Menos frutas no pomar

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Menos frutas no pomar

Excesso de chuva, calor fora de época, granizo, geada e vendavais prejudicam o rendimento nos pessegueiros. No Vale do Taquari, perdas se aproximam de 80%. Se não bastasse, o ataque de doenças como a podridão parda reduz a qualidade e o preço.

Menos frutas no pomar
oktober-2024

A safra de pêssego registra prejuízos devido às condições meteorológicas desfavoráveis. Para a indústria, é uma das piores dos últimos dez anos. Geada e granizo prejudicaram o desenvolvimento. Conforme levantamento da Emater Regional de Lajeado, a projeção inicial era de colher mil toneladas no Vale do Taquari. Após as intempéries, essa estimativa caiu para apenas 400 toneladas.

Segundo o engenheiro agrônomo, Derli Bonine, o principal motivo para as perdas foi a ausência de frio, o que provocou brotações e florações irregulares. “Quando veio frio tardio em setembro, houve geada, chuva em excesso, vento e granizo. A maioria dos pomares foi devastada.”

Em Arvorezinha, a produtividade prevista está em seis toneladas por hectare, frente as dez ton/ha inicialmente previstas. Em Roca Sales, onde estão em colheita as variedades premier, chimarrita, chiripá e aurora, as perdas calculadas pelos técnicos da Emater se aproximam de 80%. Em Vale Real, principal produtor do Vale do Caí, o excesso de chuvas no período de maturação dos frutos provoca queda de 70% no rendimento.

A incidência da podridão parda, principal doença fúngica dos pomares de pêssegos, é elevada nesta safra. As causas são a falta de tratamentos, em função do excesso de chuvas, e as machucaduras causadas pelo granizo. Mesmo com uma produtividade menor, o preço da fruta não registra aumento. “Varia entre R$ 2,50 e R$ 3, dependendo da qualidade.”

São em torno de 50 produtores na região, cuja área cultivada é de 74 hectares. A safra iniciou em outubro e se estende até dezembro. Além da venda in natura, parte das frutas é destinada para confecção de compotas e schmiers.

Área será reduzida

O produtor Irto Marmentini afirma que perdeu um número considerável de frutas porque o pomar foi atingido pelo granizo quando o pêssego estava em formação. Mesmo assim, acumula uma queda de 70% no pomar de cinco hectares onde cultiva as variedades pampeano, premier, vanguarda e chimarrita. “Frio fora de época, chuvas, granizo, tudo influenciou. Das 600 caixas (20 quilos cada) previstas, vou colher apenas 250.”

Embora o preço do quilo tenha registrado um aumento de 50% em algumas variedades e chegue a R$ 5, o prejuízo é inevitável. Outra dificuldade é a ausência de mão de obra. Neste ano contratou um funcionário de Erechim. O gasto diário é de R$ 100. “Em dez anos pretendo parar com a fruticultura que hoje ocupa 21 hectares.”

Pior safra desde 2005

Em Pelotas, principal polo de produção de pêssegos em conservas, as 13 indústrias de doces estimam processar 50 milhões de latas. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas (Sindocopel), Paulo Crochemore, os frutos maduros, quando descascados e partidos, mostram aproveitamento de apenas 35%, tirando os pedaços com feridas e danos.”

Mesmo com os lucros menores e aumento no preço dos insumos (latas e açúcares), o valor pago ao produtor terá um acréscimo de quase 50%. Em consequência, Paulo já estima que a lata chegue aos atacadistas a R$ 4,70 em média e com mais 70% sobre esse preço ao consumidor. “Ainda é menor do que se fosse importado.”

Em Pelotas, há 700 produtores, totalizando três mil hectares. A região é responsável por 95,3% da área e produção de pêssegos tipo indústria no RS. No Brasil, são 21.326 hectares de pêssego segundo o Censo Agropecuário do IBGE. O maior produtor e consumidor da fruta é a China.

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