Cerveja artesanal conquista apreciadores

Comportamento

Cerveja artesanal conquista apreciadores

Combinação de malte, lúpulo e fermento ganha diferencial feita artesanalmente. Resulta em bebida pura e encorpada. Receitas trazem sabores que despertam curiosidade

Cerveja artesanal conquista apreciadores

O primeiro contato do homem com o processo de fermentação de cereais aconteceu de maneira inusitada. Do contato com a água, gerou-se o álcool. No Brasil, a cerveja demorou a chegar. Foi impedida pelos portugueses, pois temiam perder mercado dos vinhos. Foi trazida pela família real ao se mudar para sua nova colônia.

Hoje, são mais de 300 cervejarias artesanais em todo o Brasil. Só no RS, há mais de 50 com regularização. O cervejeiro é considerado artesanal quando produz em panelas, e não tem equipamento industrializado. A Nano Cervejaria faz cerca de mil litros por mês. A microcervejaria vai de dois mil a 30 mil litros.

Em Estrela, os amigos Luís Carlos Cardias, Luiz Bregolin e Luciano Agostini fundaram a Confraria ABC Beer. Tudo começou quando descobriram ser possível produzir cerveja artesanal em casa. “Duvidei um pouco no início”, conta Cardias. A data da primeira produção ficou marcada: dia 10 de outubro de 2010. Ocorreu em uma casa de praia, com equipamento emprestado.

A cozinha própria foi montada aos poucos. Hoje, se intitulam os primeiros cervejeiros caseiros de Estrela a produzir a quantidade expressiva de 120 litros. De 2010 até agora, fizeram cerca de 3, 7 mil litros de cerveja artesanal. O conhecimento veio de pesquisas e viagens. “Fizemos tour cervejeiro até fora do país.” As receitas seguidas são da escola alemã. Usam basicamente água, malte, lúpulo e fermento.

Para experimentar sabores diferentes, as receitas vêm das escolas belgas, americanas e inglesas. Usam mel, coentro, casca de laranja e frutas. Tudo feito na cozinha é cronometrado e anotado. Se atingirem o sabor perfeito, conseguem repetir o processo, esclarece Bregolin.

Para o grupo, a fascinação pela cerveja artesanal vem de se tomar algo puro, com 100% de malte. O processo tornou-se familiar, contam. “As mulheres, filhos e amigos são quase mais apaixonados por cerveja que nós.” Para Cardias, a cerveja artesanal veio para ficar e busca participação no mercado. “O diferencial é de beber menos, mas com qualidade.”

Amizade prevalece

Exclusividade sempre foi a ambição da Confraria Ratzbier, de Lajeado. Desde 2009, ano da fundação, o desafio era trazer para o Vale do Taquari cervejas que na época não eram encontradas nem na capital.

Um restaurante da região, cedido pelo proprietário, foi o espaço necessário para o início de uma marca e conceito, hoje conhecida em todo o estado. Na época, a tarefa era simplória. Faziam apenas degustação de cervejas e harmonizavam com pratos oferecidos no local.

Com o tempo, a curiosidade moveu os confrades. Começaram a se interessar pelos cursos de cervejeiros. Os primeiros eram ministrados em Porto Alegre Depois da prática ser mais difundida, a Univates passou a oferecer o curso de cerveja artesanal no Vale do Taquari. Logo a ideia se espalhou.

Na época, saíram do restaurante e passaram a frequentar uma das cabanas do Parque Histórico, cedido pela Administração Municipal de Lajeado. Mas a produção não podia ser feita lá. Depois, passaram a ocupar casa cedida pelo presidente da Confraria na época. Foi quando compraram equipamento com capacidade para fazer 130 litros de cerveja artesanal.

Mesmo com rotatividade de participantes dentro da Confraria, uma parte do grupo está unida desde o começo. Além das amizades, aproveitam para trocar experiências e aprendizados. Nos jantares, sempre degustam uma cerveja produzida por alguém do grupo, harmonizada com um prato.

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Cozinha como segunda casa

Márcio Braun, 28, divide o tempo entre o trabalho no escritório de arquitetura em Estrela e o hobby de confeccionar cerveja. Tudo começou em 2012. Ele e um amigo, motivados pelo desafio de produzir a própria bebida, resolveram aprender.

O início foi desafiador. Reuniram alguns equipamentos e, na garagem da casa de Braun, iniciaram a fabricação. Tudo parecia improviso, mas o sentimento de perfeição prevaleceu e mais dois amigos se juntaram. O espaço ficou pequeno. Conseguiram então outro ambiente, emprestado do pai de um dos cervejeiros.

Na nova cozinha, deixavam panelas, fermentadores e barris. Estava apropriado para fabricação.  Começaram os investimentos. Trocaram o piso e pintaram as paredes, tornando o ambiente ideal para estocagem do malte, lúpulo e fermento. A geladeira, adquirida recentemente, ajuda na fermentação controlada e maturação das cervejas.

A cada mês aprimoram e modificam algo, pois querem facilitar a produção e melhorar a qualidade da cerveja. A equipe aumentou. Estão agora em cinco pessoas. A produção de cerveja tem objetivos definidos. Serve para reunir os amigos, fazer churrasco e aproveitar o momento, avisa Braun. “A cozinha é nossa segunda casa.”

A produção é semanal. Das três visitas à cozinha, uma delas é dedicada à produção, enquanto as outras ao acompanhamento. Fazem até 60 litros por mês, dependendo do estilo da cerveja. Conhecimento precisa ser a palavra-chave de quem quer se aprimorar na preparação da cerveja. Por isso, os amigos aproveitam a experiência do movimento dos cervejeiros americanos e aperfeiçoam as técnicas. Tudo vem dos livros e de soluções criativas da internet, garante Braun.

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