Falta de amparo dificulta fim das agressões

Violência contra a mulher

Falta de amparo dificulta fim das agressões

Para delegada, Estado precisa implantar rede de proteção para romper com a violência

Vale do Taquari – A Univates sediou ontem a quarta edição do Fórum Regional de Combate à Violência contra a Mulher. O evento deste ano abordou os avanços alcançados por meio da rede de proteção às vítimas e a alteração no Código Penal que incluiu o feminicídio como agravante nos casos de assassinato. À tarde houve roda de conversa sobre a rede regional de combate à violência de gênero. Participaram a professora e psicóloga Priscila Pavan Detoni, a estudante de Psicologia Gabriela Kunzler, a assistente social e coordenadora do Creas Ana Paula Ely e a delegada da Mulher Marina Machado Dillenburg.
Priscila enalteceu a participação da universidade no debate sobre o tema. Para ela, o assunto ainda precisa estar mais presente no cotidiano das universidades e da própria sociedade. “Nós mulheres ainda lutamos pelos direitos básicos de igualdade, liberdade e humanidade.” Marina falou sobre os mecanismos
da rede de proteção criada a partir da Lei Maria da Penha. Segundo a delegada, no momento em que a vítima chega em uma delegacia, a primeira medida é de acolhimento. “Elas chegam traumatizadas, machucadas ou mesmo sangrando.”
No caso de crimes sexuais ou com lesões, há encaminhamento para exames de corpo de delito. Após são esclarecidas as consequências da ocorrência. Conforme Marina, o momento é importante porque, a depender do crime, não é possível retirar a queixa posteriormente. O passo seguinte é a emissão deuma medida protetiva, que obriga o afastamento do agressor por pelo menos 48 horas. Neste período, ele não pode entrar em contato com a vítima ou seus filhos de nenhuma forma e deve respeitar uma distância mínima da casa da família. Porém Marina relata que a medidapor si só não garante a integridade física das mulheres. Segundo ela, é importante romper o ciclo de agressões, assegurando o acompanhando tanto da vítima quanto do agressor. “Por isso a rede de proteção é tão importante”, aponta. Conforme a delegada, problema não deve ser enfrentado apenas na esfera policial, e as mulheres precisam do amparo dos demais setores da sociedade.

Ciclo de violência

A delegada apontou casos de mulheres que retomaram o convívio com companheiros violentos e acabaram estigmatizadas, principalmente nos locais onde não existem delegacias especializadas ou uma rede de proteção. Para ela, o mito de que uma mulher “gosta de apanhar” por retomar esse tipo de relacionamento está relacionado à falta de proteção do Estado. “Acabam aprendendo a amar dessa forma porque têm filhos e dependem economicamente desse agressor.” Segundo Marina, as vítimas se sujeitam a essas situações diantem da falta de amparo do poder público. “Sem apoio, não se sabe nem por onde começar a romper
esse ciclo de violência. Entre ficar sem os filhos e apanhar, optam por se manter nessa situação.” Conforme a delegada, a Lei Maria da Penha e o aumento da pena em caso de feminicídio contribuem para reduzir os casos de violência, mas ainda são insuficientes para impedir que os casos se repitam.

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