oktober-2024

O IBGE divulgou nessa sexta-feira, 18, o índice de PIB per capita dos municípios brasileiros. O estudo é referente ao ano de 2013. Dos 38 municípios da região, apenas três tiveram desempenho inferior ao último levantamento, de 2010.

Imigrante, Arroio do Meio e Lajeado lideram o indicador no Vale. Juntos com Estrela, Westfália, Muçum e Teutônia, integram o grupo de municípios gaúchos com mais de R$ 30 mil de geração de riqueza por habitante ao ano.

De acordo com a economista e presidente do Codevat, Cíntia Agostini, a liderança no ranking regional ficou com municípios que sempre apresentaram bons indicadores em termos de produção econômica.

Segundo ela, a análise do índice deve levar em consideração o crescimento populacional do município para determinar se houve evolução na economia. Explica que o índice pode subir simplesmente pela diminuição da população e não necessariamente pelo aumento dos índices produtivos.

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“No caso do Vale, as cidades têm um crescimento populacional uniforme, com milhares de pessoas vindo de outras regiões todos os anos”, aponta. Conforme a economista, o motivo para a elevação econômica é o número crescente de empresas fixadas na região e o aumento da formalização das atividades no campo.

“A renda informal não é contabilizada no indicador”, ressalta. Cíntia destaca as referências dos índices de desenvolvimento, como o IDH e o Firjan, para avaliar o quanto o avanço do PIB significa melhoria na qualidade de vida da população. Cidades do Vale estão entre as principais do estado em ambos indicadores.

Distribuição de renda

Para o presidente da Câmara de Indústria e Comércio (CIC – VT), Ito Lanius, a ausência de indústrias de grande porte na região explica, em parte, os resultados do levantamento. Segundo ele, principal característica do Vale é a existência de muitas pequenas e médias empresas que, mesmo não produzindo grandes volumes dinheiro, distribuem de maneira mais uniforme os recursos gerados.

“Graças a essa boa distribuição de renda, nossa população tem índices de qualidade de vida elevados”, reforça. Lanius credita os resultados à característica heterogênea da economia, com predomínio do setor alimentício.

“Temos grande produção de frangos suínos e leite, além de outros produtos em menor escala, como os ovos”, ressalta. Além dos resultados do agronegócio, a indústria de transformação cumpre papel essencial nesse cenário, por agregar valor aos produtos do campo.

“Isso assegura o retorno da riqueza produzida para a própria região”, acredita. Mesmo assim, defende a ampliação da participação regional na composição do PIB gaúcho. Segundo ele, o percentual que já foi de 4% caiu para 3,43% em 2012.

Sistema produtivo

Conforme a presidente do Codevat, sistemas diferentes ajudam a compor o PIB dos municípios. Um deles está relacionado à capacidade de fabricar produtos ou produzir alimentos no campo. Outro é o sistema extrativista, baseado na exploração de petróleo e minerais. Por fim, o sistema financeiro, baseado em rendimentos de fundos de pensão, juros e aplicações na bolsa de valores.

No caso do Vale, a riqueza está relacionada à produção, o que assegura melhores condições de empregabilidade e renda para a população. Por outro lado, municípios que aparecem em primeiro lugar no PIB per capita do país e do estado não apresentam bons índices de desenvolvimento humano.

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O líder brasileiro no ranking do PIB per capita é a pequena cidade de Presidente Kennedy, no Espírito Santo. Com uma economia baseada na exploração de petróleo, está entre as piores do país nos índices Firjan e IDH. “É uma situação comum no sistema extrativista”, revela. Segundo Cíntia, apesar de ter um território rico, Presidente Kennedy tem uma população empobrecida, porque o recurso gerado não resulta em benefício para a cidade.

“É um sistema que oferece salários grandiosos, mas geralmente para pessoas que moram fora das cidades onde a riqueza é produzida. Muito pouco retorna para a comunidade”, frisa. Caso semelhante é de Triunfo, líder no ranking per capita do RS.  Conforme Cíntia, o índice elevado é motivado pelas atividades do Polo Petroquímico.

Porém a cidade tem vasta população pobre e dificuldades para se desenvolver. “Se levarmos apenas o PIB e a população em consideração, seria como se todos ganhassem mais de R$ 100 mil/ano, o que não faz sentido”, avalia. Dos dez melhores colocados no ranking, cinco são produtores de petróleo.

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