Vale do Taquari – Estimativa populacional, divulgada nessa sexta-feira pelo IBGE, mostra redução no número de habitantes em 12 municípios da região. Os dados são relativos a julho deste ano, em comparativo ao mesmo período de 2014. A diminuição é registrada nas cidades pequenas e mais distantes dos grandes centros (veja relação no mapa).
A maior variação ocorreu em Sério, onde a população decaiu em 21 pessoas, chegando a 2,2 mil habitantes. Os números retratam uma preocupante realidade enfrentada pelo Vale do Taquari, na qual a quantidade de moradores de determinados municípios vem reduzindo de forma cíclica nos últimos anos, ameaçando o futuro dessas comunidades.
Das cidades com redução populacional neste ano, por exemplo, apenas em Relvado o número de habitantes ficou acima do existente há dez anos: 49 pessoas a mais. De acordo com o economista, consultor em gestão empresarial e especialista em agronegócio, Lucildo Ahlert (foto), dois fatores são determinantes para a condição.
O principal deles, o fraco desenvolvimento dos setores primário, da indústria, comércio e serviços. Com poucas condições de trabalho nessas regiões, muitas pessoas têm migrado aos grandes centros. “As cidades mais afastadas não conseguem atrair empresas e acabam dependendo da agricultura, mas também enfrentam dificuldades para inovar nessa área.”
Além disso, o Vale do Taquari tem baixo índice de natalidade. Apenas para manter estável a população, cita, cada casal deveria gerar dois filhos, o que não vem ocorrendo em boa parcela das famílias. Se fossem contabilizadas pelo IBGE apenas pessoas nativas da região, observa, a cada ano o número local de habitantes reduziria.
Por enquanto, tais números “são mascarados” pela constante migração de pessoas ao Vale. “Como não temos mão de obra suficiente, precisamos importar esses trabalhadores, seja de outras regiões ou até mesmo de fora do país.” Como exemplo, Ahlert aponta a existência de quase 1,3 mil estrangeiros instalados em Lajeado, em especial haitianos.
Situação tende a piorar
A redução no número de habitantes representa perda de recursos futuros às cidades. O principal deles, o retorno do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). A verba, ao lado do ICMS, representa quase metade da receita dos cofres públicos em grande parte das prefeituras. “Com menos dinheiro ingressando no caixa, mais difícil fica a situação para gestores mudarem esse panorama”, alerta Ahlert.
As soluções estão distantes, avalia o professor. No caso de Sério, por exemplo, o governo passou a apostar na exploração financeira do turismo de aventura. “E há condições passa isso. A geografia, inclusive, se assemelha a de Gramado.” Mas, segundo Ahlert, tais atrativos levam anos para render frutos, como ocorreu na região da Serra Gaúcha. É um grande risco, ressalta.
Maiores municípios mantêm crescimento
Em contrapartida, a população do Vale do Taquari aumentou em 1.958 pessoas neste último ano. Chegou a 360.584. A lista das cidades que tiveram acréscimo no número de habitantes é liderada pelas maiores, da qual Lajeado está no topo: passou de 77,7 mil para 78,4 mil moradores.
No caso da variação proporcional, Teutônia registrou a maior diferença. O município, que também está entre os principais quando se trata de desenvolvimento econômico, contabiliza 368 residentes a mais se comparado a julho do ano passado.
No país, a população passou de 202,7 milhões para 204,4 milhões – elevação de 1,7 milhão. A distribuição nos 5.570 municípios mostra uma alta concentração em grandes centros urbanos. As 41 cidades com mais de 500 mil habitantes concentram 29,9% das pessoas (61,2 milhões). Do restante, 56% vive em apenas 5,5% dos municípios.
O número de habitantes no Rio Grande do Sul cresceu em 40,7 mil, totalizando 11,2 milhões de pessoas. O estado mais populoso do país, segundo os dados divulgados pelo IBGE, continua sendo São Paulo: 44,4 milhões de moradores. Roraima tem a menor quantidade. São 505,6 mil rondonienses.
