Crise deve ser desmistificada, diz Jachetti

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Crise deve ser desmistificada, diz Jachetti

Empresário preside o Sinduscom

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O Presidente do Sinduscom-VT, Roberto Jachetti, foi reconduzido para mais dois anos à frente da entidade. Aclamado para comandar o sindicato, Jachetti defende a desmistificação da crise econômica alardeada no país. Para ele, os problemas são muito mais de ordem moral, no campo da político, e de confiança na esfera econômica. “Não é como na época da hiperinflação, quando ninguém tinha dinheiro. Existe procura e faltam produtos no mercado.”

Conforme o empresário, o mercado imobiliário regional começou a sentir efeitos do momento econômico nos últimos meses. Ressalta que as vendas continuam ocorrendo, mas há clientes mais exigentes no momento de decidir a compra. Apesar das perspectivas de queda nas vendas de imóveis em âmbito nacional, destaca os bons resultados obtidos no Vale.

Segundo Jachetti, a diversificação da economia e o crescimento das cidades provocam um cenário favorável em relação às demais regiões.  O presidente do Sinduscom-VT considera que o setor passa por um momento de ajuste após um crescimento desenfreado nos últimos anos. “O mercado existe, está se movimentando e se regulará sozinho”, avalia. Para Jachetti, o papel do sindicato é orientar a categoria e as pessoas que dependem do setor para reinventar os investimentos seguindo as tendências do mercado.

“Não adianta fazer o imóvel certo no lugar errado”

Especialistas apontam o setor da construção civil como um dos mais afetados pela crise. Como você percebe os efeitos deste momento econômico no Vale?
Roberto Jachetti – A crise é sentida pelo setor nos últimos dois ou três meses. Em conversas com superintendentes de bancos responsáveis por linhas de crédito habitacional, comenta-se que a nossa região foi muito menos afetada em relação às demais. Para eles, isso ocorre porque o custo do imóvel no Vale não é tão elevado e tem melhor qualidade na comparação com outras regiões. Somado a isso, temos uma mão de obra qualificada, que trabalha muito e se reinventa.

O que o segmento precisa fazer para superar o momento de incerteza na economia?
Jachetti – Na verdade, existe muito mais uma crise moral, motivada por problemas políticos. Isso resultou em uma crise de confiança. Temos alguns paradigmas nessa questão. O setor foi afetado, mas temos produtos em falta no mercado da construção civil. Muitos clientes continuam comprando, mas de forma mais segmentada. O que afetou o setor são alguns imóveis construídos sem planejamento, sem arquitetura, em localizações inadequadas. Não adianta fazer o imóvel certo no lugar errado ou o imóvel errado no lugar certo. Muita gente virou construtor.

As restrições no crédito imobiliário atrapalharam as vendas? Como a atuação do Sinduscom pode ajudar no desenvolvimento do setor?
Jachetti – Existe o crédito, mas está mais difícil de ter acesso. Estão qualificando a venda do crédito, mas a nossa região tem os menores índices de inadimplência e é onde a quitação dos contratos ocorre em menos tempo. Poucas pessoas não têm acesso às linhas de financiamentos no Vale. Claro que não adianta tentar comprar um Mercedes se você tiver condição de comprar um Fusca. Mas as cidades crescem, isso é visível, e o setor está se reinventando. O sindicato tem de mostrar para o segmento a importância de inovar e trabalhar com qualidade, de investir em mão de obra qualificada. Também continuar realizando os cursos de formação, como já temos feito.

Nos últimos anos, houve um grande crescimento no setor da construção civil, resultando inclusive em problemas como falta de mão de obra. Na sua opinião, o momento é de regulação de um mercado que estava fora de controle?
Jachetti – Está mais fácil de trabalhar porque o cliente de hoje tem mais cautela e sabe o que quer. Por isso, compra de quem confia. Surgiu muita gente nova no setor nos últimos anos, alguns muito bons no que fazem. Mas a falta de mão de obra e esse assédio à construção civil fez com surgirem algumas coisas desordenadas. O cliente de hoje quer uma planta bem elaborada e saber de quem está comprando. Esse balizador quem fará é o mercado. As pessoas têm poder de compra e quem deixar de investir hoje para comprar depois encontrará preços mais altos. Ainda estamos segurando os preços para não repassar os custos da inflação, mas por pouco tempo.

Quais as perspectivas da construção civil para os próximos dois anos? Quais os planos do sindicato para o biênio 2016/17?
Jachetti – Sabemos que não serão anos de crescimento, mas acreditamos na continuidade das vendas. Fui em uma palestra com um economista que aposta em recuperação da economia já em março. Hoje, as pessoas estão mais preocupadas em não reduzir. O Sinduscom-VT tratará de dar suporte para a categoria e as pessoas que cercam o setor, no sentido de desmistificar essa crise. É uma questão muito mais de confiança do que qualquer outra coisa. As pessoas estão em dúvida quanto a fazer investimentos. Mas se você tem condições e precisa comprar por que não? Isso não é só no nosso setor, mas em todos. Existe uma tendência de decréscimo no setor imobiliário em todo o país, mas nossas cidades têm problemas com falta de produtos. Faremos pesquisas de mercado para reinventar os investimentos. Com isso, poderemos saber mais precisamente o que fazer e onde fazer.

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