Dólar sobe e altera mercado interno

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Dólar sobe e altera mercado interno

Especialista prevê novos aumentos e mudança no comportamento de consumidores

Vale do Taquari
oktober-2024

Vale do Taquari – O dólar comercial chega a R$ 3,90, encarece produtos importados e altera setores do mercado interno. A desvalorização do real frente à moeda estrangeira acumula 75% desde setembro de 2014. O problema se agrava pela inflação acima de 8% registrada em 2015. Eletrônicos, máquinas, insumos agrícolas e alimentos são as mercadorias mais impactadas.

Leonardo HeislerComerciantes da região procuram estratégias para repassar apenas parte do prejuízo ao consumidor. De acordo com o proprietário da Casa Nostra, Dornei Luis Delazeri, o preço de vinhos e cervejas importados aumentou, em média, 20%. “Ficamos apreensivos, pois o salário não aumentou tanto”, relata. “Não podemos repassar todo o aumento. Precisamos vender.”

Diante da instabilidade da moeda, uma das estratégias adotadas é aumentar o estoque quando o câmbio é favorável. No entanto, a eficácia é de curto prazo, diz.

Segundo Delazeri, há margem para negociar descontos com o importador, e assim dividir o prejuízo. “Se eu não vender, o fornecedor também não vende”, relata o comerciante.

Outra medida é atrair os clientes por meio de promoções. Alguns vinhos têm 40% de desconto. Com preços mais atrativos, marcas nacionais ganham mais espaço na prateleira.

Produtos com matéria-prima estrangeira também são afetados. O pão francês e a massa encarecem diante da insuficiente produção de trigo no país. Em um ano, o pão aumentou em cerca de 10%. Os preços variam no mercado.

Situação semelhante é percebida na agroindústria: adubos e defensivos agrícolas representam até 50% do custo de produção. O resultado é o encarecimento de hortaliças, legumes e verduras. Algumas marcas importadas de chocolates, biscoitos, queijos, e as compras para as datas comemorativas do fim do ano devem sofrer o repasse da escalada no câmbio.

Agências de turismo são afetadas

O rebaixamento da nota de grau do investimento do país pela Standard & Poor’s afetou o câmbio. Apesar de o Banco Central anunciar medidas para conter a alta do dólar, a moeda passará de R$ 4 nas próximas semanas, afirmam especialistas.

O dólar turismo se aproxima de R$ 4,40. Nas casas de câmbio, o euro já passa de R$ 5. Para quem já está com viagem marcada para o exterior, a dica é não esperar para trocar a moeda.

A desvalorização do real diante das moedas estrangeiras deve alterar os roteiros de viagens. A proprietária da agência Brasil Viagens, Iedi Schnorr, percebeu aumento da procura por pacotes ao Nordeste.

No entanto, afirma que a demanda por viagens ao exterior ainda não diminuiu. “Muitos clientes tinham dólar e euro guardados.” Outra opção encontrada por turistas, diz, é procurar destinos onde a moeda está abaixo dos R$ 3. É o caso do Canadá.

Exportação

Embaladas pelo aumento do dólar, indústrias da região veem chances de aumentar as vendas e conquistar mercado internacional. Quanto maior a nacionalização do produto, maior a margem de lucro, pois dispensa prejuízos pela importação de insumos.

No entanto, a maior oferta de produtos no exterior diminui a oferta no mercado interno, o que encarece o produto.

Graças à reabertura do mercado russo, a exportação de carne suína cresceu 14% no ano, enquanto a de frango subiu 6%.

Diante do aumento dos custos, a receita se manteve estável. O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Nestor Freiberger, observa que o cenário é favorável à carne bovina, já que o Brasil exporta para vários países e está em vias de abrir novas fronteiras.

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