Alta do dólar favorece setor calçadista

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Alta do dólar favorece setor calçadista

Cotação da moeda americana aumenta margem de lucro e garante melhores contratos

Vale do Taquari

Vale do Taquari – Em busca de novos mercados, indústrias calçadistas da região esperam ganhos com a exportação. Um par de calçados brasileiro de R$ 35, por exemplo, custa apenas 10 dólares para o mercado externo.

Crédito: Anderson Lopes/ArquivoNo último ano, o real perdeu 36% do valor em relação ao dólar, moeda utilizada para contratos de compra e venda no mercado externo mundial. Ontem, a cotação do dólar fechou em R$ 3,60. Esse cenário é ideal para estimular exportações. O preço brasileiro é menor do que os países desenvolvidos conseguem ofertar.

No Vale do Taquari, a indústria de calçados com contratos de comércio prevê aceleração nas vendas e no faturamento durante o segundo semestre. A Piccadilly, com filial em Teutônia, exporta para quase cem países. A meta, de acordo com um dos proprietários da empresa, Paulo Grings, é alcançar mais 50 destinos nos próximos anos.

No entanto, a maioria das vendas do setor na região ainda é voltada ao mercado interno. A estratégia que ajudou as indústrias a saírem da crise em 2010 agora atrasa os resultados diante da desaceleração da economia nacional.

Segundo o presidente do Sindicato Calçadistas de Teutônia, Roberto Muller, a oferta de vagas de emprego no setor estagnou. Estão empregados cerca de quatro mil trabalhadores nas indústrias e ateliers da cidade.

Para o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), de Novo Hamburgo, Heitor Klein, a alta do dólar deve render resultados mais significativos em outubro, novembro e dezembro.

Os contratos são fechados com antecedência de três ou mais meses. O que chega hoje ainda foi negociado com a moeda estrangeira abaixo de R$ 3.

Em recuperação

O RS é o maior exportador de calçados do país. Em recuperação, os calçadistas gaúchos registraram resultado positivo.

No mês passado, os empresários apontaram um incremento de 1,6% nos embarques, em dólares, na relação com o mês de julho de 2014. Foram exportados 1,9 milhão de pares, que geraram US$ 37,2 milhões.

Destinos

Entre janeiro e julho deste ano, o principal destino do calçado foram os Estados Unidos, para onde foram embarcados seis milhões de pares que geraram US$ 106,17 milhões.

Em seguida, aparece a Argentina, que, apesar da crise, importou 3,66 milhões de pares no período, gerando US$ 36,9 milhões para os exportadores brasileiros.

Em terceiro surge a França, que importou 5,4 milhões de pares por US$ 35,25 milhões.

Outro destaque são os Emirados Árabes, negócios que geraram US$ 14,53 milhões, 34% mais do que no mesmo período de 2014.

Especulação

Ganha mais a indústria que conseguir fabricar o produto com matérias-primas do mercado interno, afirma a economista Cíntia Agostini. “Dólar alto é bom para exportação, mas se é preciso importar itens como palmilhas e tintas, a competitividade diminui.” O setor calçadista tem a vantagem de o couro ser produzido no país.

Segundo Cíntia, o desafio é tornar a moeda estável para permitir contratos de venda mais longos. Um problema nesse cenário, segundo Cíntia, é a probabilidade de o produto do mercado interno ficar mais caro. Ela cita o setor de frangos e suínos, com vendas em alta para o exterior.

Oscilações do setor

•Em 1994, ano da implantação do real, o setor calçadista decaiu devido à valorização da moeda brasileira. Exportadores perderam competitividade. O setor seguiu com dificuldades até 2008.

•Em 2009 a indústria nacional enfrentou a concorrência chinesa com os baixos preços dos produtos e as exportações no país reduziram em 30%. Cerca de 13 mil pessoas do Vale do Taquari foram demitidas no setor.

Em 2010, a indústria voltou o foco para o mercado interno. Foram contratadas 15 mil pessoas em 13 cidades da região.

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