Mil vozes entoam o canto da tradição

Canto Coral

Mil vozes entoam o canto da tradição

Evento terá participação especial de Renato Borghetti e representantes regionais do canto coral

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Participantes dos grupos de canto coral da região se reúnem hoje na sede da Associação da Água, no bairro Languiru, em Teutônia. Durante a noite, ocorre o concerto de encerramento do Projeto Encontro dos Corais Edição Vale do Taquari, com entrada gratuita e início previsto para as 20h30mim. Cerca de mil vozes compõem a apresentação. Entre os destaques da programação, as exibições do Coral Apollo de Marques de Souza e Coral Novo Brilho, de Travesseiro. Além dos artistas do canto coral, o evento terá a participação do músico Renato Borghetti e do tenor mirim de Encantado Vitor Delazeri e da Orquestra de Teutônia.

Durante o encerramento, todos os corais participam de exibições com Borghetti. São esperados cerca de 300 grupos regionais. Desde o início do ano, eles participaram de workshops focados no desenvolvimento de técnica vocal, empreendedorismo cultura e história do canto coral. Os treinamentos ocorreram em dez municípios da região.

O evento desta noite também marca a segunda etapa do projeto. Ele será documentado em vídeo, como parte da iniciativa de tornar o canto coral patrimônio imaterial gaúcho. No repertório do espetáculo, estão composições como Canto do Capadócio, Lembrança da Nossa Terra e Trenzinho Caipira, de Heitor Villa-Lobos ou, ainda, criações de Milton Nascimento. Durante toda a noite, a ervateira Ximango disponibiliza erva-mate e água quente.

O projeto é uma promoção do A Hora, financiado pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio das empresas: Bebidas Fruki, Calçados Beira Rio, Distribui dora de Produtos de Petróleo Charrua, Docile Alimentos, Bremil, PavSolo Construtora, Baldo e Grupo Imec.

“É preciso  romper barreiras”

Para o regente Paulo Haas, a falta de contato com um público mais diversificado reduz a popularidade dos corais. Aliado a isso, indica a falta de incentivo ao canto entre os jovens. “Na verdade, às vezes, falta oportunidade de mostrar o que é o canto coral. As apresentações abrangem um público muito restrito.” Um agravante para o regente é a mudança cultural da sociedade. Com rotinas cada vez mais exigentes, afirma, muitos jovens não têm tempo ou disposição para assumir compromisso com os grupos. De acordo com ele, uma forma de estimular o gosto pelo canto seria o ensino das técnicas nas escolas.

Faz dez anos, Haas está à frente de uma iniciativa que destoa do perfil geral dos corais. Com o Coro Juvenil Novo Brilho, de Travesseiro, ele reuniu cerca de 20 jovens cantores.  Apesar de manter o projeto ativo, o regente relata a dificuldade de reposição dos integrantes a cada ano. O número de integrantes passou de 30 nos últimos seis anos. Para ele, o desenvolvimento do Encontro de Corais é uma forma de trazer novos adeptos. “Para o canto avançar, é preciso romper barreiras. Hoje, temos poucos cantores, e o jovem não está tão ligado à produção cultural, fica difícil revelar novos talentos.”

A exemplo das orquestras

O músico Renato Borghetti compara a busca de renovação dosorais do Vale do Taquari ao processo desenvolvido por diferentes orquestras. No estado, o instituto que leva o nome do artista mantém oito escolas voltadas à fabricação e aulas de acordeão diatônico, a gaita de oito baixos, instrumento simbólico dentro da cultura gaúcha.

A Hora – Na sua avaliação, qual a importância deste tipo de trabalho desenvolvido no Vale do Taquari para o resgate histórico do canto coral?  Renato Borghetti – Quando se fala em resgate, quase sempre se tem a ideia de que é preciso um poder de convencimento para que aceitem a proposta, mas não é bem assim. As pessoas têm um interesse natural por isso, assim como pela gaita ou outros instrumentos.

Com a conclusão do projeto, espera algum efeito indireto em outros corais gaúchos?
Borghetti – Para isso, principalmente, tem que se ter um cuidado grande com a tradição regional e associar isso com a qualidade da apresentação. Eventos que promovem isso são bons, mas é importante ter matéria-prima de qualidade, até para se garantir boas apresentações.

Quais as dificuldades para a continuidade dessa modalidade de canto no estado?
Borghetti – Acho que era mais difícil 20 anos atrás. Hoje, com a era da informação, está tudo mais acessível. Antes, tinha que ficar quase garimpando referências. É um momento muito interessante, pela facilidade que a tecnologia proporciona.

Como os corais e sociedades de canto podem atrair o interesse de jovens cantores?
Borghetti – Essa dificuldade é muito comum com orquestras também. É preciso avaliação. Elas não vão abrir mão de repertório clássico, mas podem agregar outras modalidades de música. Ter um que chame a atenção do jovem facilita muito. Com arranjos bem-feitos e a escolha certa, funciona.

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