Contran torna opcional o uso de extintor

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Contran torna opcional o uso de extintor

Depois de 45 anos, equipamento deixa de ser obrigatório em determinados veículos

Brasil

País – O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) decidiu, ontem de manhã, tornar optativo o uso de extintores de incêndio em carros, camionetas, caminhonetes e triciclos de cabine fechada. A legislação decorreu de uma avaliação técnica feita ao longo de 90 dias, seguida de consulta aos setores envolvidos. A obrigatoriedade havia sido estabelecida em 1970.

Crédito: Anderson LopsA mudança ocorre faltando menos de duas semanas para o novo prazo da exigência dos extintores ABC, destinados a combater fogo da classe A (sólidos combustíveis) B (líquidos e gases combustíveis) e C (equipamentos elétricos energizados). Tal cobrança começaria em janeiro, mas, na época, o Contran postergou a data para 1º de outubro.

De acordo com o diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e presidente do conselho, Alberto Angerami, a prorrogação teve objetivo de dar prazo para reuniões com os setores envolvidos. “Fizemos encontros com representantes dos fabricantes, Corpo de Bombeiros e da indústria automobilística, que resultaram na decisão de tornar opcional o uso do extintor.”

Para os fabricantes, era necessário um maior prazo para atender a demanda dos equipamentos, cerca de três a quatro anos. Mas para o presidente do Contran tal justificativa era dada pelas indústrias há mais de uma década. A Associação Brasileira de Engenharia Automotiva apontou que dos 800 incêndios em veículos cobertos por seguros apenas em 3% dos casos os extintores foram usados.

Conforme os estudos e pesquisas realizados pelo Denatran, as inovações tecnológicas introduzidas nos veículos ao longo dos últimos anos resultaram maior segurança contra incêndios. Entre elas, aponta o departamento, o corte automático de combustível em caso de colisão, posicionamento do tanque de combustível fora do espaço dos passageiros e o menor risco de inflamação dos materiais e revestimentos.

Exigência continua

A regra permanece para todos os veículos utilizados de forma comercial para o transporte de passageiros, caminhões, caminhão-trator, micro-ônibus e aqueles destinados à condução de produtos inflamáveis, líquidos e gasosos. Quem for flagrado sem o equipamento, ou se ele estiver com validade vencida, será multado em R$ 127,69, com cinco pontos na carteira de habitação.

O uso obrigatório do extintor em automóveis é mais comum nos países da América do Sul, como Uruguai, Argentina e Chile. Nos Estados Unidos e na maioria das nações europeias, por exemplo, não existe tal exigência.

As autoridades consideram que a falta de treinamento e o despreparo dos motoristas para o manuseio do equipamento geram mais riscos de danos a pessoas do que o próprio incêndio acarreta. Além disso, nos chamados “test crash” realizados na Europa, ficou comprovado que tanto o extintor como seu suporte provocam fraturas em passageiros e condutores.

Indefinição gera críticas

Apesar de proprietários de veículos estarem isentos da obrigação de portar os novos extintores ABC, muitos já haviam comprado o novo equipamento. “Deixaram para anunciar essa mudança na última hora. Se tivessem decidido antes, muita gente teria economizado”, relata o motorista Romeu dos Santos Rodrigues, 53, de Lajeado.

Há quase um mês, ele investiu cerca de R$ 100 na compra do novo acessório para o veículo. Como o tempo de validade do extintor é de cinco anos, Rodrigues permanecerá com ele no carro. “Depois disso não vou mais comprar, pois dirijo há quase 30 anos e nunca precisei usar.”gera críticas

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