Jardel teve votos em todas cidades do Vale

Dia turbulento

Jardel teve votos em todas cidades do Vale

Deputado foi afastado das atividades parlamentares pelos próximos 180 dias

Jardel teve votos em todas cidades do Vale

O deputado estadual Mário Jardel Almeida Ribeiro (PSD) foi afastado do exercício da função pública por 180 dias. A determinação do Tribunal de Justiça (TJ-RS) atende a pedido do Ministério Público (MP) e foi entregue ao presidente da Assembleia Legislativa na sexta-feira de manhã. Ontem, grupo de investigadores cumpriu mandado na residência dele. Duas buchas de cocaína foram encontradas no local.

Conhecido pelas atuações como jogador do Grêmio entre 1995 e 1996, o parlamentar fez 1.013 votos nas 38 cidades da região. Em todo o estado, foram mais de 41 mil. No pedido de suspensão do exercício, o chefe do MP, Marcelo Dornelles, ressalta que as investigações mostram o “apego a qualquer possibilidade de lucrar às custas dos servidores comissionados e, de modo indireto, do erário”.

A Operação Gol Contra durou dois meses. Os investigadores Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriu mandados de busca e apreensão no gabinete do parlamentar e nas residências dele, da mãe e do irmão, além do endereço do chefe de gabinete, Roger Antônio Foresta, e das assessoras consideradas fantasmas pelo MP, Ana Bela Menezes Nunes e Flávia Nascimento Feitosa.

Jardel é suspeito de ser o principal beneficiário de uma estrutura criminosa dentro da Assembleia. De acordo com as investigações coordenadas pelo promotor de Justiça, Flávio Duarte, o chefe de gabinete seria o responsável por coordenar a arrecadação de parte dos salários dos demais servidores. Com o esquema, Jardel lucraria entre R$ 30 mil e R$ 50 mil mensais.

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Denúncias ocorreram após demissão da equipe

O MP tem uma gravação em vídeo realizada dentro do gabinete. Nas imagens, aparecem funcionários contando maços de dinheiro. No mesmo mês, o aluguel da casa da mãe e do irmão atrasou em cinco dias. Jardel ordenou que um dos seus assessores acertasse a conta. O funcionário pagou com cheque pré-datado e, segundo o MP, teria cobrado diárias fictícias para ressarcir o valor.

Outras viagens realizadas por Jardel e assessores teriam sido simuladas para arrecadar diárias de hotel e gastos com veículos. Também foram verificadas viagens de funcionários para resolver assuntos particulares. Em outubro, ele também gastou quase R$ 16 mil em diárias para viajar a Portugal e à Itália.

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Compra de drogas

Há indícios de que Jardel financiava o tráfico de drogas com dinheiro desviado da Assembleia. Gravações telefônicas flagraram diálogos do deputado com o marido de uma assessora fantasma. Filmagens mostram o homem entregando produtos na garagem do prédio do parlamentar.

Para solicitar o que o MP acredita ser cocaína, Jardel usava códigos como “picanha”, “cigarro” e “cerveja”. Nos grampos telefônicos, o deputado age de forma suspeita ao pedir que tais produtos sejam entregues em “um cantinho da garagem”. Em uma das gravações, no dia 1º de novembro, o MP flagrou uma ligação em que ele pergunta ao suspeito. “Tem como tu ligar pro teu amigo para pegar um cigarro?”

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