Símbolo de organização e da história da comunidade, o cemitério católico do centro foi alvo de vândalos na madrugada dessa terça-feira. Ao todo, 25 túmulos foram parcialmente destruídos, muitos datados de 1940. O ato causa inquietação entre moradores e motiva análise da paróquia São Francisco Xavier sobre reforço na segurança do ambiente.
De acordo com populares, um grupo foi avistado nas imediações por volta da meia-noite. Contudo, por não levantar suspeitas, ninguém acionou o policiamento. Das sepulturas danificadas, 24 são de crianças, algumas construídas há quase 70 anos, nas quais nomes e demais informações sobre a pessoa enterrada foram grafadas na pedra de areia.
As sepulturas infantis estão em uma área do cemitério escondida pela vegetação. Quem transita pela avenida 28 de Maio, via frontal ao ambiente, não consegue enxergá-las. Nem moradores do entorno têm visão sobre o espaço. “São estruturas históricas que não têm mais conserto”, lamenta o estudante Carlos Richter, 16.
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Ontem à tarde, o jovem acompanhou o amigo Oscar Herrmann, 17, que foi conferir o estrago na sepultura do avô, de mesmo nome. Único túmulo adulto danificado pelos vândalos, fica a poucos metros da antiga ala infantil. Foram quebradas parte da lápide, a caixa onde estavam os letreiros e uma pequena capela.
Herrmann não chegou a conhecer o avô, que morreu na década de 80. “O cemitério guarda lembranças de muitas pessoas, de muitas famílias. Não conseguimos entender como alguém consegue destruir isso”, destaca o adolescente. A família registrou o caso na polícia.
A paróquia entra em contato com as famílias para avisar sobre o ocorrido e orienta que os prejuízos sejam registrados em órgãos policiais. A direção debate medidas de segurança no espaço. Uma das possíveis mudanças, segundo o presidente Charles Thomas, é a restrição ao cemitério. Hoje o acesso é livre, tanto pela avenida como pela rua Guilherme Klein, na lateral.
A Brigada Militar reforça que qualquer atividade suspeita deve ser comunicada de imediato. Em nota, a administração municipal lamenta e condena o ato de vandalismo e se solidariza com os familiares que tiveram túmulos ou lápides de entes queridos danificados. O governo ressalta que situações como essa são um desrespeito à sociedade, reconhecida pelo seu estilo ordeiro e trabalhador.
Maior estrago da história
O cemitério católico conserva parte da história da colonização do município. Na entrada do espaço, à direita, há sepulturas com quase cem anos. Hoje, são mais de mil túmulos no local. De acordo com a paróquia, o ato de vandalismo dessa terça-feira foi o maior desde a criação do cemitério. Até então, havia apenas registros por furto de flores ou pequenos danos causados aos túmulos, como derrubada de estátuas.