Estrela Multifeira desperta interesses sobre uso do Porto

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Estrela Multifeira desperta interesses sobre uso do Porto

Caído no esquecimento ao longo das últimas décadas, o Porto Fluvial de Estrela ressurge. Com 38 anos e capaz de movimentar até três milhões de toneladas por ano, o complexo foi apresentado a mais de 30 mil pessoas durante a Estrela Multifeira. Além de oportunizar negócios e entretenimento ao público, o evento abriu uma gama de oportunidades à estrutura portuária.

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Estrela – A aposta de transferir a Estrela Multifeira da área central para o Porto Fluvial de Estrela foi considerada positiva pela organização. Onde até poucas semanas restavam apenas marcas da ociosidade e abandono do complexo portuário, ergueram-se pavilhões e estandes para recepcionar cerca de 30 mil pessoas durante os quatro dias do evento. Pela primeira vez desde a inauguração, em 1977, a sociedade pôde conhecer de perto o espaço.

Crédito: DivulgaçãoSucesso na visão dos organizadores e da maioria do público e de expositores, a feira satisfez ainda a Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) do Estado. Na avaliação do diretor de Hidrovias da SPH, Cristiano Nogueira da Rosa, a Multifeira serviu de vitrina ao Porto. “A comunidade não conhecia o ambiente, que por muitos anos ficou de portas fechadas. Mostrou-se a capacidade da estrutura de absorver negócios voltados à logística.”

Diversos foram os contatos de empresários durante a feira buscando mais informações sobre o Porto e a viabilidade de transportar mercadorias pelo Rio Taquari. De acordo com Rosa, há negócios com grande possibilidade de acerto. Entre eles, com a Ambev para descarregamentos periódicos de cevada, cargas que na sequência seriam enviadas para a maltariaem Passo Fundo. Além disso, há tratativas com grupo de suíços ligados à empresa Camera.

A SPH quer aproveitar a publicidade dada pela Multifeira para buscar novos investidores. “Queremos nos valer do fato de que estão comentando sobre o Porto e a feira em todas as regiões do Rio Grande do Sul”, enfatiza o diretor de hidrovias. A partir de agora, iniciam diálogos com empresários do Vale do Taquari que já trabalham com exportação.

Presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC-VT), Ito Lanius, considera a Multifeira como um “divisor de águas” para agilizar os planos de melhor aproveitar do transporte de mercadorias pelo rio.

Ele enfatiza os esforços ao longo dos últimos dois anos para que a administração do Porto de Estrela passasse ao Estado. “Todos os trabalhos desenvolvidos por entidades e parlamentares em relação ao porto estão convergindo. Essa ideia está amadurecendo e temos que continuar apostando nela”, ressalta.

Multimodal de transportes

Lanius ressalta o potencial de transportes existente no Vale do Taquari, ao citar ainda os modais ferroviário e rodoviário. Apesar disso, avalia, é preciso trabalhar de forma a condicionar uma junção de toda a logística. Mas trata-se de um sistema complexo, pondera, pois não basta apenas contar com as redes de transporte. É preciso atender a demanda do empreendedor.

Para viabilizar tal plano, foi protocolado na semana passada pela Administração Municipal de Estrela junto ao governo gaúcho, pedido para utilização de uma área de 12 hectares ao lado do Porto.

O município pretende implantar no espaço um porto seco, integrando assim os três modais. “Com isso teremos todas as condições para aprimorar o empresariado e atrair empreendedores. Seria um ganho imenso ao Vale do Taquari”, define o prefeito Carlos Rafael Mallmann.

Feira tem salto de crescimento

A Estrela Multifeira chegou à quarta edição. Pela primeira vez, deixou o centro. O último evento, realizado a cada dois anos, ocorreu no Centro Comunitário Cristo Rei e em parte da rua Júlio de Castilhos. Neste ano, chamaram atenção a diversidade de expositores e o espaço disponível ao público para circular.

