Sindicato alerta para suposta fraude

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Sindicato alerta para suposta fraude

Amostras de adubo serão encaminhadas para análise. Resultado sai em 15 dias

Vale do Taquari
oktober-2024

Vale do Taquari – Agricultores podem ser vítimas de um novo golpe. O alerta é feito pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Estrela, que intermediou a compra de adubo que estaria adulterado com cacos de tijolos, telhas e restos de construção civil.

Crédito: Anderson LopesConforme o tesoureiro Gilmar Walter, neste ano foram distribuídas seis mil sacas ao preço médio de R$ 59. Pelo programa iniciado em 2014, o STR negocia com as empresas a compra dos insumos por um valor menor.

No caso do adubo, a economia chegava a R$ 10 por unidade. O fornecedor foi trocado neste ciclo devido aos problemas de umidade nos fertilizantes comprados na safra passada. “Era pastoso e dificultou a aplicação com as máquinas.”

Com a possibilidade de adulteração, amostras foram encaminhadas para o laboratório da Unisc, em Santa Cruz do Sul, e ao Ministério da Agricultura (Mapa) para atestar a qualidade da composição química.

O resultado será conhecido até a primeira quinzena do mês. Caso houver alteração, o STR buscará o ressarcimento dos produtores. “Queremos a devolução do dinheiro ou acionaremos o fornecedor judicialmente.”

Nesta semana, a entidade abre as inscrições para a compra de um novo lote de adubo e ureia. Por precaução, outra empresa será contratada.

Assim como os produtores, sou vítima”

Em abril, funcionários da ouvidoria da Assembleia Legislativa compraram dez sacos de adubo em uma agropecuária por R$ 550. Amostras do material foram levadas à Fundação de Ciência e Tecnologia do Estado. Em análise, químicos verificaram a adição de outros produtos ao fertilizante. A suspeita é de que seja caliça.

Segundo a ouvidoria, os criminosos usam empresas de fachada, alugam pavilhões no interior do estado para estocar o produto e abastecem o comércio. Os golpistas trocam as embalagens como se o produto adulterado fosse de marcas famosas. Eles usam, inclusive, etiqueta indicando a composição química para enganar os clientes.

As empresas envolvidas na venda de adubo falsificado serão denunciadas ao Ministério Público, Procuradoria Federal e à Polícia Civil.

A revelação da fraude fez a maioria dos clientes da agropecuária administrada por Josiano Schwarzer desistir das compras de adubo e demais itens. Outros exigem o recolhimento do produto e a devolução do dinheiro. “Assim como os produtores, sou vítima de um golpe. Quero esclarecer os fatos, auxiliar nas investigações e resgatar minha integridade”, realça.

Descarta a hipótese de o produto ter sido alterado na loja. Segundo Schwarzer, outros estabelecimentos compravam do mesmo fornecedor devido à diferença no preço. “Era até R$ 5 mais barata a saca. Nunca suspeitamos da qualidade, pois as embalagens vinham lacradas, com atestado de análise.” Diante das constantes reclamações de alguns agricultores, a compra foi suspensa. No período de um ano, estima ter revendido em torno de 1,3 mil sacos de adubo.

O envolvimento no caso coloca em risco um investimento de R$ 120 mil, financiado em quatro anos, a ser aplicado na construção do prédio próprio.

Por meio de nota, a holding Dreyfrus, proprietária da marca Macrofértil, informou que está ciente do ocorrido e tem total interesse no esclarecimento da situação. A empresa reforçou que segue colaborando nas investigações com as autoridades competentes.

Menor produtividade

Afonso Caye, produtor de Estrela, comprou mais de 50 sacos de adubo para as lavouras de trigo e milho. A suspeita de adulteração existe devido ao baixo desenvolvimento da planta na lavoura. “O produto é fraco e o trigo está amarelo. Vou ter prejuízo. Quero fazer análise e atestar que isso não é adubo e, sim, outro produto.”

Caye comprou parte do STR e o restante de uma cooperativa. Caso a suspeita de fraude se confirme, pretende ingressar na Justiça para cobrar as perdas. Pela estimativa, a produtividade por hectare na lavoura de trigo deve cair de 60 para 25.

Casos semelhantes

Em Mato Grosso, produtores de Nova Mutum e Cláudia receberam cargas de fertilizantes adulterados produzidos pela empresa Macrofértil, localizada em Paranaguá (PR). Perceberam que algo estava errado quando um dos pacotes se rompeu e o material que vazou não parecia adubo, mas, sim, areia. Em Mutum, um analista da empresa fabricante também reconheceu a adulteração. O material foi substituído. Em Cláudia, foi registrado boletim de ocorrência e o caso está sob investigação.

Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), cerca de 15% dos fertilizantes entregues no estado são adulterados.

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