Dado Schneider abre congresso de branding

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Dado Schneider abre congresso de branding

Criador da marca Claro abordou mudanças da revolução tecnológica em palestra

Lajeado
oktober-2024

Lajeado – A Univates recebe até este sábado, o II Congresso Internacional de Marcas/Branding. O evento foi aberto ontem e teve como principal atração a palestra com o doutor em Comunicação Social, Dado Schneider.

Crédito: Anderson LopesCriador da marca Claro, Schneider realizou a explanação “A marca muda. E a palestra muda (2.0).” Na primeira parte do painel o palestrante se manteve calado enquanto apresentava slides com frases sobre o cenário criado a partir da revolução tecnológica.

A metodologia foi criada para chamar a atenção de alunos cada vez mais dispersos com o advento das novas tecnologias. “No início eram os torpedos SMS, depois os laptops e hoje são os smartphones e tablets.”

O professor decidiu fazer apresentações do texto que seria lido em aula. As abordagens eram projetadas na tela em grande velocidade, ao som de músicas conhecidas na sala escura como um cinema.

“Comecei a perceber que os conteúdos da parte muda eram mais lembrados do que os da parte falada”, lembra. A inserção das músicas também ajudam na absorção dos conteúdos, observa.

Essa mesma metodologia passou a ser aplicada nas palestras, que acabaram se tornando destaque no país.

Conforme o professor, todas as apresentações são atualizadas de acordo com a temática a ser trabalhada no evento. Por esse motivo, a gestão de marcas foi o principal assunto de ontem.

Tem gente descobrindo a roda, esquecendo que os outros usam a roda há muito tempo.”

A Hora – Quais as principais mudanças trazidas pela revolução tecnológicas na gestão de marcas?

Dado Schneider – Essa nova era bagunçou completamente a forma com que se construía marcas. Se antes já não havia uma regra, agora não tem nada e elas estão ficando velhas muito rapidamente. No século 20 e nos primeiros anos desse século, as marcas demoravam mais tempo para envelhecer na cabeça das pessoas. A mudança ocorreu fazem de sete a oito anos, o que coincide com a explosão do facebook.

– O facebook é o responsável por essa nova realidade?

Schneider – Ele catapultou as redes sociais. O Orkut não tinha o mesmo impacto que o facebook em nível mundial, mas foram as pessoas que mudaram por meio das redes sociais e isso bagunçou a gestão de marcas. Porém, os jovens que nasceram no meio digital não sabem o poder que a mídia tradicional ainda tem. Ela ainda é um canhão, mas precisa compor com os meios digitais. Algumas estratégias que não fazem uso dos meios digitais ainda funcionam, mas não sei se funcionarão em cinco anos.

– Como se manter atualizado diante da enxurrada de informações rápidas?

Schneider – A velocidade das mudanças torna tudo muito perecível, inclusive o conhecimento que temos sobre como construir marcas. Quando eu dava aula em 1995, falava uma coisa de dez anos antes, e ainda havia uma certa atualidade. Demorava para mudar um conceito. Hoje, eu não suporto minhas palestras de 2010. Porque o que eu falei naquela época já não vale. Por isso, tudo o que eu disser aqui pode não funcionar ano que vem.

– Isso fez com que acabassem as fórmulas prontas?

Schneider – Sim, mas tem gente nova, que não tem repertório, cultura ou vivência, e pensa que agora tudo se resume a um determinado assunto. Essas pessoas passam a vender soluções prontas para determinados assuntos. É como se um vendedor de remédio para gripe oferecesse o mesmo medicamento para todas as doenças. Apresentam a mesma solução para diferentes problemas.

– A nova geração mais propensa a cometer esses erros?

Schneider – É pior do que a geração anterior, que era mais cabeça dura, porque não possuem conhecimento aprofundado. Tem gente descobrindo a roda, esquecendo que os outros usam a roda há muito tempo. Então formam-se gurus e ideias sem consistência. Elegem e idolatram coisas que estão recém começando e ignoram coisas que funcionam há muito tempo por pura falta de conhecimento do que já aconteceu. Por isso eu sempre digo que o mundo não começou quando essas pessoas nasceram. Infelizmente elas tem uma grande resistência em reconhecer as coisas do passado.

– Qual o exemplo disso?

Schneider – Tem uma coisa que sempre funcionou, que é contar histórias. Sempre fui um bom professor porque sei contar histórias. Fui um publicitário bem sucedido por isso. Agora surgiu o termo Storytelling. E agora, tudo é Storytelling e tem gente acha que isso foi inventado nessa década. Só inventaram essa porcaria de termo em inglês, porque é uma coisa que sempre fizemos. Aí aparecem pessoas sem ter um ano de experiência, dizendo ser especialista em Storytelling. E acabam cultuados por isso.

Programação

O II Congresso Internacional de Gestão de Marcas segue hoje com palestras de Jaime Troiano e Cecília Russo. Os dois falarão sobre extensão de marcas e criação de valor, a partir das 19h30min, no auditório do Prédio 7.

No sábado, 3, Martha Gabriel encerra o congresso ao abordar Transmedia Storytelling em Negócios – a arte de encantar para vender. A apresentação ocorre a partir das 9h, no mesmo local.

Além das palestras, a programação do evento tem ainda quatro painéis, sete workshops, além da apresentação de mais de cem trabalhos científicos nos grupos de pesquisa.

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