Estudo aponta uso de drogas nas estradas

Na estrada

Estudo aponta uso de drogas nas estradas

Exame toxicológico será obrigatório em todo o país a partir de 1º de janeiro

O consumo de drogas por motoristas de caminhões preocupa as autoridades. Estudo do Ministério do Trabalho mostrou que um em cada três motoristas usam estimulantes, como cocaína e anfetamina (o popular rebite), para se manter acordado e cumprir os prazos de entrega. A pesquisa retomou a polêmica sobre os exames toxicológicos exigidos para a contratações de motoristas e renovação de habilitações.

A partir de janeiro de 2016, as CNHs das categorias C, D e E só serão concedidas com a realização de teste em laboratórios credenciados pelo Denatran. O levantamento mostra a cocaína como a substância mais utilizada nas estradas. Resquícios da droga apareceram em 73% dos testes realizados. O rebite apareceu em 18% dos exames averiguados.  O consumo de estimulantes é conhecido pelos caminhoneiros. Natural de Santa Catarina, Marcos Hilgert, 35, alega nunca ter usado nenhuma substância, mas conhece colegas que usam drogas para se manter acordado durante os trajetos.

Segundo ele, a maioria dos motoristas que percorre distâncias maiores consome rebites e outros compostos, em especial durante à noite. “Alguns colegas comentam que é a única forma de manter o ritmo das viagens.” Morador de Teutônia e caminhoneiro faz nove anos, Doraci Moreira, 40, defende o controle por meio de exame toxicológico. Para ele, a medida afasta das estradas usuários do rebite e de outras drogas capazes de oferecer risco aos demais motoristas.

“Nunca vi ninguém tomar rebite ou outras coisas mais pesadas, mas ouço falarem sobre isso. Alguns conhecidos assumem o uso”, afirma. Ele estima em 40% o número de profissionais usuários de substâncias psicoativas. Conforme Moreira, até pouco tempo a substância mais utilizada era o rebite, mas nos últimos anos percebe aumento no consumo de cocaína nas estradas. “O objetivo é o mesmo, não dormir, mas as consequências são ainda piores e temos visto muita gente cometendo loucura nas estradas.”

Mesmo sendo favorável aos exames, reclama do aumento no custo para a renovação da carteira por causa do teste. “São mais R$ 400 de gastos”, calcula. Um motorista de Cruz Alta com 12 anos de profissão critica a exigência para motoristas sem histórico com drogas ou de alcoolismo. “As pessoas corretas acabam pagando pelos errados”, afirma. Ele cobra mais fiscalização nos pontos de venda de entorpecentes. Alega que mesmo quem não é usuário é abordado por vendedores em diversos locais movimentados da estrada. Para o caminhoneiro, a nova lei deve reduzir o consumo, resultando em rodovias mais seguras.

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Empresa exige exames

Proprietário de uma tranportadora de Lajeado, Valmor Scapini defende a aplicação do teste, mas ressalta o número restrito de centros de análises aptos a realizar um exame dessa complexidade. “É preciso credenciar mais laboratórios, permitindo a realização em todas as cidades.”

Conforme Scapini, o consumo de drogas por motoristas é maior do que o verificado nos estudos sobre o tema. Segundo ele, isso teria motivado a empresa a adotar um programa próprio de testes preventivos.  “Implementamos faz 20 anos o exame chamado Gama GT, com base na coleta de sangue, e temos etilômetros para inibir o consumo de bebidas alcoólicas”, assegura. Além disso, exames de urina aleatórios são realizados de forma periódica.

De acordo com Scapini, a preocupação com o álcool e as drogas é comum entre os empresários do setor. Segundo ele, as seleções de emprego têm grande número de candidatos, mas faltam profissionais qualificados e idôneos. “O uso nas estradas preocupa muito, por isso, temos um processo seletivo criterioso.”

Como é feito o teste

Conhecido como exame de queratina, o teste é realizado por meio de fios de cabelo, unhas ou amostra de pele do condutor.  A análise é capaz de detectar substâncias usadas até 90 dias antes da coleta.  Entre os produtos detectados, estão maconha, morfina, heroína, ecstasy (MDMA e MDA), ópio, codeína, anfetamina e metanfetamina, cocaína e as derivadas, como o crack.

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