O limite de velocidade nas imediações da aldeia caingangue, na BR-386, será controlado por duas lombadas eletrônicas. Os equipamentos foram instalados na semana passada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e dependem de aval do Inmetro para começar a multar. A aferição deve ocorrer nesta semana.
As lombadas, uma em cada lado da rodovia, estão a cerca de cem metros do acesso à tribo, onde quatro meninas indígenas morreram em acidente de trânsito no dia 19 de outubro. Os aparelhos já mostram a velocidade no momento em que o condutor passa e autuarão quando o limite superar os 60km/h permitidos.
A instalação dos equipamentos integra plano desenvolvido horas após o acidente, o qual teve intervenção do Ministério Público Federal. Na ocasião, integrantes da tribo, Executivo, Coordenadoria Regional de Educação (3ª CRE), Funai, Dnit e Polícia Rodoviária Federal (PRF) debateram medidas para diminuir a insegurança no trecho.
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Ficou definido, além de outros detalhes, que a partir da semana seguinte o transporte escolar buscaria as crianças dentro da aldeia, e não mais às margens da BR-386. Ao invés disso, a CRE passou a oferecer as aulas no local. A PRF também intensificou as fiscalizações por radar móvel.
A partir da aferição do Inmetro, serão dois trechos com controladores de velocidade no Vale do Taquari. Além de Estrela, há dois radares no acesso da rodovia federal para a ERS-128 (Via Láctea), em Fazenda Vilanova. Inspetor-chefe da 4ª delegacia da PRF, Adão Vilmar Madril ressalta que o valor da multa por excesso de velocidade varia de R$ 85,13 a R$ 574,62.
Acidente completa dois meses
As quatro meninas mortas no acidente do dia 19 de outubro, entre elas três irmãs e uma prima, aguardavam o transporte escolar às margens da BR-386, no acesso à tribo. Eram 6h40min. Nesse momento, o rodado de um caminhão se desprendeu e atingiu o grupo.
As irmãs Chaiane, 15, e Thais Lemes Soares, 9, e a prima Franciele dos Santos Soares, 14, morreram no local. Com o impacto, foram arremessadas para uma valeta. O rodado continuou rodopiando e parou quase 70 metros distantes. A terceira irmã, Anelize, 13, foi socorrida em estado grave. Permaneceu na UTI até o dia 30 de outubro, quando morreu.
O motorista do caminhão não parou para prestar socorro. Foi preso uma hora depois, em Tio Hugo, quando alegou não ter percebido o rodado se desprender. Ele e o dono da empresa acabaram indiciados por homicídio culposo, um para cada vítima. O condutor responde ainda por fuga do local do acidente e omissão.
