Números divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, demonstram o avanço do desemprego. Outubro teve o pior desempenho do ano em contratações na microrregião Lajeado/Estrela, resultando no fechamento de 541 postos de trabalho. Pelo sétimo mês seguido, o número de demissões supera o de admissões.
Enquanto na maioria dos municípios pequenos o quadro se mantém estável ou positivo, nas cidades maiores o índice de demissões segue em alta. Em Teutônia, por exemplo, foram encerrados 179 postos no mês passado. Empresas locais contrataram 271 trabalhadores, mas desligaram 450.
O pior saldo ocorre na indústria de transformação de alimentos. Foram demitidas 69 pessoas e admitidas apenas 12. O setor calçadista enfrenta situação semelhante e contabiliza a perda de 39 vagas. O comércio varejista fechou outros 15 postos de trabalho no período. De acordo com o secretário da Indústria e Comércio de Teutônia, empresário José Mirto Petter, a redução no poder aquisitivo dos consumidores impacta de forma direta na geração de empregos. “O custo de vida está muito elevado e as pessoas assumiram dívidas. Comprando menos, é natural que as empresas reduzam o quadro funcional.”
Na indústria de transformação, destaca, as empresas estão cada vez mais automatizadas. Com isso, dispensam a procura por mão de obra qualificada e se desoneram de encargos trabalhistas. “Vemos muito disto, por exemplo, no setor de alimentação. Uma máquina faz o serviço de 15 pessoas.” Em cenário semelhante está Taquari, onde o saldo negativo de empregos ficou em 127 no mês passado. A maioria no comércio varejista: 64. Setores da indústria de transformação, serviços e agropecuária, extração vegetal, caça e pesca também aparecem na lista.
Lajeado e Estrela também encerraram outubro com mais demissões que admissões. Saldo negativo de 94 e 85, respectivamente. No primeiro caso, a indústria de transformação mostrou maior retração, com 89 postos de trabalho fechados. Em Estrela, a construção civil teve o maior número de desligamentos.
Déficit acumulado
De janeiro a março, a microrregião totalizava a abertura de 1.520 postos de trabalho. Mas, desde então, todos os meses tiveram déficit. Nesses dez primeiros meses do ano, foram contratadas 36,6 mil pessoas e demitidas 37,4, resultando em saldo negativo de 877. Julho teve o pior desempenho: menos 717.
A situação era diferente no mesmo período do ano passado. Empresas da microrregião empregaram 45.515 pessoas entre janeiro e outubro. Foram demitidas 42.390 nesses dez meses, totalizando a abertura de 3,1 mil postos de trabalho. A região acompanha cenário nacional. Apenas no mês passado foram fechadas 169 mil vagas no país, o pior outubro desde 1992. Desde janeiro, o déficit soma 898,7 mil. No estado, no mesmo período, o saldo está em 60,3 mil negativo.
Vagas em aberto
Apesar do fechamento de postos de trabalho, as agências FGTAS/Sine acumulam 4.434 vagas de emprego em todo o estado. A maioria para atuar na linha de produção, no abate de animais, como operador de caixa ou vendedor no comércio varejista. Contudo, grande maioria das contratações esbarra na falta de qualificação dos candidatos.
Na agência FGTAS/Sine de Lajeado, são ofertadas 54 vagas, número considerado baixo pelo coordenador Oilquer Soares dos Santos. Além disso, não há nenhuma para trabalho temporário de fim de ano. “A situação está preocupante. Nos próximos dias faremos uma reunião para verificar de que forma conseguiremos empregar mais gente.”
Uma das situações que atrapalha a oferta de mais vagas de trabalho, ressalta o coordenador, é que muitas empresas deixam de comunicar à agência a oferta de espaços. Fazem apenas divulgação interna. Há um mês, diante da dificuldade de conseguir empregar candidatos, a agência de Lajeado participou pela primeira vez do Emprega RS. Sete empresas ofertaram 57 vagas em mutirão realizado na câmara de vereadores. Foram 230 inscrições de interessados.
