Iniciativa discute preservação da história

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Iniciativa discute preservação da história

Cidades Criativas e Construmóbil realçam necessidade de manter patrimônio

Lajeado
oktober-2024

Lajeado – Diante das ruínas de um dos principais prédios da cidade, na pioneira rua Oswaldo Aranha, empresários, arquitetos, promotor de Justiça, agentes públicos e líderes comunitários discutiram formas de preservar o que resta do patrimônio cultural, histórico e arquitetônico. Dificuldades enfrentadas pelos proprietários dos imóveis são principais entraves.

Crédito: Rodrigo MartiniO encontro de ontem, realizado dentro da programação da Construmóbil 2015, e denominado “Café no Prédio Histórico”, teve como principal objetivo alertar para os problemas da má conservação dos imóveis antigos. “Antes de tudo, é preciso que a sociedade sinta que certas coisas fazem parte da história”, afirma o historiador João Timótheo.

Para ele, a discussão é urgente. “Já existem prédios históricos completamente destruídos. É salutar que iniciamos o quanto antes a discussão sobre a preservação da história, sob risco de perdê-la por completo.” Segundo a secretária de Planejamento (Seplan), Marta Peixoto, restam 20 dos prédios que constavam no inventário produzido no início da década de 90.

Diana Künzel, bióloga integrante da comissão organizadora, fala do receio demonstrado por muitos em relação aos termos e ações previstas nos tombamentos. Participantes cobram projeto de lei para incentivar os proprietários de imóveis antigos a buscarem a preservação. “As pessoas têm uma má ideia, achando que isso pode atrapalhar planos para o imóvel.”

Como exemplo, os participantes citam a Casa de Cultura, onde o município precisa respeitar uma linha perimetral em torno do prédio tombado. “É difícil para as zonas vizinhas. A própria prefeitura tinha projeto para oito pavimentos, mas a legislação não permite que ultrapasse a altura do prédio tombado. Dificulta, mas é necessária essa visão de preservar o entorno.”

De acordo com o presidente da Comitê do Centro Histórico, Ítalo Reali, é preciso bom senso. “Há exemplos de proprietários de prédios antigos que precisavam realizar reformas, até para evitar acidentes, mas que enfrentam dificuldades.” A arquiteta Adriana Machado lembra que é possível negociar algumas reformas, respeitando características das edificações.

Marco do abandono

A antiga residência de Bruno Born é um marco do descaso. Durante anos, a proprietária não contou com subsídios ou apoio para auxiliar na conservação do prédio. Com a saída dos antigos moradores, usuários de drogas e moradores de ruas “adotaram” o local.

No dia 12 de setembro de 2013, um incêndio atingiu o prédio, e pouco sobrou da quase centenária edificação. Sótão, telhado, pisos de madeira, vigas de ferro e paredes foram danificados. A fachada histórica também sofreu avarias. Agora, há projeto da Seplan para restauração do imóvel.

Mais da metade perdida

Durante o governo de Leopoldo Feldens, no início da década de 90, a administração municipal encomendou o primeiro inventário histórico. Desde então, só um prédio foi tombado pelo Iphan.

Aquele documento compilava os imóveis mais antigos edificados em Lajeado. Na época, eram 45 prédios catalogados. Hoje, restam só 20 deles erguidos. “Muitos foram demolidos na calada da noite”, lamenta Marta Peixoto.

A feira será lembrada”

Para o presidente da Construmóbil, Clecio Vargas, um dos principais objetivos da feira é ser lembrada como um marco na mudança de pensamento sobre a preservação da história. “Quero que daqui a 15 ou 20 anos o evento fique lembrado como o início dessa mudança”, diz. Cita ainda que a comunidade precisa valorizar mais as raízes dos antepassados.

A Construmóbil 2015 ocorre entre os dias 22 e 27, e outras ações ainda serão realizadas. Entre elas, um novo encontro no Jardim Botânico. O objetivo dessas intervenções é refletir sobre o tema da feira deste ano Cidades Criativas. O evento é uma realização da Acil e governo de Lajeado.

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