O pavilhão destinado à Feira Comercial, Industrial e de Serviços foi montado em um dos prédios do Porto. Com 2,6 mil metros quadrados, o espaço reuniu 98 estandes. O restante da Multifeira ocorreu em estruturas temporárias erguidas na área externa.

Segundo expositores, o evento oportunizou a apresentação de inovações em produtos e serviços, como ocorreu no caso dos 31 feirantes de máquinas e veículos. Sete empresas fizeram do Multifeirão das Concessionárias uma grande oportunidade de vendas e prospecção de negócios.

Além de potencial das empresas de comércio e indústria, o evento apresentou uma mostra do que se produz na área rural. A Feira de Animais foi um dos setores mais visitados e despertou grande atenção das pessoas, em especial pela diversidade de espécies.

Acompanharam as vendas uma série de atrações, desde provas do Campeonato de Motonáutica, Exposição de Carros Antigos, Feira da Agroindústria Familiar, apresentações no palco e outros atrativos. O presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços (Cacis) de Estrela, Verno Arend, comemorou o resultado do evento, associado ao tempo recorde em que foi organizado. “Fizemos tudo isso em menos de três meses. Tem que ter muita força de trabalho e disposição.”

Vale ganha um novo centro de eventos”

Debatida com líderes locais, a ideia de transferir o evento para o Porto de Estrela ganhou importante apoio do prefeito Carlos Rafael Mallmann. Para ele, a mudança foi positiva por aproximar empresariado e população da estrutura portuária.

A Hora – A Feira atraiu cerca de 30 mil pessoas e agradou, na grande maioria, público e expositores. Quais os principais pontos positivos da Multifeira realizada no Porto?

Carlos Rafael Mallmann – Quando pensamos em fazer a Feira no Porto foi para chamar a atenção de todo o Estado para a importância que a estrutura tem ao município e todo o Vale do Taquari. Foi um sucesso de organização. Ela ajudou a divulgar o Porto de Estrela, as empresas do município e da região.

Nos surpreendemos com o tamanho do evento, com toda a repercussão, com o número de visitantes. Isso mostra que o Vale do Taquari ganhou também um novo centro de eventos, onde existe toda infraestrutura necessária. Já tivemos várias consultas para futuros eventos no local, em especial da iniciativa privada, como para a realização de shows de porte nacional.

O ambiente comporta grande público e está longe de moradias, minimizando os impactos com a vizinhança. Mesmo o porto operando em pleno, é possível conciliar o espaço com as feiras. Então acho que esse caminho é bem tranquilo a ser seguido.

Quais os principais legados deixados pela Multifeira, tanto para as futuras feiras como para o Porto de Estrela?

Mallmann – Deixamos um legado de admiração do público com o Porto de Estrela. Vai ser muito difícil tirarmos a Multifeira do local. Agora é sentar com a diretoria da SPH para construir isso em conjunto e agendar as datas para usar o espaço sem que se comprometa a operação do Porto.

A Multifeira ajudou a dar visibilidade ao espaço. O governo do Estado vem trabalhando para buscar alguns operadores privados para que efetivamente se opere a questão logística, pois não basta apenas nossa vontade. O papel do setor público é manter a estrutura para ela ser operada, para entrar a vez da iniciativa privada.

Na semana passada, esteve aqui a diretoria de logística da Ambev. Eles têm duas maltarias no RS, em Porto Alegre e Passo Fundo, e importam toda a cevada da Argentina. Ao invés de descarregar parte da carga no Porto de Rio Grande, estudam fazer esse transporte até Estrela.

Opinião

O sucesso da Multifeira ratifica o acerto em transferir o evento para o Porto. Ao mesmo tempo, despertou na sociedade regional a dimensão do gigante adormecido, abandonado à própria sorte.
Afora os resultados econômicos e sociais da Multifeira, o grande legado que fica é a necessidade de ampliar a mobilização regional a favor de um uso mais eficaz da estrutura portuária, e transformá-la em potencial econômico e de transporte para o Vale do Taquari

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