AGV conclama empresariado para reação

Estado em debate

AGV conclama empresariado para reação

Presidente da entidade apresenta campanha que visa retomar a confiança dos gaúchos

AGV conclama empresariado para reação
oktober-2024

Afetada por uma grave crise de confiança, a economia gaúcha vive cenário de retração que afeta o desempenho da indústria e do comércio. Diante disso, associações empresariais iniciaram a Campanha #ReageRS. O tema foi abordado pelo presidente da Associação Gaúcha de Varejo, Vilson Noer, durante reunião-almoço ontem na Acil.

De acordo com Noer, a ideia surgiu a partir da expectativa do setor empresarial com a eleição do governador José Ivo Sartori. “Acreditávamos que nos mostraria um novo jeito de governar, com políticas diferentes das que causaram os problemas do estado.”

Ao perceberem que a mudança pretendida não seria realizada por parte do governo, as entidades decidiram discutir formas de reagir às dificuldades. Segundo Noer, os problemas foram agravados com as greves do funcionalismo ocorridas entre julho e setembro.

“Nosso estado parou nos últimos três meses, resultando em prejuízos nos resultados das empresas de todos os setores”, aponta. Conforme o presidente da AGV, a sensação de insegurança pela greve dos policiais foi amplificada por meio das redes sociais, resultando, por exemplo, em queda de 50% no movimento dos restaurantes.

“Muitos boatos absurdos foram divulgados e era preciso enfrentar isso para evitar a paralisação do consumo”, relata. Para os criadores da campanha, os problemas da economia estão ligados a essa falta de confiança e o medo precisa ser combatido para que a crise seja superada.

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O Vale como exemplo

O presidente da AGV defende a adoção de medidas de incentivo ao consumo. Para ele, o Vale é um exemplo a ser seguido devido às iniciativas como o Lajeado Brilha.“É uma proposta ousada e corajosa que consegue engajar toda a cidade”, ressalta. Conforme Noer, as iniciativas do interior têm mais chance de prosperar.

Considera que esse tipo de campanha fortalece o comércio e garante aumento na arrecadação municipal. Disse ainda que a região apresenta os menores índices de inadimplência do RS, o que reduz os impactos da crise.

Parceria institucional

Antes da palestra, o presidente da Acil, Alex Schmitt, assinou protocolo de parceria com a Associação Comercial e Industrial (ACI) de Santa Cruz do Sul. Conforme Schmitt, o convênio serve para unir os vales do Taquari e Rio Pardo.

“É importante que o estado veja os dois vales como uma única região, forte, produtiva e próspera”, enfatiza. De acordo com o presidente da Acil, a partir da parceria, associados poderão usufruir de benefícios oferecidos pelas duas entidades.

“Dinheiro parado só piora as coisas”

A Hora – Por que chegamos a essa crise de confiança? O que fazer para que as pessoas voltem a consumir e investir?
Vilson Noer – O dinheiro está aí, no estado e no país. Não desapareceu. Porém a percepção é muito forte no sentido de reduzir a confiança. A economia é movida pela confiança. Nos anos de 2005 a 2012, a economia avançou porque as pessoas acreditaram. Tinha emprego, a renda crescia e o crédito era muito barato. Os sinais eram positivos. Quando você sinaliza a possibilidade de desemprego, queda na renda, alta de juros para crédito, deixa de comprar. Como vou me comprometer com 24 parcelas nesse cenário? Mas o dinheiro está em algum lugar, seja no banco ou embaixo do colchão. Se eu não voltar a consumir, comprar e ir para a rua, estarei desempregando gente da minha casa pela minha falta de atitude. Dinheiro parado só piora as coisas.

Neste ano tivemos um avanço da inflação acima do previsto devido ao aumento de preços determinados pelo governo, como gasolina e eletricidade. O que esperar para 2016?
Noer – Para fazer frente aos custos, temos que tentar melhorar a nossa produtividade. Extrair mais e melhor das pessoas para que possam produzir mais. As estruturas das empresas precisam se adequar e reagir a esses aumentos. Ao mesmo tempo, sabemos que os custos de 2015 não se repetirão em 2016. Acredito que haverá um equilíbrio. Diante da análise de economistas, chegamos à conclusão de que a inflação de 2016 será menor do que a deste ano, o que é um alento para todos nós que vamos ao supermercado e percebemos os preços subindo.

Thiago Maurique

Qual medida necessária para que as empresas sobrevivam às variações do momento econômico?
Noer – Como temos um cenário de retração, as empresas têm que trabalhar a qualificação. As pessoas precisam estar preparadas para aumentos produtivos e melhorias tecnológicas. Desemprego é muito ruim, assim como a queda de renda. São cenários que precisam ser trabalhados e os grandes líderes da mudança são aqueles que estão à frente dos negócios. O empresariado é o grande responsável pela receita necessário para o estado e o país se desenvolver.

As novas formas de consumo, baseadas no compartilhamento, apontam para outros caminhos de desenvolvimento econômico?
Noer – É absolutamente necessário preparar o pessoal de vendas para conseguir capturar clientes por meio de uma resposta diferente para o consumidor. Acima de tudo, ele quer ser tratado de forma pessoal. Assim, mesmo pagando mais pelo meu produto ou serviço, ele sairá satisfeito. É preciso passar essa credibilidade para criar um diferencial em relação ao mercado. No caso do setor hoteleiro, vemos o surgimento dos novos conceitos. Então, se eu que tenho um hotel, preciso ter a capacidade de atrair pessoas. Talvez não pelo preço, mas pelo atendimento e pela inovação. É preciso mostrar algo diferente.

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