Vale do Taquari – Novos atos contra o governo Sartori marcaram o quarto dia da greve dos servidores. Em Encantado, manifestantes impediram a saída de viaturas da Brigada Militar e realizaram caminhada até a residência do presidente da Assembleia Legislativa (AL), Edson Brum.
Em manifestação liderada por servidores da Susepe, com participação de representantes das demais categorias, a ERS-130 foi bloqueada entre as 9h15min e às 10h45min, resultando em congestionamento de cerca de 500 metros nos dois sentidos da estrada.
Na quarta feira à noite, uma barreira de pneus foi queimada na mesma rodovia, em Arroio do Meio. O ato não teve a autoria identificada, mas provocou um acidente envolvendo dois veículos, mas sem feridos.
De acordo com o sargento da reserva da BM, Armando Bicca, o protesto de Encantado teve participação de policiais civis e militares, agentes da Susepe e professores. Eles bloquearam a rua em frente ao 22º BPM e impediram a saída de viaturas, provocando o aquartelamento dos PMs.
O grupo saiu em marcha pelas ruas da cidade e se deslocou até a casa do presidente da AL, Edson Brum, onde pendurou cartazes em protesto ao parcelamento de salários. Sem policiamento ostensivo, as agências bancárias do município se mantiveram fechadas.
Segundo Bicca, a decisão de ir até a residência do parlamentar se deve às discrepâncias no tratamento ao funcionalismo. Ele entende que o parcelamento atinge apenas o baixo escalão do Executivo, enquanto outros setores e mesmo alguns secretários do estado continuam recebendo verbas e salários integralmente.
Cumprindo atividades na Expointer, Brum disse saber do protesto. O parlamentar acha natural a indignação dos servidores e garante respeitar todo tipo de manifestação, desde que seja ordeira.
“Sabemos que o clima é tenso e somos solidários com o funcionalismo”, assegura. Brum afirma que, como presidente da AL, recebe diariamente representantes das categorias afetadas com o parcelamento.
Problemas na Susepe
Categoria que liderou manifestação em Lajeado, os agentes penitenciários reclamam da falta de recursos para o cumprimento do serviço. De acordo com Luís Carlos Garcia dos Santos, até mesmo a alimentação dos presos está sendo restrita por falta de repasses.
Conforme Santos, clima na penitenciária está tenso, mas ainda não foram registrados incidentes maiores. “O problema é que estamos com armamento obsoleto e viaturas e demais materiais em situação precária.”
As visitas estão liberadas, mas a entrada de objetos está restrita. O agente não sabe por quanto tempo a categoria conseguirá manter a situação. “Se não resolver essa situação dos salários, vamos bloquear as visitas. São mais de cem penitenciárias no estado e todos os apenados se rebelarão por um direito que é deles.”
Confusão nos bombeiros
Os manifestantes de Lajeado também protestaram em frente ao quartel do Corpo de Bombeiros. O comandante da corporação, tenente José Augusto Pohlmann, tentou impedir o bloqueio de veículos utilizados em situações de socorro e os ânimos ficaram exaltados. A confusão foi filmada e publicada na internet.
Segundo o comandante, a gravação registra apenas o momento da discussão e não mostra a negociação com os grevistas.
“Foram quatro ou cinco integrantes do movimento que não entenderam a situação e não quiseram ceder”, relata. Conforme Pohlmann, após a discussão, houve acordo com os manifestantes.
Ficou definido que não serão realizadas saídas para vistorias ou situações que não configurem emergência.
Greve Segue hoje
Em assembleia unificada ontem à tarde, os servidores decidiram manter a paralisação hoje. Pelo menos 40 categorias votaram pela extensão da greve por mais um dia.
As associações que representam a BM prometem continuar com bloqueios aos batalhões na próxima semana.O sindicato dos professores decidiu continuar a paralisação até o dia 11, data do pagamento da segunda parcela dos salários.
A Federação dos Servidores Gaúchos (Fessergs) faz uma avaliação no fim da tarde de hoje para decidir se a greve segue na próxima semana para as demais categorias.
