Lajeado – O juiz de Direito, Paulo Meneghetti, assumiu, ontem de manhã, como titular da 2ª Vara Criminal do Foro de Lajeado. A cerimônia, que reuniu líderes políticos, comunitários e das áreas de segurança pública e jurídica, foi marcada pelos discursos de união e apoio da sociedade, em especial se tratando do presídio estadual instalado na cidade.
Diretor do Foro e até então substituto da 2ª Vara Criminal, Luís Antônio de Abreu Johnson acentuou a receptividade da comunidade, como forma de enaltecer a escolha de Meneghetti por Lajeado. “É uma cidade para se realizar pessoal e profissionalmente.”
Apesar disso, apontou os desafios aos quais o novo magistrado da comarca terá à frente da área. Nos regimes fechado e provisório do presídio, por exemplo, estão 315 detentos. Em toda a penitenciária, são 509 presos, sendo que a estrutura foi projetada para receber apenas 132. “Será um desafio, pois o sistema carcerário passa por dificuldades, não só aqui, mas em todo o país.”
No entanto, frisou Johnson, a cidade tem questões a comemorar dentro desse contexto. No ano passado, ação conjunta pôs fim a duas estruturas criminosas de poder atuantes no presídio, entre elas, braços das facções “Bala na Cara”, “Os Manos” e “PCC”. Mais de 20 presos responsáveis por organizar esses grupos foram afastados da cidade.
Outro fator diferenciado de Lajeado, destacou o diretor do Foro, a grande participação da comunidade. Citou o Conselho Comunitário de Assistência ao Preso, presidido por Miguel Feldens, e a Associação Lajeadense Pró-Segurança Pública (Alsepro), dirigida por Daní José Petry. “Enquanto Estado e União não estão construindo nada, esses voluntários estão dando o exemplo”, citou ao mencionar as obras feitas no presídio.
Representando o Ministério Público (MP), o promotor Neidemar José Fachinetto corroborou o pronunciamento de Johnson e enalteceu a importância de o Judiciário atuar ao encontro da sociedade.
Apoio comunitário
Presidente do conselho comunitário, Miguel Feldens relatou sua atuação em benefício do sistema carcerário ao longo dos últimos 44 anos e manifestou apoio ao trabalho de Meneghetti. Para ele, é fundamental acompanhar de perto a situação da penitenciária local. “Quando vamos ao presídio, não devemos discursar, mas, sim, ouvir o que os detentos têm a nos dizer”, observou.
De acordo com o prefeito de Lajeado, Luís Fernando Schmidt, apesar dos problemas políticos e econômicos enfrentados no país, é preciso olhar adiante e valorizar as instituições a fim de encontrar soluções conjuntas.
Juiz atua faz 17 anos
Antes de ingressar no Judiciário, em 1998, Meneghetti trabalhou por sete anos como advogado. O período, ressalta, oportunizou importantes experiências para qualificar a atuação como magistrado. “Quero desenvolver um trabalho conjunto com a comunidade”, apontou.
Nos três primeiros anos como juiz, ficou à frente da comarca de São Marcos. Em seguida, foi transferido para Veranópolis, onde permaneceu por 14 anos.
O magistrado citou as dificuldades decorrentes da atual legislação penal. Segundo ele, a norma difere dos anseios da sociedade. Por isso, observou, é preciso atuar de forma a compatibilizar essas duas situações. “As pessoas querem os criminosos presos e a lei manda soltar.”
