Falta de repasses obriga novos cortes

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Falta de repasses obriga novos cortes

Secretários e prefeito abdicam de 20% do salário e suspendem contrato de mídia

Vale do Taquari
oktober-2024

Cruzeiro do Sul – A dificuldade financeira em virtude da queda na arrecadação e da falta de repasses dos governos estadual e federal força o governo a adotar novas medidas de contenção de despesas. Ontem, prefeito e os oito secretários decidiram devolver 20% dos salários a serem recebidos nos próximos quatro meses e suspender o contrato com a assessoria de imprensa.

Crédito: Camila Scheibel/DivulgaçãoO grupo se reuniu às 13h30min para debater o assunto. A decisão foi em comum acordo, garante o prefeito César Leandro Marmitt, o “Dingola”. “Chegamos a um limite de caixa e como faltam alguns meses para fecharmos as contas, precisamos nos precaver.”

A medida começa a valer com os vencimentos relativos a setembro, cujo pagamento ocorre no último dia útil do mês, e se estende até dezembro. O salário mensal pago ao prefeito é de R$ 14,1 mil. Com a medida, deixará de ganhar cerca de R$ 2,8 mil. Cada secretário recebe R$ 5,3 mil e terá descontado quase R$ 1 mil. Até o fim do ano, a economia deve atingir R$ 45,5 mil.

Em relação ao contrato para divulgação das ações feitas pelo governo, projeta-se redução de quase R$ 8 mil nos gastos nestes quatro meses. Na metade do ano, o prefeito Dingola já havia decretado uma série de medidas para economizar. Entre elas, o turno único no Parque de Máquinas. Por meio da ação, o município estima redução de 20% no consumo de combustíveis e melhor aproveitamento do tempo de serviço.

De acordo com o prefeito, a situação financeira do município se agrava ao passo que Estado e União deixam de repassar recursos. Dessa forma, o Executivo precisa retirar dinheiro de outras áreas para cobrir as despesas. “Um exemplo disso é o hospital. Faz meses que estamos mantendo ele por conta própria”, aponta Dingola.

Apesar dos percalços nas finanças, destaca o prefeito, o município consegue manter o pleno funcionamento das atividades na Saúde e Educação. “Estamos cortando onde conseguimos para não mexer nessas secretarias.” Apenas em situação extrema, antecipa Dingola, o governo cogitará reduzir gastos nas duas áreas.

Decisão extrema no Norte gaúcho

Em Barra do Rio do Sul, o prefeito Ivonei Márcio Caovila exonerou os sete secretários nesta semana. O gestor ainda decidiu tirar do governo o chefe de obras e três coordenadores de departamentos.

No segundo mandato à frente do Executivo, justifica a decisão para possibilitar a continuidade dos investimentos públicos. Caovila cita que está em construção uma escola e um posto de saúde. Além disso, ruas são asfaltadas e produtores rurais dependem de repasses, pois são a base da economia local.

Economia com os cortes

• Subsídio do prefeito reduz de R$ 14,1 mil para

R$ 11,3 mil. Medida gera economia de R$ 2,8 mil.

• Secretários recebem R$ 5,3 mil e receberão R$ 4,3 mil. Economia de R$ 1 mil.

• Contrato com assessoria de imprensa de R$ 8 mil foi suspenso até o fim do ano.

Governo prevê economia de R$ 53,5 mil durante os próximos quatro meses.

Opinião

Em época de revisão nas projeções de crescimento do país, ajuste fiscal, aumento de impostos e falta de dinheiro para o funcionalismo do RS, a medida adotada pelo Executivo de Cruzeiro do Sul serve como exemplo.

É provável que a decisão não resolva todos os problemas financeiros do município, mas merece reconhecimento pela vontade. Não é só pela economia, mas pelo gesto.

Situação similar ocorre na capital federal, onde cobra-se redução dos ministérios. Sabe-se que cortar ministérios não solucionaria as finanças da União, mas ao menos seria clara demonstração de interesse em resolver o problema do país e não apenas remediar com aumento

de taxas e tributos.

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