As consequências do vírus zika preocupam autoridades da saúde. Ontem, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) confirmou o primeiro caso suspeito de microcefalia causada pela doença no RS. O caso aconteceu em Esteio e serve de alerta para a prevenção ao mosquito aedes aegypti.
Relatório da SES aponta a presença de focos do mosquito em 172 municípios gaúchos, nenhum deles no Vale do Taquari. Mesmo assim, a recomendação é de vigilância constante em todas as cidades do estado.
A enfermeira da Vigilância em Saúde de Estrela, Carmen Hentschke, afirma que o clima está favorável para proliferação do inseto, pois choveu muito no inverno e a temperatura elevada é propícia. Para ela, as embalagens plásticas espalhadas pelos terrenos são o principal perigo.
Parte das denúncias da comunidade sobre possíveis focos é motivada pela observação de piscinas com água parada em casas abandonadas. “Onde é mais sujo e escuro é menos provável que o mosquito da dengue se prolifere, pois sobrevive em água limpa, com oxigênio.”
Segundo o agente de endemias, Normélio Beuren, a atuação das vigilâncias é periódica, pois a existência de larvas do mosquito da dengue exige ação rápida. O controle dos 54 pontos de coleta no perímetro urbano é realizado de forma semanal.
Informações sobre a atuação são enviadas à 16ª Coordenadoria Regional de Saúde todas as sextas-feiras. Até o momento, foram notificados sete casos suspeitos do vírus zika no RS. Todos de pessoas que viajaram a outras regiões do país e voltaram com sintomas da doença.
Novo protocolo
O Ministério da Saúde divulgou nessa segunda-feira orientações e procedimentos para os casos suspeitos de microcefalia causados por zika. O protocolo regra o atendimento das gestantes desde o pré-natal até o desenvolvimento da criança.
O plano prevê a mobilização de gestores, especialistas e profissionais de saúde para a identificação precoce dos casos, além de cuidados especializados da gestante e do bebê. A medida amplia o acesso aos testes rápidos de gravidez.
A União estima investir entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões para que os testes estejam disponíveis em todas as unidades da Atenção Básica do país. O acompanhamento das gestantes ainda nos primeiros três meses de gravidez é considerado fundamental para a identificação de fatores de risco.
A intenção do Ministério da Saúde é antecipar os exames pré-natal para detectar o desenvolvimento do feto e dar assistência adequada às famílias.
As visitas dos agentes comunitários de saúde às gestantes serão mais frequentes. Os encontros, que ocorriam a cada 60 dias, deverão ser mensais. Os profissionais de saúde deverão investigar e registrar a ocorrência de sintomas da doença, como manchas vermelhas, febre e infecção.
O protocolo reforça a adoção do parto normal também para bebês com microcefalia. Recém-nascidos com suspeita de má-formação serão submetidos a exame físico, com a medição do perímetro cefálico, exames neurológicos e de imagem.
Também foram definidas diretrizes do programa de estimulação precoce aos nascidos com microcefalia. A proposta é iniciar ainda na maternidade tratamentos que reduzem os danos da má-formação.