Acidentes vitimam 15 motociclistas no ano

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Acidentes vitimam 15 motociclistas no ano

Aumento de 75% da frota em oito anos, falta de preparo e desrespeito são entraves

Vale do Taquari

Vale do Taquari – Mais de 500 motociclistas e caroneiros morreram nas estradas gaúchas no ano passado, média semelhante a dos anos anteriores. De janeiro a agosto, morreram 290 condutores e 25 caroneiros. A maioria é jovem.

ARQUIVO A HORANo Vale do Taquari, foram 15 óbitos: quatro em Teutônia, dois em Progresso, dois em Marques de Souza, dois em Estrela, e os demais em Travesseiro, Fazenda Vilanova, Cruzeiro do Sul, Lajeado e Encantado. Do total, 12 são homens. A média de idade é de 25 anos. Entre os principais motivos, está colisão com automóveis.

O caso mais recente aconteceu nessa terça-feira, em Estrela. Ivanise Maria Mallmann, 45, moradora de Linha São Jacó, colidiu sua motocicleta Biz em um automóvel, na rua Coronel Brito, na região central do município. Na semana passada, o arroio-meense Maico Blasi, 23, morreu ao colidir sua motocicleta em um carro parado no semáforo, na ERS-130, em Lajeado. Com o impacto, ele foi projetado para a via do sentido contrário, onde foi atropelado por um automóvel.

A recorrência assusta. Coordenador da Campanha Maio Amarelo, o tenente-coronel Ordeli Savedra Gomes chama a atenção para a vulnerabilidade de motociclistas, pedestres e ciclistas. Esses representam 55% dos óbitos no trânsito estadual. Apesar de totalizar apenas 1/4 da frota, significam quase 75% dos recursos liberados pelo seguro DPVAT.

Pelo Código de Trânsito, os motoristas de veículos maiores são responsáveis pelos menores. No entanto, as estatísticas demonstram que a lei não funciona na prática. Para Gomes, é preciso estabelecer políticas para os vulneráveis. “O motorista de um carro e de um caminhão precisa se colocar no lugar do motociclista para perceber a vulnerabilidade dele. Saber que ele pode morrer”, afirma. “Precisamos trabalhar essa cultura de cuidado.”

Para diminuir os riscos, Gomes reforça a necessidade de equipamentos adequados. O motociclista precisa usar roupas adequadas, como calça jeans e jaqueta, para diminuir os danos causados por uma queda.

Essas roupas também devem chamar a atenção pela cor ou reflexo. Farol sempre ligado é outra medida que deve ser utilizada para o veículo ficar visível.

A principal medida, segundo Gomes, é comprar um capacete de qualidade, e nunca negligenciar seu uso em detrimento da pressa.

Em termos de conduta, o zigue-zague e troca rápida de faixas, principalmente na cidade, é um risco que deve ser evitado. Com esse movimento, o motorista de um veículo pode não perceber a chegada da motocicleta.

Frota cresce 75% desde 2007

Cerca de 4,7 milhões de automóveis circulam no RS. O Detran prevê quase o dobro para 2020. Desde 2007, o número de automóveis em circulação no RS cresceu 75%. Passou de 38,6 veículos para cada cem habitantes, em 2008, para 40,5 em 2009, e 44 em 2010.

No Vale do Taquari, a média é de 49 veículos para cada grupo de cem pessoas. Lajeado ocupa a quinta colocação no índice de motorização do RS. Há 58,8 veículos para cada cem habitantes.

Sistema ultrapassado

O crescimento desordenado das cidades frente ao aumento da frota de veículos impacta na segurança dos usuários. A maioria das cidades apresenta um sistema viário ultrapassado, afirma o engenheiro especialista em tráfego e segurança no trabalho, Rui Voldinei Pires. “Vias não foram projetadas para receber tantos veículos.”
Com tanta disputa por espaço, diz, se abre margem para acidentes. Segundo o especialista, faltam investimentos em projetos de engenharia de tráfego, fiscalização e programas permanentes de educação para o trânsito, da pré-escola à universidade. “Temos que desenvolver uma cultura de segurança.”

Pires atribui uma parcela dos acidentes envolvendo motocicletas à falta de preparo dos condutores e à mudança de comportamento dos usuários do trânsito. “As aulas teóricas e práticas não preparam um condutor de motocicleta como deveriam”, diz.

Para o engenheiro, faltam aulas práticas nas vias públicas para o aluno aprender a aplicar conhecimentos teóricos e a vivenciar com os diversos modais, com as condições adversas como chuva, sol, noite e vias não pavimentadas.

Rodovias estaduais

O Grupo Rodoviário da Brigada Militar (BM) de Cruzeiro do Sul registrou três óbitos de motociclistas neste ano, de um total de oito acidentes fatais. Em 2014, também foram registrados oito acidentes com óbitos, mas apenas com automóveis e caminhões. Para o grupo de Encantado, foi o inverso. Morreram três motociclistas em 2014 e nenhum neste ano.

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