Os 90 dias vitais são definidos como o período de 60 dias antes do parto (secagem das vacas) até 30 dias após o mesmo. Nesse intervalo de tempo, a vaca passa por alterações fisiológicas e metabólicas. A transição bem-sucedida determinará o sucesso da produtividade e ajudará a melhorar a rentabilidade da propriedade.
Segundo o médico-veterinário Wagner Mitsuo Nagao de Abreu, o período de pré e pós-parto, definido como os 90 dias vitais da vaca, “é o alicerce que define a produtividade do animal para a próxima lactação.”
Segundo Abreu, é a época ideal para aplicar as vacinas e vermífugos, pois evita a interrupção da venda de leite. Nesse momento, o produtor muda a forma de manejo e ajusta a dieta alimentar. Aconselha a observar o comportamento das vacas após o parto. “Se o animal ciscar no alimento, estiver de cabeça baixa, está doente e precisa de tratamento.”
Chama atenção para o gerenciamento do balanço energético. De acordo com o especialista, durante a gestação e pós parto, o consumo de alimentos é sempre menor do que a energia gasta. Isso provoca um desequilíbrio, que pode resultar em doenças, aumento do intervalo para a vaca entrar no cio e elevação dos custos com medicamentos.
“Precisamos reduzir a intensidade e a duração deste ciclo. O bem-estar, acompanhamento técnico e uma boa dieta alimentar ajudam a reduzir os riscos e os custos.”
Pesquisas apontam que 50% do rebanho registra um caso de mastite durante a lactação, a metade verificada nos 30 dias após o parto. Além da perda financeira, Abreu alerta para a redução de até mil litros de leite durante o ciclo produtivo. A gestão e a formulação de dietas são componentes importantes na gestão do potencial de produção da vaca e do seu bem-estar.
As vacinas são importantes medidas de controle de doenças sendo aplicadas em momentos estratégicos no período dos 90 dias vitais. A dieta devidamente formulada, e em ambiente limpo, e decisões de manejo são importantes para restaurar a competência do sistema imunológico da vaca o mais rápido possível após o parto.
Elas trabalham com o sistema imunológico adquirido para ajudar a prevenir doenças respiratórias e reprodutivas na próxima lactação. Programas de controle de mastite são implementados para evitar novas infecções e para sarar as existentes.
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Melhor taxa de reprodução
Leandro Diedrich, de Capitão, busca uma solução para o baixo índice de reprodução do rebanho. O intervalo chega a 18 meses em alguns animais. “Achei que era a alimentação ou a qualidade do sêmen. Conversando com um veterinário, percebi que preciso mudar o manejo e proporcionar mais bem-estar. Tudo interfere.”
Diedrich mantém um plantel de 30 animais, cuja produção diária chega a 500 litros, vendidos ao preço médio de R$ 0,93 o litro. Outra dúvida esclarecida foi quanto à confecção de silagem e seu armazenamento. Na próxima safra, adotará cuidados considerados fundamentais pelo técnico para oferecer ao gado um alimento de qualidade e com alto índice de proteínas. “Observarei o período de maturação do milho, a umidade, a temperatura e o local onde deposito a matéria-prima.”
Gestão e infraestrutura
Na propriedade de André e Flávia Schorr, em Mato Leitão, a atividade leiteira se transformou na principal fonte de lucro faz dez anos. Na época, em parceria com o pai de André, o plantel era de 15 animais, cuja produção diária era de 200 litros, média de 13 por vaca.
Há um ano, investiram R$ 350 mil em infraestrutura, ordenha mecanizada, sanidade, nutrição, genética e gestão. Os números mudaram. No free-stall, estão alojadas 55 vacas leiteiras. A média produzida por dia chega a 25. “Mudamos a forma de gerenciar e cuidar do rebanho. Tudo é calculado na ponta do lápis.”
Outra mudança diz respeito ao Programa de Controle Reprodutivo do rebanho. Exames ginecológicos e diagnósticos de gestação são realizados por ultrassonografia e a utilização da IATF acelera a eficiência do rebanho.
Schorr também prioriza o bem- estar dos animais. Foram instalados ventiladores, cochos de água,camas, cortinas e sistema de aspersão e nebulização de água para evitar o estresse calórico. “Nas antigas instalações o calor provocava baixo consumo alimentar e a produtividade caía até 20%. Hoje aumentou em 10%.”